Nós entramos pela porta e ficamos boquiabertas com o que parecia um cenário de filme de terror pela forma com que tudo estava disposto naquele pequeno espaço.
Ambas batemos as costas na parede, tapamos o nariz no mesmo instante em que vimos aquela horrenda cena que com certeza ficaria marcada para sempre na minha mente, na nossa vida, nos nossos piores pesadelos.
Corpos.
Odores pungentes.
Os quadros de Dante.
Velas.
Morte e magia negra ali presentes naquela pequena sala com quatro arquivos ao redor e uma mesa lustrosa.
Nós não conseguimos expressas palavras, eu queria chorar, queria gritar, estava apavorada demais sequer para mexer os olhos, assim como as mãos que tremiam com calafrios.
— Pelo amor do senhor deus — May divagou e tapou sua boca.
— Que horror — Dante também se manifestou, logo antes de dar um único passo para dentro.
— O... o que aconteceu por aqui?
Eram as mulheres desaparecidas.
As três mulheres que um dia foram bonitas, estavam ali, no chão, jogadas de bruços, trajadas em suas roupas aparentemente limpas; uma sobre a mesa e duas estiradas no chão...
E suas feições, suas expressões cravadas em três quadros que estavam expostos na parede. Todas estavam aparentemente concluídas, retratavam a sala com a espreguiçadeira.
Nós demos alguns passos a dentro e olhamos atrás dos armários para saber se não havia ninguém, e, após comprovado, permanecemos em definitivo, sem palavras, sem expressão senão a de pânico e a vontade de vomitar.
Mayhem pegou seu rádio.
— Patrulha 02, temos um cenário de crime aqui no segundo andar. Cerquem todo o perímetro e impeçam qualquer pessoa sem uniforme de sair da instalação, entrem no prédio, anunciem nossa presença e peça para que todos fiquem calmos.
— Entendido 02.
Me abaixei para conferir a expressão das moças, seus olhos estavam escuros e obviamente elas tinham as mesmas marcas que encontrei no corpo de Vanice, a mesma técnica empregada e os sinais de que a mesma coisa havia acontecido; corpo liso, sem texturas, brilhante, com as veias escuras e a expressão congelada.
Elas não estavam se decompondo, a pele exposta e gotejante que expunha parte dos ossos, como se estivessem derretendo.
— Meu deus... eu nunca vi nada assim antes.
Dante caminhou, passou pelos corpos e sobre a mesa tomou em mãos o que parecia ser um gravador de voz, reproduziu um áudio.
— Dante Fraulen, levou quinze longos anos para que chegasse esse momento. Eu me lembro como se fosse ontem a forma com que me abordou, a forma com que me olhava durante as minhas duas aulas semanais de artes com você. Foi quando percebi que me olhava que decidi me manifestar em descontentamento, mas uma coisa levou a outra e você levou a minha paz. Eu me lembro com clareza daquela tarde. Você me deu o cheque, me ofereceu uma bebida e eu lentamente tirei o meu vestido rosa que o fez comparar as minhas curvas com as petas de uma dália. Eu posei para você, mas a sua psicose me assustou. Eu sai correndo e tropeçando sobre minhas próprias vestes, me perguntaram se fui abusada e eu falei que fui, estava fraca, me sentia fraca por alguma motivo, queria morrer logo em seguida, mas não procurei a polícia pois quem acreditaria numa garota que...
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O Ultimo Fraulen
Mystery / ThrillerO misterioso desaparecimento de três mulheres em menos de um mês despertou o interesse de toda polícia de Trodeheim, Noruega, e também de Emilia Braun, uma investigadora local que agora aposta seu trabalho, horas de sono e até mesmo a sua sanidade p...