Capítulo Dois

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Benício

A vida de Benício não se pode dizer que foi ruim, ele era filho de pastores, seus pais eram super amorosos e atentos em sua educação e em sua vida espiritual, sentavam juntos a mesa em todas as refeições, oravam juntos e faziam devocionais. Mas nem tudo são flores, e desde os seus 8 anos de idade que vivia mudando de cidade em cidade, onde a liderança maior da igreja mandava lá o pais dele iam, felizes e gratos por servir a Deus. Mas para ele foi muito complicado, pois não podia criar amizades, pois sempre tinha que abandoná-las, não podia sequer ter uma paquera na igreja, pois jamais poderia se comprometer de verdade. Ele odiava a sensação de não ter um lar fixo, de não poder construir uma memória afetiva. Todos os momentos felizes de qual recordava da sua infância seus irmãos Bernado e Renata eram os personagens principais, seus melhores amigos e incentivadores.

Quando completou 18 anos de idade e terminou o ensino médio, Benício decidiu que precisava de um lugar para chamar de seu, precisava fincar raízes em algum lugar, ele amava seus pais e seus irmãos, mas essa vida itinerante que eles viviam não era o que ele queria. Ele queria estabilidade. Então, prestou vestibular para universidade Federal e entrou para o curso de engenharia Civil, seus pais o ajudaram a pagar durante o primeiro semestre o aluguel de um pequeno apartamento que dividia com mais dois rapazes. No semestre seguinte ele já estava trabalhando em uma loja de artigos evangélicos no Shopping e a passou a assumir todos os seus gastos.

Durante toda graduação ele mudou de trabalho em trabalho, estágio em estágio, mas nunca mais precisou da ajuda financeira dos pais. Ele formou aos 22 anos de idade e dois anos depois já era sócio de um dos maiores escritórios de engenharia da cidade, amava seu trabalho e se dedicava integralmente a ele, o único momento em que não estava sentado em sua sala com enormes janelas com vista para o mar, era quando estava na igreja.

Sua secretária Marta vivia dizendo que ele precisava descer um pouquinho na praia para tomar um sol e ver se encontrava uma namorada, ele sempre sorria para senhora de meia idade. Ele sentia falta de ter alguém, só não sabia se de fato precisava disso. Ele nunca foi namorador, sempre desejou ter um casamento sólido e firme em Deus como o dos pais, por isso só namorou uma só vez. Yane era sem dúvidas a mulher do sonho de qualquer homem cristão, era fiel a Deus, era bonita, esforçada, determinada, trabalhadora e gentil, eles se conheceram num congresso de Jovens em Sergipe e logo depois de um mês já estavam namorando, apesar da distância entre Salvador e Aracajú eles não colocaram empecilhos para ficarem juntos, durante um ano e dois meses onde se viam de dois e dois meses. Benício teve a maior decepção de sua vida quando descobriu que sua atual noiva a quem ele tinha há menos de um mês pedido em noivado tinha um outro relacionamento, ela mantinha as aparências de boa moça e cristã com ele, mas tinha um relacionamento com um dos médicos no hospital onde ela trabalhava como enfermeira. Depois desse episódio catastrófico, ele decidiu focar em seu trabalho e em servir a Deus como músico. Ele tocava violão e guitarra desde criança.

-Matheus! –Benício gritou o amigo da sala. –Vamos logo!

-Já disse que você é um mala? –O amigo reclamou terminando de colocar a gravata. –Qual o problema de se atrasa um pouco?

-Hoje não, mas vamos logo! Eu gosto de chegar no horário –Ele falou pegando as chaves do carro no sofá. –Arruma essa gravata, está torta. –Murmurou saindo na frente do amigo.

-Cadê o Félix? – Matheus perguntou enquanto entrava no elevador.

-Foi buscar a namorada. Daqui um dia eles se casam. –Benicio falou sorrindo.

-Que seja logo, vai ser maravilhoso ter o quarto só para mim. –Sorriu . 

Evelyn

Ela vestia um vestido vermelho mid de ombro a ombro com a cintura marcada por um cintinho de mesmo tecido e cor. Decidiu usar um scarpin nude da mesma cor que a carteira de mão, seus cabelos estava soltos com cachos definidos e uma maquiagem simples compunha o look. Ela era uma mulher linda, a pele negra, os cabelos cacheados, os olhos escuros com cílios volumosos e compridos, o corpo esquio, mas com curvas.

-Meu Deus! Que linda! –Bruna falou analisando a amiga de cima a baixo. –Garanto eu hoje você vai arrancar muitos suspiros. –Sorriu.

-Obrigada Bru, mas eu só estou indo porque é trabalho.

-Nós sabemos disso, então é melhor irmos logo antes que você desista. –A puxou em direção a porta.

Assim que chegaram a recepção do hotel onde acontecia o evento elas encontraram com Lorenzo  e Ana que os esperavam ali. Logo entraram. Evelyn foi cumprimentar seus chefes e falou com alguns colegas de trabalho que encontrou por ali, mas a metade das pessoas que passavam por ela eram completos estranhos.

Ela odiava aqueles tipos de eventos, mas era obrigada a ir porque era trabalho. Era lançamento de um dos novos empreendimentos de uma das empresas que compunha o escritório que ela trabalhava. Nesses eventos as pessoas só se falavam por interesse, passavam a noite inteira discutindo onde seria a próxima obra e qual novo canto da cidade eles iriam desmatar. Ela odiava essa parte, mas não era algo que ela poderia interferir diretamente, ela era só uma administradora, não fazia ideia nem de como se lia um planta quanto mais interferir nela para o bem do meio ambiente.

Parou no bar que estava praticamente lotado de pessoas bebendo e conversando e pediu uma água com gás. Ela não gostava muito, mas já tinha ido a muitos eventos como aquele para saber que eles raramente tinham suco ou alguma bebida sem álcool.

-Uma água para mim também, por favor! –Uma voz grave e bonita falou próximo a ela.

Ela virou para ver quem era o dono e se surpreendeu ao ver o rapaz ao lado. Ele era incrivelmente lindo, não era uma beleza capa de revista, era algo mais natural, a pele era clara, os cabelos loiros e lisos caindo sobre a testa os olhos castanhos, a barba ralinha e a boca rosada parecia desenhada. Em fração de segundos decorou o rosto do rapaz que também era forte e vestia um terno azul marinho e camisa branca, mas estava sem gravata. Realmente era um homem bonito ela pensou.

-Eu preferia um suco de laranja bem gelado, mas eles não se importam com quem não bebe álcool. –Falou sorrindo para ela. Era um sorriso encantador.

-Constatei isso faz algum tempo. -Ela sorriu de volta.

-Prazer, Benício! –Estendeu a mão.

-Evelyn! –Apertou a mão dele em um cumprimento rápido.

-Então Evelyn, posso me sentar aqui com você?

-Pode sim.

-Engenheira? –Perguntou curioso.

-Não, administradora do Escritório.

-Nossa, tem muito trabalho então?

-Você não faz ideia de quanto. –Sorriu. – Mas você é engenheiro então?

-Sim, engenheiro Civil da N&N.

-Vocês estão me causando muitos problemas esses dias, a GM não me dá esse trabalho. –Sorriu respondendo.

-Tem razão, a N&N nesses últimos meses têm nos dado um pouco de dor de cabeça.

-Ai meu Deus!

-O que foi? -Le perguntou preocupado.

CONTINUA...

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