Visita desagradável

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Kagome observava Sango lavando as roupas da família no córrego, enquanto ela mesma estava sentada um pouco mais distante, em uma pedra, era interessante para ela, uma mulher moderna, ver como sua amiga tinha uma facilidade sem igual para lavar aquelas yukatas manualmente.
- Kagome-chan eu irei estender as roupas, eu volto daqui a pouco para te buscar, está bom?
Kagome revirou os olhos e cruzou os braços.
- Eu não sou nenhuma criança Sango.
A mulher sorriu.
- Mas está gravida e tem um louco atrás de você, você não pode se defender, por tanto precisa de guarda costas, então não seja malcriada.
- Está bem.
- Você não vai sair daqui, não é?
Kagome sorriu enquanto olhava para um canto qualquer.
- Não se preocupe mamãe, vou me manter aqui, bem quietinha.
Sango colocou as mãos nos quadris e sorriu, entrando na brincadeira.
- Ótimo, seja uma boa garota então.
- Hai.
Sango saiu, não sem antes olhar por cima do ombro e verificar se Kagome não havia se movido, vendo a amiga parada no mesmo lugar ela pôs a andar de volta para a vila, tinha de ser rápida, não podia deixar a sacerdotisa muito tempo sozinha.
Kagome suspirou aliviada ao ver a sombra da amiga sumindo, sentia-se sufocada sendo vigiada daquela forma, seus olhos automaticamente se voltaram para o céu e ela relaxou ao sentir os raios solares tocando sua pele e a brisa morna acariciando-lhe o corpo.
Ela estava realmente apreciando aquela paz, mas como dizem, alegria de pobre dura pouco e a da jovem sacerdotisa tinha a triste mania de durar milésimos de segundos, pois assim que sentiu que cairia num breve sono uma forte energia maligna bateu de encontro com sua energia espiritual, seus olhos se abriram em um sobressalto e mais rápido do que julgou possível ela se pôs em pé.
Ao longe uma figura se formava, era pequena e feminina, vestia ricamente uma yukata tradicional, cabelos longos, platinados e presos em duas chuquinhas no alto da cabeça, quando se aproximou Kagome pode identificar um par de olhos ambares e mais frios que gelo e mais duros que diamantes, face impassível e carregava as mesmas marcas de Sesshoumaru.
A mulher logo está a sua frente e parecia analisar-lhe e não parecia nada feliz com o que via.
- Realmente, Sesshoumaru puxou mais do pai do que eu gostaria.
- Quem....
A mulher deu um meio sorriso de escarnio.
- Escolher uma fêmea humana para carregar sua cria, meu filhote realmente tem péssimo gosto e é ainda pior por ser uma sacerdotisa.
Kagome começava a sentir uma pontada de raiva daquela youkai, quando a mulher segurou seu rosto e o ergueu como se para analisar melhor, seus olhos antes de um azul profundo estavam perolados por completo e tomados pela cólera.
- Quem a senhora pensa que é?
- Oh minha criança, vejo que possui muita coragem, mas não passa de uma humana, e depois dessa gestação nem mesmo existira nesse mundo.
Kagome perdera a cor e seus olhos voltaram a ser azuis profundo.
- O que quer dizer com isso? Quem é a senhora?
- Então meu filhote não lhe disse nada? – A mulher soltou um pequeno riso contido. – Não me surpreende, Sesshoumaru é tão calado quanto uma porta, agora minha criança, sugiro que se afaste de minha cria, para o bem dele é claro.
Kagome sentiu um leve enjoou, mas nada que pudesse lhe delatar para a youkai a sua frente, suas mãos fechadas em punhos e a raiva voltava para seu ser.
- Quem, infernos, é a senhora?
Os olhos se tornaram mais gelados que o gelo.
- Sou InuKimi, Dai-Youkai da lua prateada, rainha do castelo e hahaue de Sesshoumaru, por isso se afaste de meu filhote e leve esse hanyou que carrega junto.
Kagome cruzou os braços e sorriu presunçosa, sentia uma leve pontada de um desejo suicida lhe tomar.
- Sinto lhe informar InuKimi-sama, mas não posso fazer isso, me afastar do seu filho digo, preciso da proteção que ele me oferece e pode acreditar se eu não estivesse correndo o risco que corro não teria me aproximado dele.
Nos olhos da mulher a raiva apareceu, enquanto sua face continuava congelada.
- Não me desobedeças, criança.
Kagome se segurou para não revirar os olhos em chateação.
- Olha, eu não estou querendo lhe desobedecer InuKimi-sama, porém como você disse que eu não irei sobreviver ao parto, e eu não quero que meu filho fique desprotegido, por isso Sesshoumaru está aqui, para que meu filho não caia em mão erradas.
A youkai agarrou o rosto da miko com uma única mão e a aproximou de seu próprio rosto.
- Você é fraca como todos os humanos, essa cria que carrega é poderosa demais para seu frágil corpo, ele está emanando youki demais para que um humano comum pudesse aguentar, se você não fosse uma miko já estaria morta neste instante, mas seus poderes, mesmo suprimidos, não irão permitir esse ataque iminente e tanto você quanto sua cria perecerão, não quero ver meu filhote triste, se afaste dele enquanto ainda pode miko.
Kagome tomou o pulso da mão que segurava seu rosto e seus olhos tomaram aquele brilho prateado.
- Eu não sei se você está se fazendo se surda, se fazendo de idiota ou se é os dois casos, mas InuKimi eu não tenho pretensão de me afastar de Sesshoumaru e enquanto eu precisar dele e ele quiser ele irá se manter ao meu lado e não será a senhora ou qualquer outra pessoa que irá impedir.
InuKimi se afastou da miko e a observou com certo interesse, nada mais de raiva e nem desinteresse, mas uma genuína curiosidade.
- Você é diferente criança, algo em você é diferente e eu irei descobrir o que, mas saiba que sua morte irá criar uma grande ferida em meu filhote e quando isso acontecer eu não irei perdoa-la jamais.
- Não se preocupe InuKimi, Sesshoumaru não sairá ferido dessa.
A youkai sorriu de canto sem humor.
- Veremos miko.
A youkai ia lhe dando as costas quando uma súbita curiosidade martelou na cabeça da jovem.
- Há alguma forma de eu sobreviver ao parto? Tipo com a espada ou algo assim?
InuKimi a olhou sobre o ombro.
- A espada de meu filho não poderá jamais lhe salvar pois sua alma já não pertence mais a esta era e a única forma da miko sobreviver a esse parto seria se meu filhote lhe marcasse como sua fêmea, porem sei que ele jamais se rebaixaria a tanto, eu o criei orgulhoso demais para isso.
Kagome viu a mulher sumir no horizonte e seus olhos se perderam por ali, pensamentos correndo a mil por hora e só fora desperta ao sentir um toque suave em sua face, uma leve caricia e seus olhos foram atraídos para novos olhos ambares.
- Está tudo bem com a miko?
Kagome sentiu seus olhos marejarem e quando abriu a boca para falar um alto soluço foi o único som produzido, antes que pudesse notar o que fazia ela se desmanchava em lagrimas. O youkai olhou furiosamente para os lados em busca do que poderia ter afetado daquela forma a miko, até notar que não havia nada e a única coisa que pode fazer fora abraçá-la apertado sentir o aroma de suas madeixas.
- O que está acontecendo aqui?
Sesshoumaru suspirou e olhou para a exterminadora.
- Este Sesshoumaru que deveria estar a fazer esta pergunta, afinal ele encontrara sua miko aqui, sozinha a beira das lagrimas.
Sango engoliu em seco e deu um passo involuntário para trás.
- Eu tive de deixa-la sozinha por alguns instantes, mas até então ela estava bem.
Os olhos do youkai lentamente se tornavam vermelho e suas marcas mais escuras.
- A miko não deveria ficar sozinha em hipótese alguma.
Kagome conteve seu soluço e segurou o rosto do youkai com as mãos e o forçou a encara-la.
- Se acalme Sesshoumaru.... N-N-Não aconteceu nada demais, é só essa gravidez.
Sesshoumaru se afastou da jovem e analisou seu rosto, apesar de coberto de lagrimas continuava lindo, mesmo que agora pequenas, finas e delicadas linhas de um rosa pálido subissem por seu pescoço e terminavam abaixo de seus olhos, eram quase invisíveis para olhos humanos, mas não para ele.
- Tem certeza, miko?
Kagome suspirou aliviada, havia evitado uma crise, porem assim como o alivio veio a escuridão lhe acompanhou e antes de poder responder ela perdia a consciência nos braços do youkai.

Kagome piscava com força, tentando focar no quer que fosse que estivesse a sua frente, sua boca estava seca e sua voz mal saia, sua cabeça girava e seu estomago doía.
- Kagome-chan?
A jovem piscou de forma grogue e tentou sentar-se, mas a tontura lhe abateu e ela fora impedida por um par de mãos de se levantar.
- Kaede-baa-chan?
- Sim minha criança, agora por favor não se esforce.
- Porque não?
Kagome engasgou ao sentir algo molhado tocar-lhe os lábios e se espantou ao se ver tomando agua com uma volúpia sem igual.
- Você está fraca, apesar de estar no segundo trimestre de uma gravidez humana, a sua gravidez youkai está em um estágio avançado, não sei se você irá aguentar até o terceiro trimestre desta gravidez.
Kagome sentiu-se ser levantada por um par de mãos fortes e apesar de não enxergar bem tinha a mais absoluta certeza de que aquelas mãos pertenciam a Sesshoumaru.
- Então estou proibida de sair da cabana?
