Chamado

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Mais dois meses se passaram desde o dia em que Kagome anunciara sua gravidez e voltara mais uma vez mudada de seu pequeno desaparecimento. Sua barriga agora estava mais sobressalente, denunciando seu pequeno estado. Logo as especulações se espalharam pela vila e ninguém mais se aproximava da jovem.
Naquele dia ela estava no descampado perto da vila, olhando Shippou brincando com as gêmeas, ela sorria docemente enquanto sua mão estava pousada delicadamente em seu abdômen.
- Kagome, minha criança, você não deveria estar aqui fora!
Kagome se virou e sorriu docemente para a velha sacerdotisa, que corria esbaforida em sua direção.
- Mas Kaede-obaa-chan eu estou cansada de ficar dentro da cabana.
A velha senhora colocou as mãos na cintura e olhou enfezada para a jovem.
- Seu estado é muito delicado, não pode sair e você sabe muito bem.
Kagome soltou um risinho, era verdade que caminhar era cansativo, mas o que poderia fazer se almejava mais estar do lado de fora da cabana do que lá dentro sendo vigiada, tudo bem que ali também estava sendo, porem tinha mais espaço e assim não precisava se desgastar discutindo com um certo hanyou, que a estava tirando do sério.
- Shippou, meninas, estou voltando agora!
O youkai raposa rapidamente correu para o seu lado enquanto acenava um adeus para as gêmeas e estas corriam até um outro grupo de crianças para continuarem a brincar.
- Vamos Kagome?
Kagome pegou na mão do menino e juntos de Kaede foram para a cabana, a idosa continuava com seu interminável sermão, cujo o qual a jovem ignorava enquanto observava as arvores. No mais profundo do seu ser ela sentia falta de algo, de uma presença e do sentimento de proteção que vinha junto dele, porém não se permitia afundar naquilo, temia que se si deixasse levar acabaria voltando ao estado emocional lastimável em que se enfiara dois meses atrás e isso era a última coisa que ela desejava.
As mikos viam como os aldeões olhavam para a jovem gravida, a mais velha se cansara de repreende-los e a mais nova passou a ignorar tudo aquilo que não lhe fazia bem.
As duas adentraram na velha cabana, a jovem fora logo se deitar, o youkai raposa se acomodou ao seu lado e a velha sairá novamente, agora em busca de algumas ervas. Kagome observava a palha do teto e tentava se distrair, sua mão direita acariciava as madeixas rubras de seu filhote, enquanto a esquerda estava pousada sobre sua barriga.
Ao ouvir passos seus olhos logo se dirigiram para porta e não se surpreendeu ao ver o hanyou ali parado.
- Até quando pretende levar isso adiante Kagome? Essa criança não lhe fara bem algum.
Kagome revirou os olhos e novamente encarava o teto.
- Eu terei o meu filho Inu, já lhe disse isso um milhão de vezes, porque não pode entender?
InuYasha sentou-se diante a cama da miko e a encarou.
- Porque VOCÊ não entende que a gravidez de um hanyou é complicada demais? Poucas humanas sobrevivem e para piorar você ainda é uma sacerdotisa, o que complica mais ainda as coisas.
Kagome suspirou e olhou com carinho para o amigo.
- Eu quero essa criança Inu, ela é uma parte minha...
- E uma do inútil do Sesshoumaru.
Kagome revirou os olhos.
- Isso não importa, o que estou querendo dizer é que eu jamais mataria uma parte minha sendo que ela nem ao menos pediu para ser concebida, pode ter acontecido de uma forma terrível, porem ela ainda é uma parte minha, entenda Inu, eu quero o meu filho e nada do que me diga pode me fazer mudar de ideia.
InuYasha cruzou os braços e fechou o cenho.
- O bastardo poderia pelo menos pensar assim também.
Kagome suspirou e voltou a encarar o teto.
- Eu dei o direito de escolha ao Sesshoumaru, e ele escolheu, não posso forçá-lo a aceitar algo que não quer e é melhor para ele ficar longe de uma cria que ele não deseja, logo ele conhecerá uma youkai a sua altura, terá crias puras com ela….
