CAPÍTULO 12

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ANNIE

Foi necessária uma longa conversa com meu pai para que ele me deixasse ir na viagem da escola. Algumas horas depois, e tendo em vista que eu contava com a ajuda do poder de persuasão do Andrew, ele finalmente autorizou que eu fosse, fazendo a exigência, contudo, de que eu o ligasse ao menos duas vezes por dia durante o final de semana em que eu estaria lá.

Meu pai era o cara mais super protetor do mundo. E isso não me incomodava tanto... o que me incomodava, na verdade, é que essa super proteção não se estendia ao Andrew. Era exclusiva em relação à mim. Ele acreditava piamente que eu era uma boneca frágil e fácil de ser quebrada. Se pudesse, tenho certeza que me criaria dentro de uma redoma ou de uma bolha. Seria tão mais fácil pra ele!

O Andrew às vezes conversava comigo, insistindo pra que eu tentasse entender o lado dele. Não deve ter sido fácil pra ele perder sua esposa durante o parto prematuro de sua filha tão esperada, e a situação só se agravou pelo fato de ele quase ter me perdido também. Ter nascido prematura, decorrente de complicações na gestação, fez com que eu ficasse internada na UTI neonatal por quase quatro semanas. Meu pai devia dormir e acordar naquela época com medo de me perder, assim como havia acabado de perder minha mãe.

E eu até meio que entendia essa superproteção dele nos dias atuais por conta de tudo que ele havia passado. Mas era difícil convence-lo de que eu precisava do meu espaço para viver e que não era mais um neném recém nascido ou uma garotinha frágil. Pra mim sempre havia sido mais difícil fazer coisas normais que qualquer garota da minha idade faria.

Todas as minhas amigas da minha idade tinham ganhado um carro quando completaram 16 anos. Eu, por outro lado, apesar de ter aprendido a dirigir, não ganhei, pois meu pai simplesmente ficava apavorado com a idéia de eu me envolver em um acidente. Ele preferia, então, que eu andasse sempre acompanhada do seu motorista ou que o Andrew me levasse nos lugares quando pudesse.

Eram coisas pequenas que me faziam falta no dia a dia, mas que eu acabava aceitando sem reclamar pois sabia o quanto era importante pra ele e o quanto aquilo lhe traria paz. Então, se a exigência dele pra me deixar viajar era de que eu o ligasse para dizer que estava bem, eu o faria.

Enfim o dia da viagem chegou. Era uma quinta-feira pela manhã, e o ônibus ja estava estacionado na porta da escola enquanto alguns alunos já acomodavam suas malas no compartimento interno.

Depois de ser deixada na escola pelo Andrew, que repetiu pela milésima vez as recomendações do nosso pai, peguei minha mochila, coloquei nas costas e carreguei minha mala de mão a caminho do ônibus.

Quando entrei, enquanto tentava carregar, sem sucesso, a mala para guarda-la no compartimento superior, fui surpreendida com a ajuda do Luke, que apareceu atrás de mim e, com apenas uma das mãos e um sorriso estranho no rosto, guardou a minha mala, enquanto me olhava perto demais.

- Obri-gada. - gaguejei, surpresa com seu gesto de gentileza -

- Apenas notei sua dificuldade em carregar a mala e resolvi fazer isso pra você. - respondeu - Você não deve estar acostumada a fazer isso, creio eu. Provavelmente algum empregado costuma fazer por você. - alfinetou, voltando a se sentar no seu lugar. -

Maldito Luke. Nem o menor gesto de gentileza por parte dele era genuíno. Depois de ouvir sua piada ridícula, olhei para a Sarah, que estava sentada em uma poltrona acompanhada do Chris.

Procurei um lugar vazio no ônibus, que já estava quase completamente cheio, e então verifiquei que só haviam dois: um era ao lado do Luke, na última fileira, e o outro era ao lado de um garoto que eu não conhecia. Obviamente, optei por me sentar com o desconhecido. Mesmo que ele fosse o pior ser humano do mundo, tinha certeza que passar algumas horas ao lado dele seria mais agradável do que ao lado do Luke.

- Essa poltrona está ocupada? - perguntei de forma educada e ele tirou os fones de ouvido, me olhando. Ele tinha os cabelos castanhos e lisos caídos sobre a testa e olhos cor de mel. Vestia uma calça jeans clara, um suéter cinza e mocassins. Parecia ser alto e atlético, o que me chamou atenção. -

- Oi, não, claro, pode se sentar. - falou de modo gentil e eu me sentei ao seu lado - Sou Tyler Hilfiger. - estendeu a mão para me cumprimentar -

- Hilfiger? Esse sobrenome não me soa estranho. - sorri, cumprimentando-o -

- Você provavelmente já deve ter ouvido falar do meu pai, o Senador Michael Hilfiger. - informou - Seu nome é...?

- Ah, claro, desculpe. - sorri - Prazer, Anastasia Thompson. Mas pode me chamar de Annie. -

- O prazer é todo meu, Annie. - ele sorriu de volta -

Proibida Pra MimOnde histórias criam vida. Descubra agora