Já quando amanheceu, a primeira coisa que fiz foi invadir o seu quarto e ver se ainda estava bem. Me sentei ao seu lado e tomei uma mecha de seu cabelo macios entre os dedos. Realmente não saberia o que fazer sem a minha irmã. Perde-la, seria como reviver o dia em que nos tornamos órfãs e ela prometeu que me protegeria até mesmo do diabo se ele ousasse se aproximar de nós duas.
Éramos imbatíveis juntas e uma negação separadas. Dependiamos uma da outra para viver, como Batman e seu Robin, ou o sol e a lua. Lembranças me faziam sorrir a medida em que afagava suas mãos grandes e que muitas vezes serviam para apontar dando ordens.
Como parecia um anjo delicado e inofensivo naquela cama grande, de olhos fechados, distante daqui.
Quando desci para a cozinha, liguei o fogão e pus a chaleira para esquentar. Por mais empolgada que estivesse para conversar com May quando acordasse, nada afastava o fato de que eu tinha entregado a minha única arma para os inimigos. Eles iriam realizar um plano que jurei que tentaria debelar, como numa guerra secreta, como se Adamson e eu formássemos um exército de apenas duas pessoas.
Dante poderia não estar à vontade fazendo aquilo, mas só a sensação de ele estar junto com os Fraulens, agindo por sua própria natureza restrita a vontade de Tompson, me causava dores esmagadoras contra o peito.
Separei alguns quitutes que May geralmente gostava de comer e separei tudo numa bandeja pronta para servi-la, então ouvi alguns toques continuados na porta.
— Já vai.
Destranquei tudo e suspirei. Suspirei uma vez mais por notar um Fraulen diante da minha porta. Trajado em seu terno rebuscado, com um óculos de sol e um chapéu. Trazia consigo algo debaixo de um lenço.
— Bom dia, senhorita Braun.
Eu imediatamente sorri. O meu Fraulen favorito veio me ver. Dei-lhe espaço e imediatamente nos entregamos a um beijo profundo sem que ele pudesse me tocar como eu gostaria, mas suficiente para que sentisse o que precisava sentir.
— Bom dia. Escuta, sobre ontem...
— Mjeer está viva. Quase deu cabo de tua existência, mas ela está viva — revelou ele para o meu infortúnio. — Não achei que fosse desonrar vosso pacto mais uma vez. Não quero meus amigos mortos.
— Eu não fiz nenhuma promessa para vocês. Seus amigos pegaram a minha irmã e agora ela está lá no quarto, amedrontada e assustada demais com o que viu e ouviu. Você sabe o quão difícil é abalar Mayhem Braun?
— Bem, de certo não me passam ideias acerca disso — encostei a porta assim que ele entrou e se direcionou até o sofá onde se sentou.
— O que é isso?
— Te trouxe um presentão.
Quando ele ergueu o lenço, uma luz ofuscante assumiu a minha vista por um instante. Ela era tão intensa que demorou até que as cores do prisma voltassem para dentro dele e apenas uma forma piramidal com pelo menos 60 centímetros de cumprimento se revelasse. Ele a segurou entre as mãos e bastou que a virasse um pouco para que eu pudesse ver seu interior enfim completo e um macrocosmos por dentro de uma caixinha piramidal.
— A pirâmide... que coisa linda.
— Meus amigos e eu a montamos. Entretanto, o motivo de minha visita ao teu lar pode significar a definição do futuro.
— Sabia que seu jeito misterioso é um encanto? — me ajeito no sofá ao seu lado. — Por que trouxe para mim?
Ele suspirou longamente, olhou a pirâmide por baixo antes de descansa-la na mesinha de centro.
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O Ultimo Fraulen
Mystery / ThrillerO misterioso desaparecimento de três mulheres em menos de um mês despertou o interesse de toda polícia de Trodeheim, Noruega, e também de Emilia Braun, uma investigadora local que agora aposta seu trabalho, horas de sono e até mesmo a sua sanidade p...