Kagome ia continuar o seu discurso porem uma dor alucinante atravessou seu corpo, parecia como se todos seus ossos se quebrassem ao mesmo tempo, seu sangue houvesse virado ácido, ela vira estrelas e suas mãos agarraram os lençóis com força, mas não se permitirá gritar. InuYasha arregalara os olhos diante a cena a sua frente, ele podia sentir o forte youki da criança que a miko carregava e ele não sabia como agir e o que fazer, estava perdido.
Shippou acordou assustada com a presença que sentira e ao ver sua mãe de consideração se contorcendo de dor correu para fora, olhou para todos os lados e ao identificar algo correu em direção aquilo.

A pequena raposa se tornara um pequeno risco rubro, passara direto pela velha sacerdotisa, que voltava com várias ervas em uma cesta, e entrara direto na floresta e parara abruptamente em uma clareira.
- O que faz aqui, raposa?
O ruivo respirou fundo.
- Kagome está com muita dor, o filhote está liberando muito youki, ele precisa do pai para controla-lo.
- O bastardo deveria conseguir fazer isso.
Shippou revirou os olhos e cruzou os braços.
- Ele é muito fraco para isso, o filhote está chamando pelo pai.
Das sombras surgia a figura branca de Sesshoumaru com toda a sua pose imponente e um claro brilho de curiosidade no olhar.
- O filhote deste é tão forte assim?
- Yeah, yeah, se eu não soubesse que ele é um hanyou poderia jurar que ele é um youkai completo, mas você vai ajudar a Kagome ou não?
Sesshoumaru sumiu em um piscar de olhos e Shippou apenas revirou os olhos, estava cansado de servir de espião para o dai-youkai por fim deu meia volta e passou a correr de volta para a cabana.

Kagome não achava uma posição confortável, a dor era demais e a vontade de usar seu poder espiritual e acabar com a fonte era imensa, ela sabia que não podia fazer isso e por tanto além de lutar contra a dor lutava contra seus próprios instintos de miko, não queria machucar seu filho com seu poder, isso se ela não acabasse o matando com eles. InuYasha teve de sair correndo da cabana pois sua presença parecia apenas piorar tudo, o bebê parecia emanar mais youki quando o hanyou se aproximava, parecia não o querer por perto. Ela já tinha suor por todo o corpo, os cabelos grudavam por seu rosto e pescoço, Kaede já havia esgotado todas as opções de ervas que tinha para aliviar a dor e se preocupava cada segundo mais com a jovem do futuro. Kagome não sabia dizer se aguentaria aquela dor por muito mais tempo ou se conseguiria continuar a manter seu poder sob controle, até que aos poucos a dor fora cedendo e antes que qualquer um notasse a miko podia respirar aliviada.
- Kaede-obaa.... - A jovem se virou para falar com a velha sacerdotisa porem seus olhos recaíram na figura parada na porta da cabana. - O que VOCÊ está fazendo aqui?
- O filhote de raposa disse que a miko estava com dores por conta do filhote.
Kaede encarou um e depois o outro e saiu de fininho, antes que sobrasse para ela.
- Não precisamos de você aqui, youkai.
Sesshoumaru continuou a encarar a miko de forma indecifrável, mas ela podia notar no fundo dos olhos ambares um brilho de diversão.
- Claramente o filhote que carregas não concorda com isso.
Kagome sentou-se em posição de lótus e cruzou os braços, expondo levemente seus seios inchados, o que rapidamente atraiu a atenção do youkai que tivera de se esforçar para desviar os olhos dos montes elevados e encarar algum ponto atrás da jovem.
- Mas é o que eu acredito Sesshoumaru, não precisamos de você aqui.
Sesshoumaru suspirou e se aproximou da miko o suficiente para agachar-se e encontrar seus olhos.
- Miko, entenda, a gravidez de um hanyou é perigosa, o filhote precisa de uma presença que o acalme e suprima seu youki, no seu caso, pode causar a sua morte e a do filhote, nem este Sesshoumaru e nem a miko querem que este filhote pereça, então terá de aceitar a presença deste Sesshoumaru.
Kagome cravou suas unhas em seus braços e mordeu o interior de seu lábio inferior, tentava impedir que as lagrimas viessem.
- Inuyasha pode fazer isso.
O youkai soltou uma risada pelo nariz o que verdadeiramente surpreendeu a miko.
