Trodheim era uma das típicas cidades onde o clima determinava o comportamento das pessoas, seja em suas vestes ou em seus comportamentos. Durante o dia, lojas, restaurantes, estabelecimentos do governo funcionavam a todo vapor e tinham os seus representantes e clientes energizados pelo clima harmonizado pela manhã, um pouco quente pela tarde e frio pela noite, motivado pela brisa gélida trazida pelo mar que rebatia no cais e fazia tudo mais frio.
Fazia com que pessoas trajassem roupas grosseiras para ir até ali ou voltar para suas casas depois de um dia cheio de trabalho. As ruas tinham uma mínima movimentação de pessoas pelo horário, aproximo de 20h mas ainda havia movimento de carros. Luzes artificiais brancas pontuavam cada metro de asfalto e calçamento novo pelo qual percorri até o point por onde o bonde passava. Um velho transporte estiloso, prático e silencioso ao qual eu poderia pegar e economizar a grana que ganhava para tal fim, afim de ter mais no final do mês para as contas.
Eu tomo o bonde, e está tão quente que posso retirar meu agasalho e a boina que recobria meus cabelos. Eu olho através da janela as ruas largas, as casas assimétricas distantes umas das outras. Tipicamente a cidade dispunha de casas diferentes, cada um tinha o seu próprio estilo, mas o medieval era em sua maioria. Casas com telhados límpidos de blocos quadriculados e triangulares, chalés nas montanhas, casas de passagem de ano que ficavam fechadas e espaços públicos como praças arborizadas e para o lar.
Então cheguei a nossa casa, que, não muito diferente das demais, tinha dois andares, telhado triangular, construída numa mistura de alvenaria e madeira, um par de janelas, porta de vidro diante de uma escada com três degraus e uma porta exterior.
O interior era cômodo. O piso em madeira nobre atravessava toda a casa simples que construímos com bastante trabalho e um olhar cauteloso de May para que ficasse com a nossa cara e lembrasse a casa de bonecas que ela tinha e eu quebrei. A madeira predominava no chão e na escadaria que levava aos quartos e o banheiro no andar superior. A sala ficava a frente, mobiliada com um sofá para quarto, televisão e uma estante cheia de globos de neve e a cozinha com pisos azuis e moveis brancos mais aos fundos.
Minha irmã cozinhava algo na cozinha, parecia cheiroso.
— Então, Emy, alguma novidade?
— Sim, estamos lidando com um maluco que se acha um artista agindo em nossa jurisprudência, irmã — me atiro no sofá largando a bolsa de lado.
Enfim posso tirar as minhas botas e estirar os pés por ao menos alguns minutos.
— Confesso que estou ficando sem paciência para esse caso que parece não se resolver, nem mesmo com grande parte do nosso efetivo em cima.
— É que você não está lá na minha sala o tempo todo, May, mas é bastante corrido para mim. Se não fosse pela sua benevolência eu teria centenas de casos para investigar ao mesmo tempo. O que me conforta é que aquela moça, a Vanice, trouxe informações importantes para o caso, algumas peças talvez eu nunca pudesse ligar sem alguém que tivesse presenciado.
Ela se afastou quando mergulhou as batatas no óleo fervente e o barulho de óleo misturado com a batata fria tomaram a toda a cozinha. Eu me levanto para ajudá-la a preparar nossa mesa.
— A vítima sempre está certa, minha irmã. Mas, em algum momento questionei o fato dela sentir a energia vital fugir de seu corpo. Não lhe pareceu meio fantasiosa toda essa história?
— Não — me apresso. — Existem tipos e tipos de criminosos, e o nosso homem com certeza é diferente de outros com que já trabalhamos. Ele é cauteloso, mas gosta de deixar pistas como se dissesse que esteve ali e que faria novamente e da mesma forma. Talvez ele até tenha devolvido essa mulher para que pudéssemos encontra-lo junto com as outras.
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O Ultimo Fraulen
Mystery / ThrillerO misterioso desaparecimento de três mulheres em menos de um mês despertou o interesse de toda polícia de Trodeheim, Noruega, e também de Emilia Braun, uma investigadora local que agora aposta seu trabalho, horas de sono e até mesmo a sua sanidade p...