Capitulo 29

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Mayhem mal conseguia se mexer, mas nós, os jovens, nos movimentávamos como nunca antes. Provavelmente aquele alojamento nunca esteve tão movimentado quanto naquela tarde e naquela noite. Durante toda a noite, nós conversamos sobre tudo e sobre o nada, pois era como eu estava me sentindo, afinal, tinha caído nesse lugar sem saber o motivo.

Eu era a original, acredito e sinto isso. Entretanto, as outras partes de mim se espalharam por todo lugar. Não sou uma gênia de ciências, mas se aconteceu... eu estou entre várias realidades paralelas. Aina — ex estudante de física experimental, conversou comigo, mas obviamente não chegávamos a total entendimento sobre o que tinha acontecido ou se... eu voltaria para a minha casa, o meu tempo, o meu mundo.

Voltei para a sala onde Mayhem e Adam tomavam chá e conversavam. Me ajoelhei diante de May e tomei suas mãos.

— Você fez falta, irmã.

— Dante falou que a nossa viagem pela pirâmide seria rápida, e de fato foi, mas o que me custou? Nós conversamos lá por algumas horas. Oh, May... era um lugar tão inquestionavelmente maravilhoso e único. O céu era claro, límpido, tinha uma campina verdejante e uma escada com uns mil degraus. O mais impressionante lá foi encontrar a versão invertida da torre de Babel.

— Sério? Como ela era?

— Era feita em pedras calcárias, mas... parecia se erguer do céu em direção a terra. E, a apenas alguns metros de altura havia uma pirâmide vermelha. Dante disse ter visto o futuro; esse futuro. Ele me prometeu que seria lindo, que as pessoas se entenderiam e as coisas seriam diferentes... e eu acreditei. Estava apaixonada. Mas, naquele momento, só queria que aquilo fosse de verdade, então nós destruímos a pirâmide vermelha. Uma luz esbranquiçada tomou a minha vista assim que disparamos contra ela e eu acordei nesse lugar; na nossa casa.

— Então você saiu da pirâmide?

— Pode ser.

Ou eu ainda estava dentro dela...

— Alguém descobriu ao que ela servia no começo?

— Não — respondeu Adam, abaixando sua bengala sobre o colo. — Os estudiosos do reinado disseram que se tratava de algo divino e que não pertencia a terra, por isso precisávamos reverencia-la. Ela possui propriedades sobrenaturais e capazes de mudar até mesmo o tempo e o espaço.

— Por isso essa realidade — olhei tudo ao redor, um sussurro de pensamento vago.

— Como? — May questionou.

— Isso não é real, Mayhem. Sou eu quem está criando isso aqui. Sou eu quem estou aqui, e não vocês. Se lembra quando eu pedia ajuda nos trabalhados da escola para a mamãe?

— Ela gostava de exatas.

Sorrio, confirmando.

— Sim. Uma aula dela me lembrou de algo que aprendi no terceiro ano do ensino médio acerca de realidade. Nós somos reais, mas... isso aqui não é.

— Está insinuando que não somos reais, irmã?

— Não! Estou dizendo que isso não é a minha realidade. Vocês não são os mesmo Adamson e Mayhem que conheço. Isso não existe para mim, mas os Fraulen existem porque estão controlando a pirâmide de Mithra e eu estou aqui porque ainda estou dentro dela.

— Quer dizer que... apenas eles são reais?

— Eu também sou. Mas isso não, não a torre de Babel, não esse futuro, não essa realidade.

— E o que pretende fazer, Emy? — Adam abaixa sua xicara de chá.

— Vocês pretendiam matar os Fraulen, não? — me levanto. — Então vamos fazer isso.

O Ultimo FraulenOnde histórias criam vida. Descubra agora