De volta a segurança

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A jovem vira o youkai se embrenhar na mata, mas não o seguiria, na verdade o queria bem longe de si, quando o perdera de vista correra na direção oposta, ocultando não só seu cheiro como também sua presença, não deixaria que aquele hanyou maldito a seguisse e nem que aquele youkai prepotente tomasse alguma consciência e por acaso a seguisse.
Quando se vira bem afastada do cativeiro ela encontrara uma cachoeira e fora se banhar, sabia que isso não bastaria para tirar o cheiro de Sesshoumaru de seu corpo, porem afastaria o sentimento de repulsa que lhe tomava toda vez que via uma parte de sua pele. Sabia que ela fedia a sexo, suor e fluidos corporais, precisava se livrar desses vestígios antes de encontrar um caminho para seguir.
Seus olhos passaram pela queda d’agua enquanto se banhava e em meio a ela viu uma caverna, ao lado dela uma pequena e estreita trilha, quase escondida pela vegetação. Se banhara com destreza e rapidez, apesar de que por dentro lamentava não possuir seus produtos de higiene do futuro, eles lhe seriam tão uteis naquele momento. Vestindo-se novamente com a yukata de Sesshoumaru ela se embrenhou pela trilha e se escondera no fundo da caverna e finalmente se permitiu chorar. Kagome não saberia dizer em que momento adormecera, mas acordara em meio a um grito desesperado, um grito que sairá de sua garganta.
A escuridão tomara a caverna e ela tremia de medo e frio, seus lábios roxos de frio, sua pele parecia de porcelana, mexer-se doía, ela estava perdida na escuridão, sentia dor por conta do frio e do mal ao qual fora submetida, sentia-se tão perdida em meio ao que sua vida se tornara. Queria gritar, queria arrancar sua pele, queria tirar todo e qualquer vestígio de si do que acontecera.
Sentia-se vazia, suas lagrimas escorriam por seu rosto, os soluços se tornavam audíveis a qualquer um dentro daquele buraco, seus gritos eram abafados pela cachoeira do lado de fora. Naquele momento não havia alguém que poderia salva-la, ninguém poderia tira-la da escuridão em que se enfiara.
Gritara até perder sua voz, chorara até se render ao cansaço e quando acordara novamente o dia já ia alto e sua caminhada seria longa.
Ela passara a se esgueirar pelas estradas, se escondendo no primeiro sinal de barulho, se achava uma tola por isso, porém não tinha como ter certeza do que poderia aparecer no primeiro arbusto a se mexer. Se encontrava paranoica e sabia, mas mesmo escondendo seu cheiro e presença temia sempre pelo pior. Passava suas noites em cavernas afastadas e protegidas, fazia barreiras e mais barreiras para se proteger. Se virava como podia para se alimentar. A cada dia que se passava mais perdida se sentia, mais esgotada, acordava no meio da noite com seus próprios gritos, o terror a dominava noite após noite e sabia que se não chegasse até a proteção de seus amigos ela enlouqueceria no meio do caminho.
Era mais uma noite em que não se atrevia a acender uma maldita fogueira, estava novamente em uma caverna, mas algo estava diferente, os pesadelos não vieram, desta vez ela não acordara gritando assustada, acordara ouvindo seu próprio gemido, sentindo sua pele febril e um vazio em seu coração. O pânico se instaurara em seu ventre, ela não acreditava com o que sonhara, não acreditava que tinha aproveitado do sonho, o terror do que acontecera na masmorra ainda estava fresco em sua mente, marcado em seu corpo, então como era possível que ela sonhasse com algo daquele tipo, só poderia estar à beira da loucura. Kagome não se atrevera a voltar a dormir, temia seus sonhos como temia a qualquer coisa a sua volta, o medo a tomara. Mesmo acordada ela ainda podia sentir as mãos dele por seu corpo, puxando seus cabelos para o lado enquanto tinha livre acesso por seu pescoço, em como sua mão livre deslizava por seu corpo, como sua boca agia sobre sua pele, como seu corpo começara a reagir a seus toques.
Se ela não houvesse fugido naquele momento, Kagome temia o que teria acontecido a si. Era fato que já não era mais a menina ingênua que fora, não era mais pura, fora desonrada, suja e desonrada de uma forma tão monstruosa que não saberia descrever. Ela não culpava a pessoa que retirara sua inocência de si, ele era tão inocente naquela história quanto ela, ela culpava o monstro que os colocara naquela posição. Céus ela sentia-se como sofresse da síndrome de Estocolmo, sentindo simpatia e agora aquela maldita excitação por quem lhe violou, só podia estar louca ou bem perto de enlouquecer.
Assim que o sol nascera ela partira, estava tão magra, seus olhos possuíam enormes bolsas de agua e terríveis olheiras, se agarra a yukata de Sesshoumaru como se fosse um escudo. Suas pernas bambearam quando ela viu a arvore sagrada e desabou em meio as raízes dela, ela fechou os olhos permitindo que algumas lagrimas caíssem e usou suas últimas forças para um mero sussurro, que ela sabia que seria ouvido, sabia que ele estava ali.
- InuYasha....
As orelhas do hanyou se movimentaram e ele se pôs em pé em um pulo, a semanas estava a sua procura, revirara cada pedacinho de terra, cada caverna, cada buraco de arvore em busca da miko, estava a ponto de enlouquecer de tanta preocupação. Sem esperar um segundo chamado, cujo qual ele sentia que não viria, ele partiu, sem dizer nada aos amigos, simplesmente fora, seguira seus instintos e a encontrou em meio as raízes da arvore sagrada e ainda assim quase não a reconhecera, sua miko estava acabada, tão magra e desgastada, ele não saberia dizer como ela sobrevivera sem auxilio, mas descobriria o que lhe acontecera e moveria céus e terras para punir o culpado.
- O que fizeram com você, minha pequena?

Insano PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora