CAPÍTULO 76

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LUKE

Levei quase um mês pra processar toda a informação que a Megan tinha despejado sobre mim no nosso último encontro. Nesse período, escolhi me retrair pro completo: ia de casa para a escola, da escola pra academia, e da academia pra casa.

Exclui da minha vida distrações como celular, bebidas e festas. Eu sentia que precisava recobrar minha consciência, que havia sido perdida, e me reconectar com a minha essência.

Durante esse período, a Megan me procurou algumas vezes, esteve na minha casa e se aproximou de minha mãe e de minha irmã. A Annie, por outro lado, estava completamente distante.

Eu a havia visto um dia ou dois na escola, mas não nos cumprimentamos. Eu queria muito conversar com ela e resolver toda a situação na qual eu estava inserido, mas eu não conseguia me aproximar dela.

Sentir o peso do seu olhar triste sobre mim abria um buraco cada vez mais fundo no meu peito e eu não suportava mais a idéia de vê-la sofrendo, mais uma vez, por consequência dos meus atos. E sempre que eu ameaçava ir falar com ela ou me aproximar, sentia sua repulsa e seu ódio recair sobre mim.

Ela me detestava. E com toda razão.

Eu era um completo babaca. Eu a amava com todo o meu coração, e não tinha dúvidas disso. Mas os fantasmas do meu passado pareciam me puxar pra trás a cada vez que eu tentava dar um passo em sua direção. Eu estava esgotado mentalmente e fisicamente.

Do mesmo modo, saber que o motivo do afastamento da Megan tinha sido uma gravidez indesejada e um aborto compulsório me causava profunda tristeza. Eu jamais imaginaria que ela tivesse se afastado por um motivo assim, e me causava um sentimento de impotência saber que ela havia passado por tudo aquilo sem ter ninguém para apoia-la.

- Aí está você. - a Megan falou se aproximando do jardim da minha casa, ao me avistar sentado sobre as escadas da sacada - Te procurei por todo lugar.

- Oi, Meg. - eu sorri -

- Posso? - ela questionou, pedindo permissão para se sentar ao meu lado. Eu assenti - Como estão as coisas?

- Estou bem. - respondi, olhando pra ela - Ainda sinto muita raiva da sua mãe por ter te obrigado a passar por tudo aquilo, e me sinto culpado por não estar presente, mas estou bem.

- Você não tinha como saber de nada, Luke. - ela rebateu - Apesar de tudo que minha mãe fez, eu escolhi me afastar e excluir você da minha vida. E me arrependo disso todos os dias. - ela lamentou -

- Você também tem a sensação de que tudo era mais fácil quando éramos mais novos? - eu indaguei - Quando estávamos juntos, por exemplo, eu não tinha metade dos problemas que tenho hoje. Meu pai estava vivo, você lidava bem com sua mãe... Nossa maior preocupação era se o time de futebol da escola iria ganhar o campeonato ou se conseguiríamos passar em álgebra. - ela sorriu -

- Sinto falta desse tempo. - ela completou - Sinto falta do cheiro de suco de laranja da cantina da nossa escola, sinto falta de matar aula com você e comer donuts enquanto assistíamos um episódio dos Simpsons...

- Você odiava os Simpsons. - constatei, fazendo-a rir -

- Mas gostava de você. E da sua companhia. - ela respondeu - Ainda gosto, aliás.

Eu fiquei em silêncio, fitando um pequeno galho que eu brincava passando entre os meus dedos.

- Não sente que podemos viver tudo aquilo de novo? - ela perguntou, tocando minha mão - Não acha que podemos recomeçar do zero?

Eu a olhei. 

- Megan, eu...

- Luke. - ela me interrompeu, se aproximando de mim e segurando meu rosto com as duas mãos, fazendo-me olhar pra ela - Você foi o cara que eu mais amei na vida. Não acho que vou ser capaz de amar alguém assim novamente. Se você quiser, eu te deixo em paz e nunca mais apareço na sua vida. Prometo que faço isso. Mas não quero passar o resto da minha vida me perguntando como seria se tivéssemos tentado. E acredito que você também não.

Então colamos nossas testas, e pude sentir o ar quente que saía de sua respiração encostar no meu rosto. Envolvi seus lábios com os meus e a beijei, na esperança de sentir algo, uma fagulha que fosse, uma centelha de qualquer coisa que me fizesse seguir em frente.

Mas nada. Nem uma borboleta no estômago. Nem uma faísca de sentimento. Nem um lampejo de sentimento.

Nada. Um completo, abrangente e perturbador vazio.

Até que parei o beijo. Abri os olhos. E finalmente consegui entender o que antes parecia ser tão obscuro na minha mente.

Eu não conseguia sentir nada. E jamais conseguiria, porque não era ela que estava parada na minha frente. Não era a Annie.

Numa clareza libertadora, senti meu corpo todo clamar por lábios que não eram aqueles que estavam parados diante de mim.

- Megan. - eu falei, afastando-a e me levantando - Eu sinto muito. Isso foi um erro.

- Não diga que foi um erro. - ela pediu, com lágrimas nos olhos - Você não sabe o que eu passei e o quanto desejei esse momento.

- Meg, eu sinto muito. - pedi -  Eu simplesmente não posso continuar com isso. Estarei mentindo pra você e pra mim mesmo se continuarmos insistindo nessa história.

- O que você quer dizer? - ela questionou -

- O que a gente teve foi muito especial. Quero dizer, você foi a minha primeira namorada, nunca vou me esquecer de você. Você sempre vai existir de uma forma muito bonita dentro do meu coração. Mas as coisas mudaram, Meg.
Eu mudei. E não consigo imaginar viver num mundo sem a Annie do meu lado. Posso ter demorado pra perceber isso, mas é a verdade.

- Não acha que é um pouco tarde pra isso? - ela indagou - Acha que ela vai te aceitar depois de tudo?

- Eu tenho consciência de que fui um completo babaca com ela e tenho medo de que ela não me perdoe nunca. Mas eu preciso lutar por isso. É o que eu faço de melhor.

- E se ela não te amar mais?  - questionou, entre lágrimas -

- Nesse caso, vou voltar a ser o cara por quem ela se apaixonou um dia. - respondi - Viver sem ela não é uma opção.

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OBS: Pessoal, MIL DESCULPAS pelo sumiço e pela demora pra postar esse capítulo. Passei por algumas situações bem difíceis na minha vida pessoal, que não vou trazer a tona, mas isso me causou um bloqueio criativo ENORME! Eu não podia nem pensar em abrir o Wattpad para escrever um novo capítulo que isso já me causava uma crise de ansiedade. Sei que estou em falta com vocês, mas prometo melhorar na frequência dos posts, ok? O livro já está bem no finzinho, agradeço de verdade a todxs que seguem me acompanhando, mesmo com todos esses percalços! Amo vocês! ❤️

Proibida Pra MimOnde histórias criam vida. Descubra agora