Capitulo 1

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— Investigadora Emília Braun.

Cidade de Trondheim/Noruega — Set. 2014

— Só mais um centímetro e... perfeito!

Afasto a mão lentamente da minha mais do que perfeita obra de arte. Minhas mãos jazem gélidas após ser forçada a tomar 3 sorvetes seguidos para que pudesse terminar a pirâmide de palitos.

Só então posso me levantar da confortável cadeira que jazia na minha sala iluminada por uma única janela que dava vista para a cidade portuária. Me direcionei até a cafeteira e me servi do último copo de café da tarde para ao menos aquecer a garganta e não ficar definitivamente sem voz para o outro dia.

Após, regressei a minha mesa disposta para a porta mais à frente e tomei a minha página de e-mails, onde um me era aguardado desde cedo, sem o que fazer para prosseguir com aquela difícil investigação acerca do terceiro desaparecimento de mulher em um mês.

Não me fazia sentido que uma mesma pessoa pudesse estar tão desesperada por atenção que acometesse três sequestros praticamente no mesmo lugar e deixado pistas acerca de si próprio no lugar do crime, como aquela luva negra que jazia sobre o outro lado da mesa dentro de um plástico protetor.

Alguém bateu na porta.

— Entra.

— Investigadora?

Era Becker Hoffmann, um homem grande com a pele descamada cor de caramelo, os cabelos lisos e curtos de um tom de boldo igual a barba grosseira, além de olhos azulados. Ele sorriu em sua chegada e eu sorri por saber que ele enfim havia chegado com o que eu tinha pedido anteriormente.

— Trouxe o que pediu.

Ele me entregou o fragmento de tecido que também havíamos encontrado na cena de crime. Becker expôs aquele típico sorriso branco de suplica por reconhecimento. O grande homem beirava seus trinta anos, alto, forte, a pele clara e maravilhosamente trajado na farda policial; camisa azul de botões, calça preta de cintura baixa e um quepe com o símbolo dourado de um escudo.

— Obrigada — corro para inserir a pista no mural do criminoso.

— Sua irmã ficou orgulhosa de mim — ele comemorou.

— A May tem estado tão apreensiva quanto eu. Ficou sabendo que estão prestes a cortar os nossos fundos de investigação do caso das mulheres desparecidas?

May ou Mayhem era a minha irmã mais velha e, por incrível que pareça, a minha superior na delegacia municipal do Condado de Compton. Mayhem era a rara chefe que te permitia agir com uma carta branca, desde que, após as operações ela fosse reportada com clareza e riqueza de detalhes acerca dos nossos próximos passos. Negras de família pobre, havíamos conquistado os nossos lugares no agradável cenário policial.

Mas eu estava ali, travada, diante de uma porção de provas e nenhum suspeito que conectasse o fato de pessoas estarem desaparecendo sem deixar qualquer pista delas.

— Fiquei sabendo, mas sou totalmente contra essa redução, afinal, estamos lidando com um possível sequestrador em série que se não for contido, vai fazer mais e mais vítimas.

Todos nós tínhamos um motivo para se preocupar. Talvez eu não temesse pela minha própria segurança só porque tinha o meu Clark & Sherrard sempre no bolso preparado para qualquer imprevisto.

— O que não entendo é a complexidade desse caso. Parece que estamos lidando com um fantasma! Um homem capaz de cometer essas coisas na frente de nossos narizes e ninguém saber de nada. Nenhuma testemunha, nenhuma pista de vítima, nada!

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