Abro os olhos e cuspo litros de água no balde na minha frente. Lipo minha boca e coloco o balde no chão, olho para o meu corpo e vejo que possuo curativos a onde as algas queimaram e estou com um vestido branco simples, tipo uma camisola.
- Eu to viva.- passo a mão pelo meu corpo sorrindo e caio na cama de novo.- pera aí.- me levanto, estava em um quarto aparentemente de uma cabana. Olho para a mesinha do quarto aonde estava a caixa, a adaga e minha mochila, vou para perto dos meus pertences.- Como eu vim parar aqui?
De repente começo a sentir o cheiro de uma comida maravilhosa que só eu conhecia muito bem. Saio do quarto e vou para a cozinha dando de cara com uma mulher um pouco velha quase batendo no gato com uma colher de pau.
- Abigail?- a mulher se vira e me encara surpresa, ela não mudou nada.
- Nossa, dessa vez demorou para acordar. Vem cá minha menina.- ela larga a colher na bancada da cozinha e me abraça.
Abigail é uma bruxa curandeira que eu conheci no início do século XX, mesmo ela não envelhecendo ela é uma "velhinha" muito maluca e divertida. Ela que me levava nos bares com música em Nova York mesmo invisível na época, eu dançava muito e depois levava uma bronca do meu pai mas me divertia. Ela é tipo uma junção de avó com mãe para mim, sempre que eu me machucava gravemente ela que me curava.
- Que saudades Abigail, nunca mais nos vimos dês daquele dia que você pegou o garçom e roubou algumas bebidas.
- Foi uma ótima noite, mas eu tive que voltar para Paris para cuidar de minha irmã.- Ela me da um tapa na cabeça.- isso foi por você ter entrado naquela maldita cachoeira.
- Como você sabia que eu estava lá?
- Raziel sabia que você ia procurar a caixa, então como por enquanto eu estou aqui nessa floresta escondida, ele me avisou que você ia vir. A cachoeira não é tão longe daqui.
- Esqueci que meu pai sabe tudo.
- Em fim, eu vi você entrando na cachoeira e demorou para sair, então eu te peguei usando magia e trouxe você para minha casa. Mas parabéns, você é a primeira pessoa que consegue tirar a caixa da cachoeira dês do dia que o semi Deus colocou lá.
- Não foi fácil.- falo me referindo as queimaduras.
- Não se preocupe, já estão sarando.
- Oi sálem.- falo mexendo no gatinho preto com os olhos azuis.
- Ele é uma praga na minha vida, mas eu o amo.- fala voltando a mexer na comida.
- Como você sabia que eu ia acordar?
- Esqueceu que eu sou bruxa e tenho algumas visões? Por isso coloquei o balde no seu colo.- fala colocando a sopa na cumbuca.
- Nossa que fome.- falo me sentando na mesa e ela coloca a sopa na minha frente.
- É claro, você ficou apagada por dois dias.
- Dois dias?
- Dois dias.- começo a comer.
- Nossa que saudade que eu tava da sua sopa de frango e ervas.
- Obrigada.- fala colocando o cabelo para trás como se estivesse esnobando, fazendo eu rir.- Mas e então, o que está fazendo da vida?
- Estou em um internato.
- Westerburg?- acendi com a cabeça- Já ouvi falar muito bem de lá.
- Também descobri que sou companheira do supremo alfa e estou namorando, ou estava.
- O supremo? Já conheci os avós dele mas nunca ele em si, como assim estava.
- Eu fugi para pegar a caixa e não contei nem para ele ou para os meus amigos, eu acho que ele está bravo comigo.
- Não se preocupe meu anjo.- ela pega na minha mão que estava apoiada na mesa.- Ele não deve está bravo, deve estar triste ou desapontado.- fico mais mal.- Acho que eu não to ajudando, mas em fim, vai da tudo certo no final não se preocupa. Aww..- coloca a mão no meu rosto.- minha anjinha tá virando uma mulher adulta.
- Para!- falo tirando sua mão do meu rosto e terminando de comer a sopa.- Você disse que está se escondendo, escondendo de que ou quem?
- Vamos disser que deu merda no conselho das bruxas e eles acham que fui eu mas não fui eu e cá estou. Minha próxima parada é Madri.- coloco a cumbuca na pia.- Temos que trocar esses curativos para as feridas cicatrizarem por completo, quero dar uma olhada nas suas asas e depois está liberada para voltar para o internato.
- Obrigada por tudo Abigail.
- De nada. Agora me mostre suas asas.- mudo para a roupa de arcanjo e abro minhas asas sem quebrar nada envolta.- Bom, aparentemente elas estão bem descansadas e sem arranhão.- diz passando a mão pelas mesmas.- Vamos, eu irei te ajudar com os curativos.
Volto para o vestido, vou para o quarto. Enquanto Abigail trocava os curativos conversávamos sobre coisas aleatórias.
- Lembrar do mexicano Luiz?
- Ah se lembro, ele era muito caliente.- fala se abanando com a mão e olhando para o teto fazendo eu rir.- Pronto, de noite você já pode tirar os curativos.
- Obrigada.
- Vou deixar você se trocar.- ela pega as coisas que usou e sai do quarto fechando a porta, abro minha mochila, pego uma blusa cinza, outra legging e um coturno preto. Me visto com cuidado e deixo meu cabelo solto mesmo. Guardo a adaga no suporte da minha perna, apertando com cuidado e coloco a caixa dentro da minha mochila a onde estará mais segura.
Saio do quarto, Abigail estava segurando as minhas roupas que eu usei na cachoeira.
- Limpas e cheirosas.- disse me entregando, elas possuíam o cheiro de lavanda com baunilha. Guardo as mesmas na mochila, depois abraço a mesma.
- Vou sentir sua falta.
- Também, não esquece de me visitar e trazer o supremo gostoso.- eu rio.
- Mas como eu vou saber a onde você está?
- É só pensar em mim e vai logo saber.- sorrio, ela beija minha testa e depois sorri.- Tchau Kathe.
- Tchau Abbi.- saio da casa, troco para minha roupa de arcanjo e antes de começar a voar aceno para Abbi que acena de volta. Abro minhas asas e começo a voar.
- Eu quero netinhos tá?- escuto sua voz de longe me arrancando uma risada fraca.
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O anjo do supremo
WilkołakiKatherine é um arcanjo que "caiu" no mundo dos humanos, junto com sua amiga Sarah, elas vão para o internato para seres sobrenaturais. Lá elas descobrem coisas do passado, uma guerra que será travada, novas amizades e talvez um novo amor. ...