CAPÍTULO 27

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LUKE

Diante do cenário em que eu me encontrava - sem dinheiro, sem moto e suspenso das aulas -, eu tive que começar a pensar em alguma alternativa para conseguir algum meio de locomoção pra ir pros treinos e, mais importante de tudo, consertar o maldito o carro do Diretor Harris.

Eu não queria - e Deus sabe como eu havia evitado isso -, mas a única solução viável que encontrei foi a de reabrir a oficina do meu pai na nossa garagem. Quando eu era mais novo costumava passar muito tempo com ele, então a partir dos meus onze anos eu já tinha tamanho suficiente para ajuda-lo dentro da oficina e acabei aprendendo algumas coisas. Tudo mudou quando ele morreu, é claro, e eu somente havia entrado na garagem desde então apenas em ocasiões indispensáveis, como para procurar algo em alguma caixa esquecida ou para pegar alguma ferramenta.

Assim que abri a garagem escura me deparei com o Ford Mustang empoeirado de meu pai. O carro estava um pouco velho, mas ele havia comprado por um preço acessível. Ele pretendia fazer alguns reparos antes que pudesse colocá-lo na rua, mas não conseguiu - morreu antes disso. Desde então, o carro estava guardado na garagem, empoeirado, como um objeto qualquer esquecido no sótão.

Eu não me atreveria a consertar aquele carro e dirigi-lo. Eu não queria e tampouco me parecia justo fazê-lo. Meu peito apertou só de entrar na garagem e ver ele ainda estava lá, exatamente do jeito que meu pai havia deixado a três anos atrás. Algumas memórias não são facilmente esquecidas - infelizmente.

Depois de fazer uma bela faxina na oficina, restaurar algumas ferramentas antigas e trocar algumas lâmpadas queimadas, finalmente ela estava pronta de novo. Sorri, orgulhoso, limpando a mão suja de graxa na minha calça jeans rasgada. Eu estava imundo e ainda tinha algumas coisas pra serem resolvidas, mas, antes de tudo, precisava resolver qual seria meu mais novo meio de transporte.

ANNIE

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ANNIE

O sinal da última aula tocou e eu saí da sala com o restante dos outros alunos. Me despedi da Sarah, que ia pra casa do Chris, e caminhava distraída pelo lado de fora da escola quando quase fui atropelada por uma... bicicleta.

- Cuidado! - gritei antes de ver de quem se tratava -

Era o Luke. Em cima de uma bicicleta cor-de-rosa. No meio do meu caminho.

- Mas o que...? - perguntei, sem entender -

Era engraçado ver o corpo grande e largo dele tentando se manter em cima da bicicleta.

- Não queria te atropelar, Flor. Foi mal. Ainda estou me acostumando com os freios disso aqui. - falou apertando os freios entre as mãos -

- Boa sorte com isso. - falei friamente enquanto passava por ele -

- Espera! - ele praticamente jogou a bicicleta no chão, vindo atrás de mim - Annie! - ele alcançou meu braço ao dizer meu nome - Me desculpe pela forma que te tratei ontem. E pela forma que te tratei anteontem também. - ele falou, me olhando nos olhos - Aparentemente sou um babaca com você o tempo todo.

- Honestamente, Luke? - perguntei - Isso... - falei gesticulando apontando pra ele e pra mim repetidamente - Isso não vai dar certo.

- Como assim, não vai dar certo? Estou te pedindo desculpas, não estou? - ele segurou minhas mãos, fazendo minha respiração parar. Eu não conseguia raciocinar com ele perto de mim, mas precisava me impor -

- Está me pedindo desculpas até o Hulk baixar em você novamente. Estou cansada de você me tratar como lixo. Não sei com que tipo de garota você está acostumado, mas não vou me submeter a isso.

- Annie. - ele pediu, segurando meu rosto - Me desculpe. De verdade. Naquele dia lá em casa eu surtei porque você e a Emma começaram a falar do meu pai e de quem eu costumava ser quando ele ainda estava aqui e, bem... não me entenda mal, eu estou curtindo ficar com você e tudo mais, mas não estou preparado pra fazer coisas que fazia antes de o meu pai morrer.

Eu fiquei em silêncio. Não havia me ocorrido, até aquele momento, que toda aquela reação dele tinha sido por causa do seu pai.

- Sinto muito se você se sentiu pressionado a fazer algo que não queria. Eu não sabia que era assim que você se sentia. - ele me olhou, em silêncio - Mas isso também não justifica a forma que você me tratou ontem. - cruzei os braços, aguardando uma explicação -

- Ontem eu havia acabado de sair da sala do Diretor Harris quando você veio até mim. Você viu quando ele foi me chamar na aula do Professor McKenzie. - eu assenti - Bem, digamos que eu e o Diretor Harris não somos exatamente melhores amigos.

- E...?

- E daí que eu e o Chris resolvemos arranhar o carro dele pra ensinar uma lição. Na verdade, o Chris não fez nada. Fui só eu.

- VOCÊ O QUE? - eu praticamente gritei - Você não pode simplesmente sair por ai arranhando o carro das pessoas!

- É, eu sei. Isso vai me causar um prejuízo de quase cinco mil dólares, e isso porque eu mesmo vou consertar o carro dele. Se tivesse que colocar em outro lugar, tenho certeza que esse valor triplicaria.

- E essa bicicleta....? - questionei, apontando para o chão - Alguma explicação ou você simplesmente resolveu que ama cor-de-rosa?

- Minha mãe escondeu as chaves da minha moto. - ele informou - Essa bicicleta é da Emma e será meu meio de transporte nos próximos dias. - eu tentei abafar uma risada -

- Meio difícil imaginar você chegando na sua academia nessa bicicleta cor-de-rosa. - brinquei, fazendo o clima se aliviar -

- Isso prova que minha masculinidade não é nem um pouco frágil. - ele também brincou, me fazendo sorrir - Flor. - eu o olhei - Me desculpe por ser um babaca. De verdade. Seja lá o que for "isso"... - ele gesticulou da mesma forma que eu havia feito, apontando pra ele e pra mim repetidamente - Me faz bem. Não quero que acabe.

Parecia que meu corpo todo estava sorrindo quando ouvi aquelas palavras. Eram as coisas mais bonitas que ele já havia me dito, e o que tornavam elas mais bonitas ainda é que talvez ele não fizesse noção alguma do quanto também era bom para mim estar com ele.

- Eu também não. - sussurrei e ele me envolveu num abraço, apoiando minha cabeça em seu peito e afagando meus cabelos - Mas eu te odeio muito ás vezes. - olhei pra cima, tentando encara-lo - Você é um idiota. - informei -

- Eu sei. - ele sorriu, afastando meus cabelos bagunçados do meu rosto e selando meus lábios -

Proibida Pra MimOnde histórias criam vida. Descubra agora