CAPÍTULO 73

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LUKE

A minha corrida com o Thor não havia servido para absolutamente nada. Quando retornamos, minha cabeça ainda estava a mil e eu ainda não sabia o que pensar - ou o que sentir.

Por meses - e até anos - eu esperei a Megan retornar para Los Angeles. Por muito tempo eu esperei que ela me ligasse e dissesse que sentia muito pela morte do meu pai. Talvez se ela estivesse comigo quando aconteceu, as coisas tivessem sido diferentes. Ou talvez não. Eu não sabia.

Mas o fato era que ela retornar agora tornava tudo uma confusão. Ela havia sido o meu primeiro amor, a primeira mulher que eu havia admitido os meus sentimentos... e não era justo que ela retornasse logo agora, trazendo junto consigo tantas memórias do passado.

Eu não queria ser um babaca pela milésima vez com a Annie, mas também não podia mentir pra mim mesmo e fingir que o retorno da Megan não trazia a tona um sentimento do passado.

- Oi, filho! - minha mãe me cumprimentou depois que abri a porta de casa -

Na sala de estar, ela estava sentada junto com a Megan no sofá, enquanto folheavam algo que parecia ser álbuns antigos de fotografia.

Eu esbocei um sorriso, tirando a coleira do Thor e pendurando-a atrás da porta. A Megan me lançou um olhar que demonstrava que ela ansiava pela minha chegada.

- Eu estava com a Megan lembrando do dia em que você tentou construir uma casa na árvore. - minha mãe comentou casualmente -

- E a casa desmoronou por inteiro na primeira brisa que bateu. - a Megan continuou - E olha que estávamos no verão! - as duas riram juntas -

Eu permanecei parado na entrada da sala, sem reação.

- O jantar está quase pronto. - minha mãe avisou - Vou lá em cima chamar o Harris e sua irmã.

Então ela, ainda que hesitante, subiu para o segundo andar da casa e eu deixei meu corpo cair sob a poltrona que ficava ao lado do sofá.

- Nossa. - a Megan falou - Você se parece ainda mais com ele, sentado neste lugar.

Eu sorri, percebendo que ela ainda se lembrava que aquela poltrona pertencia ao meu pai.

- Às vezes parece que ainda tem o cheiro dele nela. - eu respondi, passando as mãos pelo estofado -

- Me desculpe por não estar aqui quando... tudo aconteceu. - ela pediu enquanto eu a olhava -

- Não precisamos falar sobre isso. - informei, me levantando da poltrona num só gesto -

- Não precisamos ou você não quer? - ela indagou, acompanhando o meu movimento -

- Não tem diferença. - respondi, dando as costas -

- Luke... - ela me chamou, voltando a minha atenção para ela - A razão pela qual você tem me evitado é a sua namorada? - ela questionou - Quando eu resolvi voltar, a última coisa que pensei é que você poderia estar namorando novamente. Mas eu não quero ser um empecilho na sua vida ou causar qualquer tipo de problema. - ela falou com sinceridade -

- Você não é um empecilho, Megan. - eu respondi - Eu só... não sei o que pensar. É tudo muito novo. Preciso colocar as ideias no lugar. Quero dizer... O que tivemos foi realmente bom. O nosso lance, eu digo. Foi ótimo. Mas então você foi embora sem dar explicações, e muita coisa aconteceu depois disso. Eu fiquei sozinho por um bom tempo, e você não tem ideia do que passei por sua causa... - ela me olhou atenta - Mas agora eu tenho a Annie, e eu demorei muito pra deixar ela entrar na minha vida. Também demorei muito pra compreender e aceitar os meus sentimentos em relação à ela. Então a razão pela qual eu estou te evitando é porque eu estou realmente perdido nisso tudo, e olhar pra você me traz muitas lembranças. Algumas não tão boas. E eu não sei o que dizer pra você. Não sei o que você espera escutar.

- Você deve gostar muito dela. - ela opinou, me lançando um olhar triste - Da Annie, eu digo.

- Sim. - respondi -

- Você a ama? - ela questionou -

- Sim. - repeti, tentando parecer convicto -

Algo que parecia ser uma lágrima acrescentou um brilho diferente no olhar dela.

- Você dizia que me amava. - ela falou praticamente sussurrando -

- Você não pode fazer isso, Meg. - eu me aproximei dela, mantendo um tom de voz calmo e baixo - Entrar na vida das pessoas e sair dela como se nada fosse. Isso não é justo comigo nem com você mesma.

- Eu sinto muito. - ela pediu, levando as mãos ao rosto e começando a chorar de verdade - Eu nunca quis te magoar.

Então eu a abracei, aninhando seu rosto em meu peito e afagando seus cabelos enquanto as lágrimas que desciam da sua face molhavam minha camisa.

Eu tinha certeza que tinha esquecido facilmente tudo que vivemos, até vê-la novamente. Mas àquela altura, eu já não tinha certeza de absolutamente mais nada.

Eu não sabia o que pensar ou como agir, mas sabia que vê-la chorando, por minha causa, também me fazia sofrer, porque a Megan fazia parte da minha história, do meu passado.

E todo mundo sabia que eu não conseguia me livrar do meu passado com facilidade.

Proibida Pra MimOnde histórias criam vida. Descubra agora