- Sinto muito, criança.
A jovem suspirou e se recostou no corpo atrás de si, seus olhos pesavam.
- A culpa não é da senhora.
O silencio fora unanime por alguns instantes até o estomago da jovem reclamar.
- Céus, la ia eu me esquecendo de lhe alimentar, eu já volto com algo para você comer.
Kagome sorriu de olhos fechados.
- Pode ser Udon com pasta de feijão doce?
Kaede franziu o cenho e encarou o albino atrás da jovem.
- Isso... é um pedido bem estranho, menina.
Kagome riu um pouco.
- Eu sei, mas só de pensar de comer minha boca já se enche de agua.
Kaede suspirou e olhou para Sesshoumaru.
- Você pode fazer o favor de buscar Sesshoumaru?
Fora a vez do youkai suspirar, porem este se levantou.
- Este Sesshoumaru verá o que pode fazer.
Kagome se deitou ao perder seu apoio e sorriu feito criança.
- Você pode ver se tem cerejas em conserva?
Sesshoumaru encarou a miko por alguns instantes para no fim anuir com a cabeça e sumir pela porta.
- Tendo desejos a esta altura do campeonato Kagome?
Kagome riu e abraçou o travesseiro.
- Aparentemente meu filhote finalmente resolveu exigir algum tipo de comida, só espero que ele não invente de querer comidas do futuro, porque se não tenho dó do Sesshoumaru.
Kaede sorriu e fez a jovem tomar um chá de ervas que amenizou suas dores e também ajudou a conseguir ajustar sua visão.
- Sim, eu também tenho dó, pois não há como ele conseguir satisfazer esse tipo de desejo.
Kagome estava quase caindo novamente no sono quando um estrondo chamou sua atenção e ela viu um vulto vermelho entrar na cabana.
- Kaede-Baba, como ela está?
Kagome suspirou cansada.
- Estava bem e quase dormindo novamente quando um baka resolveu invadir a cabana da Kaede.
- Eu fiquei sabendo que você desmaiou e fiquei preocupado.
Kagome viu as orelhas do hanyou baixas e suspirou, estava sendo ríspida demais com InuYasha, ele não era de todo mal e parecia genuinamente preocupado.
- Eu estou bem Inu, um pouco mais cansada e totalmente dolorida, mas não há nada a se fazer.... E não ouse dizer para que eu interrompa essa gravidez.
Kagome o viu abrir e fechar a boca, para pôr fim ele sentar-se ao lado da porta e de frente a ela.
- Keh, eu não ia dizer isso, mas essa sua gravidez está muito estranha Kagome, pelo o que minha mãe me contou ela não ficou assim, para ela fora uma gravidez normal.
Kagome sorriu meio grogue.
- Sim, imagino que sim, mas Inu, diferente da sua mãe, eu sou uma sacerdotisa, então eu tenho que controlar meu poder e ainda aguentar o youki do bebê, é desgastante.... – Kagome parou no meio da frase ao sentir o cheiro de comida, ela começou a sentar-se e farejar o ar ao mesmo tempo, de olhos fechado ela lambeu os lábios e ao abri-los Sesshoumaru estava na porta com dois pequenos potes, um bem lacrado e o outro exalando o aroma de udon. – Você conseguiu?
Sesshoumaru suspirou e colocou as coisas na frente da miko.
- Este Sesshoumaru conseguiu, mas não fora nada agradável para este Sesshoumaru conseguir as cerejas.
Kagome pegou os hashis e começou a devorar o udon nada tradicional.
- Porque?
- Pois este Sesshoumaru teve de ir ao reino do Leste e falar com o lobo.
Kagome sorriu.
- Teve de conversar com o Koga?
- Sim.
- Ele foi desagradável?
Sesshoumaru olhou para um lado qualquer.
- Este Sesshoumaru não diria desagradável.
- Hunf, então você também não suporta o cheiro do lobo fedido.
O youkai pela primeira vez encarou o hanyou.
- Este Sesshoumaru não tem problemas com o lorde do Leste.
- Keh, até parece.
Kagome terminou seu udon e já atacou as cerejas em conserva, ignorando os dois irmãos que começavam uma discussão. Ela lambia os dedos sujos e extremamente doces e encarava os dois.
- Até quando pretendem ficar brigando?
Os dois lhe encararam furiosos.
- Isto não é uma briga.
- Este Sesshoumaru não desperdiçaria seu tempo brigando com este hanyou estupido.
Kagome sorriu.
- Ótimo, pois com vocês dois brigando aqui dentro eu não conseguiria dormir.
A jovem voltou a se deitar e sentiu seus olhos pesarem e antes que notasse já havia adormecido. Os dois machos encararam a jovem e depois se encararam, InuYasha resolveu se retirar do aposento e Sesshoumaru sentou-se perto da miko e ficou a lhe observar.

Insano PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora