LUKE
O despertador tocou cedo novamente na terça-feira, anunciando que já estava na hora de me levantar para a escola. Ignorei o toque e continuei a dormir. Sinceramente, a última coisa que eu queria naquele momento era ir pra escola. Não estava com um humor tolerável, não suportava mais as aulas da Srta. Wright, a Annie provavelmente lançaria mais um de seus olhares furiosos sobre mim e eu simplesmente não estava com paciência pra ouvir os comentários e piadas do Chris sobre meu estado de espírito.
Por volta das onze da manhã, me levantei, tomei um banho, peguei minha mochila, minhas luvas de boxe e fui para a academia treinar.
- Você aqui a esta hora? - o Tony, meu treinador, questionou - Achei que você estivesse na escola.
- Preciso socar alguma coisa. Ou alguém. - falei jogando minha mochila no chão e tirando os sapatos -
- Se você veio aqui descontar sua raiva em meus outros lutadores, vai lutar apenas com o saco de pancadas. - ele avisou - Não vou colocar ninguém no ringue com você pra ser massacrado.
- Posso lutar com você. - sugeri -
O Tony era latino-americano e pesava, no mínimo, uns dez quilos a mais que eu. Além disso, tinha mais de quarenta anos e havia aprendido a lutar antes de sequer engatinhar. Minha sugestão estava longe de ser aceita por ele. Além de não lutarmos na mesma categoria (eu, peso médio, e ele, peso pesado), ele jamais aceitaria lutar comigo, visto que me considerava praticamente um filho.
Assim que perdi meu pai e meus problemas de agressividade surgiram, a terapeuta sugeriu à minha mãe que me colocasse em alguma atividade física para extravasar a minha energia. Ela tentou natação. Eu, para contraria-la, e sabendo que ela odiaria a ideia, me inscrevi na academia de boxe do Tony com as poucas economias que tinha. Minha mãe não aceitava bem a ideia até hoje, mas eu não precisava da aprovação dela.
- Quem sabe um dia, Luke. Seria um evento e tanto. Lucas Reed x Tony Fernandez. Tenho certeza que sua mãe me mataria assim que eu descesse do ringue. - eu sorri - Faça um aquecimento no punching ball e depois umas séries pulando corda. Esfrie a cabeça. - ele ordenou - Quando acabar, veremos o que faremos. Precisamos ajustar algumas coisas para os regionais, que estão se aproximando.
Eu obedeci. Assim que terminei o aquecimento e a corda, passei o restante da manhã e a tarde ajustando algumas técnicas com o Tony, quando o Chris e o Cobra apareceram.
- Tem muito tempo que você está aqui? - o Chris perguntou ao se aproximar -
- Não sei, não notei o tempo passar. - informei bebendo um gole de água -
- Eu e o Cobra vamos iniciar o treino agora. Você vai nos acompanhar ou vai descansar?
- Vou treinar com vocês.
- Não vai, não. - o Tony apareceu - Você precisa ir pra casa, Luke. O descanso faz parte da recuperação.
- Enquanto eu descanso, tem alguém treinando pra me superar. - falei batendo minhas luvas uma na outra -
- Luke, vá pra casa. - ele pediu - Conheço bem o estrago que você é capaz de fazer quando está com raiva.
- Esse é o problema, Tony. - falei subindo no ringue - Eu estou com raiva o tempo todo.
ANNIE
Na quarta-feira, assim que a aula de biologia começou, notei que o lugar que o Luke costumava sentar estava vazio novamente. Ele não havia vindo para a escola ontem e, pelo visto, isso se repetiria hoje. Me senti uma idiota por ter notado a ausência dele.
- Psiu! - ouvi um cochicho em minha direção e, quando virei pra trás, vi que era o Tyler -
- Oi. - sorri, simpática, também cochichando -
- Você está bem? Parece meio dispersa.
Pelo amor de deus, Anastasia. Será que dá pra você ser menos transparente com o que sente? - me repreendi mentalmente.
- Estou bem. - respondi -
- Se quiser conversar ou apenas se distrair, posso te levar pra sair hoje a noite. - ele sugeriu -
- Eu agradeço, Ty. De verdade. Só não estou num bom momento. Não serei uma boa companhia hoje. Será que podemos deixar o nosso encontro pra outro dia?
- Sem problemas. - ele sorriu, alisando meu ombro - Estou aqui pro que você precisar, de qualquer forma.
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Proibida Pra Mim
Teen FictionAnnie Thompson tinha apenas algumas certezas na vida. Uma delas é de que o amor verdadeiro existia, e outra era de que não queria ir para Harvard após a conclusão do seu último ano na escola. Luke Reed, por outro lado, tinha convicção de que o amor...