LUKE
- Sabe, eu poderia me acostumar perfeitamente com esse cenário. - falei -
A Annie me olhou e sorriu, se aconchegando em meus braços. Estávamos deitados em sua cama, em seu quarto, e o Rocky estava aninhado na altura de nossas pernas. Ela olhou pro cachorro, em seguida para mim, e sorriu.
- Nunca achei que poderia ser tão feliz. - ela confessou - Quero dizer... quando nos conhecemos, eu não fazia a menor idéia de que você poderia me fazer tão feliz. Sinto como se tudo na minha vida fizesse sentido, porque estou com você.
Eu a olhei com ternura. Deus, eu amava aquela mulher com cada célula do meu corpo.
- Eu te amo, Flor. - sussurrei, beijando seus lábios em seguida -
- Eu também te amo. - ela sorriu novamente - O que acha de sairmos para comer alguma coisa ou ir ao cinema? - sugeriu -
- Acho ótimo. - respondi - Estou morrendo de fome.
- Certo. - ela se levantou - Vou tomar um banho, ok?
- Isso é um convite? - brinquei -
- Seu bobo. - ela riu - Eu não demoro. - selou meus lábios e se levantou, entrando em sua suite e fechando a porta logo em seguida -
O Rocky caminhou com suas pequenas patinhas pela cama e se aconchegou ao meu lado, apoiando a cabecinha em meu braço. Eu sorri e afaguei suas orelhas largas, enquanto ele fechava os olhos e pegava no sono novamente.
Assim que ouvi o chuveiro do banheiro se abrir, a porta do quarto da Annie também se abriu, revelando, atrás dela, um rosto familiar - seu pai.
- Que porra está fazendo aqui?! - ele questionou irritado, ao me ver deitado -
Prontamente me levantei e caminhei até ele, encarando-o à altura.
- Saia da minha casa imediatamente. - ele ordenou - Sabe que não gosto de você.
- Mas sua filha gosta. - retruquei - Isso não deveria significar alguma coisa?
- Minha filha não sabe tomar decisões corretas. - ele rebateu -
Eu ri, sem humor.
- A gente não manda no coração. - respondi - Sei que, se ela pudesse escolher, gostaria de um cara menos complicado que eu. Mas a vida é engraçada e tem um jeito meio estranho de nos apresentar ao que realmente importa.
- Onde você quer chegar com isso? - ele questionou -
- Senhor. - continuei, de modo respeitoso - A Annie sofre muito por não ter sequer conhecido a mãe dela. - ele me lançou um olhar confuso - É, ela não te diz, mas sofre. E eu também não me isento da culpa de tê-la feito sofrer. Mas eu não quero mais isso pra ela, ela não merece.
- Está ai um ponto em que concordamos. - ele respondeu -
- Eu não estou pedindo que goste de mim. Apenas que me aceite. Apenas aceite que a Annie não é obrigada a ficar com quem você quer, apenas aceite o fato de que eu e a Annie nos amamos. Isso a poupará de muita coisa.
Ele me olhou por longos segundos, em silêncio. Um silêncio que incomodava, intimidava.
- Temos uma trégua? - eu continuei, ao ver que ele não falaria nada -
- Desde o primeiro dia em que eu te vi, não gostei de você. Você sabe disso. - ele me alfinetou - Em partes, porque vi que você é violento e não tem futuro. Em outras, porque vi um pouco de mim em você. Essa natureza aprisionada, essa teimosia... Eu costumava ser assim na sua idade. - eu o olhei com atenção - Mas então eu conheci a uma mulher maravilhosa e... bem, ela me mudou. Completamente. Namoramos por alguns anos, nos casamos e ela me deu dois filhos maravilhosos. Mas eu fui tolo, e sempre dei mais atenção ao trabalho do que ela. Nunca valorizei a mulher maravilhosa que tinha dentro de casa me esperando até perdê-la. - seus olhos se enxeram de lágrimas - E não tem um sequer dia da minha existência que eu não me culpe por isso. Um dia. - enxugou as lagrimas envergonhado -
- Sinto muito por isso. - falei - De verdade. Ela pode não estar mais entre nós, mas como você mesmo falou, ela deixou dois filhos maravilhosos pra você.
- Ela se envergonharia ao ver que não sou capaz de cuidar tão bem deles quanto ela cuidaria. - ele lamentou -
- Tenho certeza que você faz o que pode. - confortei -
- De qualquer forma.... - ele recuperou o raciocínio e fungou - Não sei o que está acontecendo entre você e a Annie. Mas se você tem a certeza de que a ama, e ela a você, não sou eu quem vai ficar no caminho.
Eu sorri, agradecido. Era importante pra Annie que eu e seu pai nos déssemos bem, e, se era importante para ela, era importante para mim.
Porque a minha prioridade de vida, naquele momento, era fazê-la feliz. E prometer, a mim mesmo, que no que dependesse de mim, ela jamais demarraria qualquer outra lágrima.
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Proibida Pra Mim
Ficção AdolescenteAnnie Thompson tinha apenas algumas certezas na vida. Uma delas é de que o amor verdadeiro existia, e outra era de que não queria ir para Harvard após a conclusão do seu último ano na escola. Luke Reed, por outro lado, tinha convicção de que o amor...