Capítulo seis

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Evelyn

Ela chegou no horário marcado, o quesito pontualidade ela levava a sério, assim que entregou o carro ao manobrista viu Benício escorado na entrada do restaurante.

Ele vestia uma calça jeans escura e sapatos de mesmo tom, uma camiseta branca e uma jaqueta de coro preta também, os cabelos estavam penteados para trás e ele estava sorrindo em sua direção com as duas mãos nos bolsos da frente da calça.  Os olhos claros pareciam brilhar com a luz da fachada do restaurante que refletia sobre ele.

A cena era ridicularmente linda, uma clássica cena clichê de filme de romance água com açúcar, mas ela quase tirou o celular da bolsa para  registrá-la  em foto.

-Oi, Boa noite senhorita Evelyn ! -Ele falou sorrindo e só naquele momento ela percebeu o quanto ele era alto e forte.

- Boa noite! -Ela respondeu séria.

-Vamos! -Ele apontou para entrada do restaurante dando passagem para ela. 

Os dois estavam visivelmente nervosos, Benício porque queria impressionar Evelyn e fazê-la perceber que ele era um cara legal e ela porque não imaginava se sentir tão atingida pela presença forte e imponente dele.

- Então senhorita Evelyn, como foi o dia hoje?

-Sério que você vai ficar me chamando assim?

-Você disse para eu não te chamar de Eve, achei que ...

- Isso te faz ainda mais brega, não era mais fácil me chamar pelo meu nome?

- Ok, então Evelyn.  -Ele sorriu quando  viu ela revirando os olhos. - Como foi o dia hoje?

-Foi bem tranquilo, por incrível que pareça. Já que aquela empresa parece gerar problemas por segundos.

- Então hoje você não vai se estressar comigo, certo?

- Isso depende de você e da sua habilidade de ser inconveniente. -Ela sorriu.

-Uou! -Levantou as mãos em rendição.  -Já sabe o vai pedir?

-Sim.

Ele chamou o garçom e foi bem educado com ele, ela realmente gostava de pessoas que tratava todos com respeito e gentileza, Benício parecia fazer aquilo sempre porque sua atitude não era forçada ou algo feito para lhe impressionar.

- Como foi o seu dia? -Ela perguntou e viu os olhos dele brilhar de expectativas por ela ter puxado assunto.

-Eu tive muito trabalho hoje e  uma reunião estressante com o presidente que quase me fez perder os dedos. -Falou mostrando as mãos  com as unhas bastante roídas.

- Você sabe quantos germes e bactérias tem nas unhas? -Ela perguntou séria.

-Com certeza milhões, mas eu não podia apertar o pescoço do meu superior e muito menos esmurar a mesa e a única forma de extravasar todo estresse daquela reunião foi roendo essas unhas. -Ele sorriu como uma criança arteira a fazendo sorrir também.

-Pelo menos domínio próprio você tem.

-É um dos dons que mais tenho exercitado.  -Riu. - Não sei quase nada sobre você, só que você é cristã, administradora, mora com suas amigas e está jantando comigo para se livrar de mim.

Ela sorriu mesmo não querendo, o senso de humor dele era admirável.

-Bom, você já sabe mais que muita gente. Eu gosto da cor branca, amo cozinhar, ler e assistir desenho animado. -Sorriu. -Faço parte do grupo de teatro lá na igreja e sou voluntária de um orfanato.

- Que legal, sempre quis ir num orfanato ajudar . Eu gosto de ler também, mas minha irmã diz que meu estilo preferido é ruim.  -Sorriu.

-O que você gosta de ler?

-Suspence e policial!

-Eu gosto também, mas ainda prefiro romances e ensinamentos.

- Bons estilos, e sobre seus pais? Os meus moram no interior e são pastores, são os amores da minha vida.

-Eu não conheci meus pais, na verdade eu não me lembro. Fui abandonada quando tinha três anos de idade na frente de um shopping e depois desse dia fui para uma casa de acolhimento, depois passei por várias famílias provisórias, mas nunca fui adotada. Quando completei maioridade fui morar com a Bruna e a Ana que já eram minhas amigas desde a escola e desde sempre somos só nós três. A família delas me abraçaram também, mas não moram aqui na cidade só vamos visita-los nas férias.

-Nossa ! Me desculpe por trazer esse assunto , eu jamais imaginária. Mas graças a Deus você encontrou nas meninas uma família.

-Tudo bem, já é um assunto superado.

- Que bom! Você é uma mulher muito forte.

Ela nem teve chance de agradecer, pois o garçom chegou trazendo os pedidos. A noite foi muito divertida, Benício fez Evelyn sorrir a noite inteira, ele sabia contornar todos os foras e palavras rudes que ela lhe lançava.

Ele não aceitou dividir a conta como ela propôs e pagou  sozinho.  Saíram sorrindo do restaurante e quem os via de longe jamais diria que eles tinham acabado de discutir sobre o fato dela ter pago a gorjeta do garçom no lugar dele .

-Obrigada pelo jantar, foi uma noite muito agradável.  -Ela falou.

-Para mim também foi  uma noite maravilhosa, mas ainda não acabou eu trouxe um presente para você, vou buscar no carro. Me espera aqui, por favor.

-Tudo bem!

Ele foi correndo para o carro e ela não conteve a gargalhada ao ver aquele homem enorme correndo.

-Aqui! -Ele falou ofegante lhe entregando uma sacola de uma das chocalaterias mais famosa da cidade.
-Minha secretária falou que mulheres gostam de doces e como você não gostou do buquê, achei que pudesse gostar desses chocolates.

-Muito obrigada, eu gosto mesmo de chocolate.

-Vamos, eu vou te levar até o seu carro.

-Ali o meu carro! -Ela apontou mais para o lado onde o manobrista já tinha colocado o carro estacionado.

Eles caminharam lado a lado em silêncio até o carro.

-Até mais! -Ela falou olhando nos olhos dele.

-Até breve! -Ele falou próximo ao ouvido dela fazendo todos os pelos dela se arrepiarem, a sensação era tão nova que a assustou, só não mais que o beijou que ele deixou em sua bochecha antes de se afastar.

-Tchau! -Ela falou e logo entrou no carro e abriu a janela.

-Me manda mensagem quando chegar, vá com Deus! -Ele f
alou acenando  e logo ela arrancou com o carro sem responder.

CONTINUA...

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