- O hanyou não serve para nada, nosso filhote, mesmo em seu ventre, já é mais forte que ele, por isto o bastardo saiu com o rabo entre as pernas daqui. O filhote não o aceita e fará você sofrer até que o hanyou se afaste e a presença que ele deseja apareça.
Kagome soltou um baixo rosnado e abaixou os olhos.
- Você está me dizendo que o MEU filho estava LHE chamando?
- O NOSSO filhote estava esperando que o pai aparecesse.
Os olhos azuis se levantaram cheios de ódio, algumas raias eram prateadas, algo que surpreendeu o youkai, mas este não deixará transparecer, na verdade acha bem mais divertido se focar na raiva da miko.
- Agora ele é nosso? Porque pelo o que me lembro de que você mesmo disse que não queria um hanyou como filho... – Kagome se inclinou para frente apoiando as duas mãos no chão, colocando as pernas em paralelo, permanecendo em joelho. – Eu me lembro claramente de lhe dar uma escolha Sesshoumaru ficar e nos proteger ou nunca mais aparecer e o que você fez? Sumiu, esta foi a sua escolha, então não venha reclamar agora a paternidade do MEU filho.
Sesshoumaru a pegou pelos ombros e a levou a ficar sentada sob os calcanhares com um sorriso de canto que a encantou, porém Kagome não permitiria se distrair naquele momento.
- Este Sesshoumaru pensou muito no que a miko disse naquele dia e desde então vem a vigiando de longe, este Sesshoumaru achou que seria melhor assim.... - Kagome arfou e arregalou os olhos, rapidamente seus olhos desceram para sua barriga. – O que houve miko?
Kagome colocou uma mão sob o ombro do youkai e o encarou extasiada com um sorriso enorme na face.
- Ele se mexeu, pela primeira vez, ele me chutou.
Sem pensar muito no assunto a jovem levou a mão do lorde até seu ventre e o desta vez ele também pode sentir o leve movimento do filhote, logo ele se esqueceu da miko e focou sua total atenção na barriga da jovem.
Os dois passaram a apreciar o momento em silencio, na mesma posição em que pararam, a miko segurando o ombro e a mão do youkai que estava pousada em seu ventre, eles não se encaravam, olhavam para o mesmo ponto da barriga saliente da jovem, de onde ambos podiam sentir uma leve movimentação. O momento fora perdido quando um hanyou entrou todo enraivecido na cabana.
- Mas que merda é essa aqui?
Kagome levantou os olhos com um sorriso nos lábios, ignorando a raiva do hanyou.
- Ele se mexeu pela primeira vez Inu.
Os olhos da miko brilhavam extasiados de alegria e InuYasha apenas revirou os olhos.
- keh, idai? Isso não é grande coisa.
Kagome apertou o ombro de Sesshoumaru, enquanto que este olhava de forma assassina para seu meio irmão.
- Inuyasha....
A voz da miko fizera com que todos os pelos do hanyou se arrepiassem em aviso e ele já sabia que havia pisado numa mina terrestre, por isso dera um passo para trás e engolira em seco.
- Só por isso o bastardo tem que ficar tão próximo de você? E afinal o que esse imbecil está fazendo aqui mesmo?
Kagome piscou aturdida algumas vezes e encarou o youkai a sua frente, processando o porquê de ele ainda estar ali. Sesshoumaru por sua vez apenas levantou-se para sentar-se atrás da miko e lhe aproximar o corpo, tendo total liberdade de tocar sua barriga, fazendo-a sentar-se novamente em posição de lótus.
- Estou próximo porque agrada a este Sesshoumaru sentir seu filhote e este Sesshoumaru está aqui pois seu filhote lhe chamava.
InuYasha fechou o cenho e as mãos em punhos.
- Não precisamos de você aqui Sesshoumaru.
O youkai deu um sorriso de canto bem prepotente e passou seu nariz pelo pescoço da miko, que teve evitar de se encolher por conta do arrepio que lhe tomou.
- Claramente vocês precisam deste Sesshoumaru e este Sesshoumaru agora se recusa a deixar seu filhote.
InuYasha bufou irritado e ia saindo da cabana, mas não deixou de resmungar para que só o Sesshoumaru pudesse ouvir.
- Pelo visto não é só do seu filhote que você se recusa a se afastar.

Insano PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora