O Ultimo Fraulen

Capitulo 13

Enfim tinha tudo o que precisava.

Peguei escondido o gravador com a voz da mulher das provas de Mayhem, olhei-o antes de encontrar o botão para reproduzir e ouvi mais algumas vezes o seu depoimento, analisando o tom com que falava. Ela tinha uma voz tremula, acuada, mas ao mesmo tempo que sentia que tinha feito justiça ao abuso que sofreu.

Eu tinha fotografias das pinturas e dos corpos para comparar.

Dante era uma pintura, mas onde isso poderia ter começado e onde terminaria?

Ok, magia negra, algo capaz de transformar pessoas em pinturas, seres inanimados e feitos de tinta. Quando acontecia, a composição do corpo mudava; as formas dele se transformavam em delicadas pinceladas, os órgãos e o sangue congelavam, e tinta vertia de dentro para fora do corpo, exatamente como se ela fosse feita de tinta.

Procurei nas pesquisas do computador as palavras chave.

Magia negra, feitiços, rituais, pinturas.

E tive centenas de páginas como respostas, mas algumas tinham coisas interessantes, como uma que falava sobre alquimia e outra que falava sobre feitiços de animação criados com propósitos científicos pelos mesmos alquimistas do tempo onde haviam aqueles conspiradores e suas teorias.

Abri uma das páginas que prontamente me retornou referências alquimistas, maçônicas ou iluministas.

Arte de animação ou manifestação: Consiste em converter a massa em energia e reposiciona-la em outro lugar. Também é compreendido como "a vontade". Se usada, é capaz de manifestar pensamentos, intenções, vontades e até mesmo desejos em formas físicas através de objetos inanimados.

Mas como? Eu poderia transformar agua liquida em gelo e vapor, mas não poderia transformar algo como um corpo humano (massa) em energia, assim como não poderia fazer o meu desenho de arco-íris sair do papel e chegar até o céu por pensar e acreditar que era possível (desejo e vontade).

Isso era impossível.

Então olhei para a foto de 1945 que escondi mais cedo e analisei.

1922... 1939... 1945... 1999... 2014.

Dante Fraulen poderia ter saído do quadro em 1922 quando as pinturas da família foram recuperadas da casa incendiada.

Mas como ele foi criado?

Quem poderia ter sido Tompson Fraulen realmente?

Mayhem estava na sala junto com Becker, juntos, assistindo a TV como se nada mais fosse importante, ela com a cabeça sobre seu ombro.

— Aprontando o quê, Emília? — ela pergunta sobre o sofá.

Tomei as coisas para preparar um prato de comida.

— Assunto de trabalho, estou fazendo algumas pesquisas.

— Precisa descansar, Emy, vocês passaram por coisas demais hoje — Becker me olhou sobre o sofá. — Senta ai, toma uma cerveja com a gente.

— Agora não, Becker, obrigada, estou tentando achar uma ligação entre os fatos e ligar Dante a essa estranha magia negra.

— Não acreditei que poderia ser verdade — Mayhem se virou para Becker. — Foi horrível o que vimos, Becker. As mulheres estavam estranhas, como se a pele delas tivesse mudado de forma, e olha que fazia um mês desde o desaparecimento e morte delas. Emília acredita em magia negra, acho possível também já que nesses anos de trabalho nunca vi algo tão macabro.

— Que estranho — ele disfarça o quanto pode.

Recolhi o meu prato com uma bela sopa acompanhada por arroz, batatas e algumas outras verduras.