CAPÍTULO 55

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LUKE

Minha avó sempre foi muito sensitiva e sempre soube exatamente quando algo não ia bem, então era estranho viver na mesma casa que ela e ter que mentir sobre minha vida, fingindo que tudo estava ok quando na realidade o mundo inteiro desmoronava sobre a minha cabeça, porque eu sempre tinha a sensação de que ela sabia que eu estava mentindo.

Ela era muito parecida com o meu pai nesse sentido. Ele também sabia exatamente o que dizer quando o mundo inteiro virava as costas pra mim ou para a Emma, e eu jamais me acostumaria com a sua ausência. E, da mesma forma que meu pai era loucamente apaixonado por minha mãe, minha avó e ela eram praticamente melhores amigas.

- Oi, querido. - minha avó falou, entrando no quarto em que eu estava hospedado -

A casa dela era pequena e possuía apenas dois quartos - um pertencia à ela e meu avô, quando ainda estava vivo, e o outro servia como um depósito para seus artesanatos e coisas de vó. Apesar disso, e do fato de que eu estava dormindo numa cama de solteiro que mal me cabia, eu estava me virando bem morando com ela.

- Oi, vovó. - respondi -

- Tem uma pessoa aqui querendo te ver. - ela informou, esperançosa -

Pelo sorriso no seu rosto, pude perceber que era uma pessoa que ela tinha afeição, então no mesmo instante percebi se tratar de minha mãe.

- Não quero falar com ela. - rebati -

- Filho... - ela entrou no quarto, sentando-se na beirada da minha fama - Uma hora ou outra vocês terão que se acertar.

- Não estou contando com isso.

- Você não pode ficar aqui pra sempre. - ela informou -

- Posso alugar um lugar pra ficar se estiver incomodando. - disparei, me sentindo ofendido -

- Óbvio que não é isso, querido! Amo ter sua companhia aqui, essa casa é tão vazia sem o seu avô... - ela lamentou - Mas aqui não é o seu lar, Luke, e sua mãe e sua irmã precisam de você.

- Minha mãe tem um belo jeito de demonstrar isso, namorando com o diretor da minha escola. - rebati -

- Meu querido... - ela tocou minha mão - Quando você perdeu seu pai, eu perdi o meu filho. Consegue imaginar a dor da perda de um filho? - eu não respondi - Ninguém mais do que eu sabe o quanto foi difícil superar a morte do Thomas. E sua mãe... bem, ela perdeu o amor da vida dela. Ela se sente sozinha e perdida, e precisa de você ao lado dela.

- Não sei se posso perdoa-la, vovó. - informei -

- Ela não precisa do seu perdão, pois não fez nada de errado. - ela respondeu, como se estivesse jogando um balde de água fria em mim - Se sua mãe acha que a felicidade dela está com o Sr. Harris, quem somos nós para julga-la?

Eu fiquei silente. A Dona Emília sabia mesmo exatamente o que dizer.

- Apenas converse com ela, está bem? Isso não pode durar para sempre. - ela pediu, se levantando e saindo do quarto -

Aguardei por alguns poucos minutos - que mais pareciam ser longos -, e então ouvi a porta do quarto ranger e anunciar a presença de minha mãe.

Proibida Pra MimOnde histórias criam vida. Descubra agora