Evelyn
Meses depois
Era quarta-feira a noite e Evelyn estava deitada no sofá ouvindo música, não tinha culto em sua igreja e ela aproveitou pra ficar em casa e descansar, fora que ela tinha discutido com Benício no dia anterior e ainda não estava bem.
Eles tinham percebido nesses cinco meses de namoro o quanto eram diferentes e o quanto precisavam discutir a relação, diálogo era a palavra chave do namoro deles, mas às vezes um ou outro era orgulhoso demais para admitir que tinha errado.
Dessa vez ela sabia que tinha errado, tinha discutido com uma vendedora que estava se oferendo para ele. Ela sabia que não podia ter esse tipo de ciúmes excessivo e tinha se arrependido da atitude precipitada. Porém a situação foi pesada demais para aguentar sem questionar e o que mais lhe magoou foi a forma rude com que Benício lhe tratou, ela já tinha descoberto esse lado dele. O lado grosso de quando era contrariado e sabia que estava certo.
-Será que dá para você parar de dar em cima do meu namorado? Ou você não percebeu que eu sou namorada dele? -Perguntou encarando a vendedor da loja de departamentos que não tinha desgrudado os olhos nenhum segundo de Benício e fazia questão de pegá-lo para mostrar com a roupa ficaria em seu corpo esbanjando todo um decote que sua farda permita aparecer bem.
-Ele não está incomodado. -A moça falou debochada.
-Amor, para com isso! -Benício virou para ela falando baixo.
-A errada sou Eu? Você não percebe que ela está se oferecendo? -Ela falou alterando o tom de voz chamando atenção de alguns clientes que estavam na loja.
-Estou disponível, gato! -A vendedora falou piscando para Benício que teve um reflexo rápido e conseguiu segurar a namorada que perdeu toda compostura avançando na moça.
-Você não tem vergonha não? -Falou encarando a mulher. -Ele tem uma namorada!
-Vamos Evelyn ! -Ele falou sério segurando a mãos dela a puxando para fora da loja deixando todas as roupas escolhidas para trás.
-Me solta! -Ela falou se soltando dele quanto já estavam indo em direção ao estacionamento.
-Você deveria ter vergonha do papel que fez.
-Agora eu sou a culpada? Ela estava se jogando pra você desde que a gente entrou naquela droga de loja!
-Eu correspondi? -Perguntou aumentando o tom de voz pela primeira vez.
- Não, mas isso não muda os fatos, Benício. Ela estava se oferendo e você não fez nada.
-Justamente, eu não fiz nada. Eu não correspondi em momento algum.
-E nem cortou o interesse dela. -Falou tentando abaixar a voz que continuava exaltada porque ela estava no ápice da irritação.
-O quê você queria que eu fizesse?
-Ter mostrado para ela que não estava afim, que é um homem comprometido.
- Meu Deus , Evelyn! Isso é ridículo, extremamente ridículo. Por acaso eu estava sozinho na loja? Você é minha namorada eu estava com você, eu não correspondi o que mais você queria.
?-Tudo bem senhor sempre certo, eu sou ridícula e ciumenta. -Falou tentando esconder as lágrimas que caiam. Ela sempre chorava em
discussões, principalmente quando ele a tratava daquela forma.-Você tem que parar com esse ciúme idiota. -Falou sério a encarando. -Eu amo você e eu respeito você, nunca dei nenhum motivo para você duvidar da minha fidelidade.
-Eu sei, mas...
-Mas continua tendo atitudes ridículas e infantis.
-Eu vou para casa. -Falou virando para ir embora.
-Entra no carro que eu te levo.
-Eu vou de táxi, de Uber... eu preciso pensar.
- Tudo bem, aproveita e reconhece que estava errada. -Falou sério.
***
Benício
Ele estava sentado na mesma posição fazia meia hora, as mãos na cabeça que estava encostada no encosto do sofá e os olhos fechados refletindo. Ele não queria ter sido grosso com a namorada, mas dessa vez o ciúme dela passou dos limites do aceitável.
Ele jamais tinha dado motivos para desconfiança, ele estava na loja com ela, ele não correspondeu a vendedora, só também não podia ser grosso com moça que só queria o atender bem. Talvez realmente ela tivesse passado dos limites por toca-lo tantas vezes, mas não era motivos para Evelyn criar uma confusão tão grande.
-Já ligou para ela ? -Félix perguntou sentando no sofá da frente .
- Não! -Ele respondeu ainda de olhos fechados.
-Você precisa entender sua namorada Benício, ela teve um antigo relacionamento conturbado com um cara que a traía em sua frente ela não quer ter essa experiência de novo.
-Ela tem que entender que eu não sou ele. -Falou sério abrindo os olhos para encarar o amigo.
-Ela é insegura, ela te disse isso no começo, ela tem traumas demais para serem esquecidos em o quê, cinco meses de namoro?
-Sim!
- Pois então, ela ama você e ela te respeita também. O problema é que a confiança dela já foi quebrada, a autoestima dela foi ferida e abalada vezes demais e não importa quanto tempo isso tenha acontecido os traumas não são vencidos do dia para noite, você precisa fazê-la se sentir segura e importante .
-Desde quando você sabe tanto da minha namorada? -Benício perguntou encarando o amigo.
-Desde que sou um psicólogo e consigo ler as emoções das pessoas.
-Eu acho que você tem razão, mas as vezes é desgastante ficar provando pra ela o tempo que não vou fazer o mesmo que o ex dela.
-Você a ama? -Perguntou.
- Que pergunta mais besta Félix, é claro que eu a amo.
- Então faça ela se encontrar primeiro com Deus. Ela precisa descobrir que antes de você Ele a ama primeiro, ele a aceita como ela é e que para Ele ela é suficiente. Depois você precisa fazer ela se encontrar com ela mesma e por fim com você. Ela precisa de segurança e estabilidade, precisa se sentir amada e suficiente. Um hora ou outra ela vence esses traumas e a relação de vocês vai para outro nível.
-Fala como se já tivesse vivido isso.
-E eu vivi, Dira era dez vezes mais insegura e ciumenta que Evelyn. Eu só precisei mostrar pra ela que eu era diferente e que ela podia confiar de verdade em mim.
- Vou ligar para Eve!
Enquanto pegava o celular na mesa de centro a campainha tocou e Félix foi atender.
-Oi Félix! Ben está aí? -A voz de Evelyn ecoou pela sala fazendo Benício se levantar pra encontra-la.
-Está sim, entra!
Quando ela passou pelo corredor que dividia a porta de entrada da sala de estar ele já estava a esperando em pé no meio da sala.
- Oi Ben! -Falou baixo encarando os olhos dele.
- Oi amor, vem aqui? -Chamou ela pra chegar mais parte e a abraçou apertado. Ele odiava o fato dela ter sido machucada e humilhada no passado, o fato de terem lhe causado tantos traumas , mas ele estava disposto a curar suas feridas.
-Me desculpa, eu não deveria ter feito toda aquela cena, eu...
-Está tudo bem ogrinha, já passou. -Falou beijando o topo da cabeça dela.
-Eu te amo, amo muito! -Ela falou ainda com o rosto encostado no peitoral do namorado.
-Eu também amo você, amo muito. -Falou apertando contra si.
CONTINUA....
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Me encontrei em você
SpiritualDuas pessoas diferentes que aprenderão juntas a amar, desafiando tudo aquilo que é imposto pela sociedade e por seus próprios medos. Um amor surgido de forma inesperada que será capaz de suportar grandes dificuldades.