Capitulo 15

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"Acho que começamos e nos mantivemos com pés errado, senhorita Braun. Por mais que me seja constrangedor estar diante de ti através deste correio eletrônico, gostaria de encontrá-la para que pudéssemos conversar e esclarecer o fato de que você descobriu quem sou e o que sou. Gostaria de encontrá-la no El Farm após teu expediente para nos acertarmos — Dante Fraulen — 15h45pm".

Aquilo poderia ser a pior forma de armar uma cilada para uma investigadora como eu.

Ou aquela poderia ser a chance de acabar com todos os mistérios, reprimir um estranho floreio que percorria pelo meu estomago à medida que os seus grandes olhos sem brilho pousavam sobre mim e o sorriso branco estampado escondia malicia e encanto.

Aquele era Dante Fraulen mexendo e influenciando a minha cabeça ao ponto de que eu só precisava conferir uma última vez o meu vestido preto de alça e os brincos de argola "simples". Aquilo combinava com a noite e com a minha pele, os cabelos assimétricos lançados sobre o lado direito permitia expor um pouco mais o meu rosto e o meu sorriso.

Iria ao encontro de um homem que tem me tirado as noites de sono desde que entrou na minha vida e a quem eu só guardava suspeitas, mas a quem também tinha ficado intrigada e instigada para conhecer e arrancar-lhe os segredos mais profundos, desde quando nasceu até onde esteve e para onde iria.

— Emília? — Becker me olha por cima do sofá com um sorriso contemplativo. — Está bonita. Vai aonde? Se me permite a intromissão.

— Obrigada. Estou indo me encontrar com Dante Fraulen.

— Espera — ele tapou as faces, em clara estranheza. — Eu não acredito e não te entendo. Mayhem me falou que você deu um tiro no homem hoje cedo e que fizeram uma bagunça até ele receber um aval do juiz.

Me sento ao seu lado e dobro uma perna sobre a outra.

— Eu estava certa, Becker... Dante é mesmo uma pintura — me aproximo mais para cochichar. — O tiro que dei foi para confirmar, acertou em cheio o olho esquerdo dele e logo depois ele já estava totalmente curado. A mesma coisa aconteceu no dia em que o encontrei pela primeira vez, só que daquela não tinha como comprovar que havia acertado. Eu o pressionei durante o interrogatório e ele praticamente confessou tudo.

Becker direcionou seus olhos para a televisão, logo antes de apoiar um dos braços nas costas do sofá e se virar para mim.

— Então você estava certa.

— Sim... para o meu espanto. Estou com medo de encontrar ele mas... não quero transparecer.

— Então por que vai encontra-lo?

— Porque... de certa forma ele é bonito, influente e o seu jeito culto é atraente para mim. Eu preciso saber de tudo e ele aparentemente quer contar um algo mais.

— E você vai contar a Mayhem?

— Não! — faço manha.

Naquele momento, a pior sensação era a de ter que mentir para a minha própria irmã que sequer estava em casa para ralhar comigo caso não achasse propicio que eu fosse, ela não iria me impedir, mas de certo iria arranjar um sermão que me faria pensar duas vezes se compensava ir até lá para conversar com um homicida psicopata.

— Não quero envolver ela nisso, Becker. Na verdade, não queria nem ter envolvido você, mas, já que o fiz, preciso assumir. Vou até lá para conhecer Dante, ligar os pontos e... tentar fazer esse floreio sumir da minha barriga — toco-a.

— Bem, eu posso ir com você se quiser. Mayhem vai chegar tarde hoje.

— Não. Você fica aqui, toma a sua cerveja e vai dormir. Eu sei me cuidar e garanto que vou ficar bem, ok?

O Ultimo FraulenOnde histórias criam vida. Descubra agora