Sequestro

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Sesshoumaru aos poucos sentia que iria enlouquecer com os pedidos cada vez mais absurdos da miko, já fora peixe assado com purê de batata, arroz com ovas de peixes e mel, melancia com shoyu e a mais estranha fora quando ela lhe pediu vários tipos de frutas picadas em um pote com açúcar em calda, claro que este fora estranho para si, já para a jovem esse fora o pedido mais comum dela e o que mais o enlouquecia é que muitas vezes ele nem ao menos comia o que pedia, simplesmente falava que já não sentia mais vontade de comer e começava a dormir.
O único momento de paz do youkai era quando observava o rosto da jovem adormecida, sua face lhe transmitia uma paz sem igual e era o único momento em que conseguia descansar verdadeiramente.
Suas idas cada vez mais frequentes para o seu palácio estavam lhe custando e não poder ficar perto da sua fêmea o irritava, sua progenitora o estava irritando cada vez mais.

Kagome acordou de supetão, sentira uma pressão muito forte em sua frente que lhe tirara o folego e olhou assustada ao redor, mas se encontrava novamente sozinha e isso a fez suspirar desanimada.
Estava cada vez maior, cada dia mais se aproximava de seu parto e parecia que Sesshoumaru se afastava mais com essa aproximação. Ela tinha de passar o dia inteiro trancada ali dentro da cabana, não estava autorizada para sair ou andar, ou fazer qualquer tipo de esforço, as crianças as vezes passava ali para anima-la e conseguiam por alguns minutos.
Naquele dia em especifico ela decidiu sentar-se e sair um pouco, precisava ver o sol, sentir o vento, respirar ar puro e com dificuldade ela conseguiu, mas só conseguira ir até a frente da cabana e sentara-se num banquinho de madeira ali.
Seus cabelos longos, negros e com mexas platinados já batiam a seus pés e ela morria de vontade de corta-los a moda da sua era, num corte Chanel, livrando seu pescoço daquele monte de fios e assim refresca-la durante o calor.
- O que faz aqui fora Kagome?
A jovem meio letárgica sorriu ao encara um par de olhos ambares, porem em momento algum chegou a confundi-los.
- Tomando um ar fresco, ficar la dentro sem fazer nada estava me matando.
- Keh, a velha disse que era perigoso para você ficar aqui fora, por causa do final dessa gravidez.
Kagome suspirou e olhou para o horizonte.
- E realmente o é, mas eu não aguento ficar encarcerada, sem contar que ao não fazer nada, pensamentos estranhos andam rondando a minha mente e eu chego ao ponto de acreditar que vou enlouquecer.
- Pensamentos estranhos?
Kagome suspirou e encarou as mãos.
- É como se uma vozinha dentro da minha mente estivesse falando comigo, as vezes isso me acorda do meio de um sonho, no meio da madrugada ou me atrapalha quando estou conversando com alguém.
InuYasha a olhou de esguelha, totalmente desconfiado, e parecia que pela primeira vez ele olhava para a jovem sacerdotisa de verdade.
- Kagome que inferno de marcas são essas na sua pele?
Kagome o encarou sem entender e depois voltou a olhar sua pele.
- Não sei, mas elas vêm aparecendo cada vez mais.
O hanyou fechou os olhos e agachou-se em frente a jovem.
- Kagome essa gravidez está muito estranha, eu diria até perigosa...
Kagome sorriu ternamente e acariciou a face do rapaz a sua frente.
- Já tarde demais para isso Inu, daqui a pouco essa criança vai nascer e vai precisar da sua cooperação com o Sesshoumaru para crescer.
O hanyou arregalou os olhos e se levantou.
- O que quer dizer com isso?
Kagome suspirou e ficou de pé, em frente a um jovem hanyou com o corpo todo retesado e a face séria demais.
- O que eu quero dizer é o óbvio, eu não vou sobreviver ao parto, Sesshoumaru terá de cuidar da nossa cria e eu quero que você, Inu, fique de olho para que o meu filho não se torne um cubo de gelo como o pai.
- Eu-Eu-EU não posso fazer isso, Kagome.
Kagome o olhava compreensiva demais, carinhosa demais, e tudo isso era demais para o pobre hanyou, que nem ao menos podia toca-la ou poderia sofrer severas punições.
- Você pode sim Inu e eu estou lhe pedindo que o faço, caso a certeza que eu tenha venha a se concretizar.
- Sesshoumaru pode lhe reviver com a Tenseiga.
Kagome sorriu de modo triste.
- Não, ele não pode, meu corpo e minha alma pertencem ao futuro, aqui a alma de Kikyou deixou de existir e a Tenseiga não conseguira fazer nada a este respeito, por isso Inu, me prometa que ficara de olho no meu filho se o pior vier a me acontecer.
InuYasha tinha as mãos postas ao lado de seu corpo fechadas em punhos e abaixou a cabeça, suas orelhas caíram assim como seus ombros.
- Eu ficarei de olho no monstrinho. - Kagome sorriu meigamente e o abraçou, abraço esse que não foi correspondido, na verdade ele lhe afastara como se seu corpo possuísse veneno e sua cabeça se voltara para trás a tempo de ver um youkai nada feliz se aproximando. – Merda.
E antes de mais nada o hanyou havia desaparecido e Kagome pode ver o que lhe assustou, Sesshoumaru vinha logo a frente e não parecia nem um pouco feliz.
- O que a miko fazia aqui fora com o bastardo?
Kagome respirou fundo e revirou os olhos.
- Estávamos apenas conversando.
- Abraçados?
Kagome bufou irritada, suas emoções variavam tanto que as vezes lhe deixavam tonta.
- Eu o estava agradecendo, afinal consegui arrancar uma promessa dele e não, eu não vou lhe contar o que foi.
Kagome começou a entrar na cabana quando outra onda de dor lhe abateu.
- Miko?
A jovem respirou fundo e voltou a andar, apesar de que agora ela suava frio.
- Não foi nada.
E ela realmente pensava assim.

O tempo que antes que era um dia claro de sol, se tornara negro com grossas nuvens de chuva a se formar. Kagome estremecia a cada novo trovão que ressoava e Sesshoumaru parecia agitado olhando a toda hora para fora.
- Se você precisa ir, vá.
- Mas....
- Mais nada Sesshoumaru, você está claramente ansioso para dar o pé daqui, então vá, tenho certeza que o assunto é urgente, por mais que você tenha acabado de voltar.
O suspiro aliviado do youkai a enervou e quando ele se aproximou para se despedir deu de cara com uma barreira.
- O q....
- Vá embora logo Sesshoumaru.
O youkai a encarou por alguns segundos e partiu e assim como a chuva começou a cair a jovem se pôs a chorar e nem entendia o motivo e assim caiu no sono.
A chuva caia de forma torrencial e junto a um trovão a jovem acordou com uma dor que lhe cortou o corpo inteiro, era pior do que ter um osso quebrado e ela sentiu-se molhada, terrivelmente molhada e seus olhos se arregalaram. Assustada ela olhou ao redor em busca de uma pessoa, mas encontrou outra parada ali, enquanto mexia em uma panela fumegante.
- Kaede-baa-chan...
Kaede assustou-se com o grito da jovem.
- Kagome, querida, o que foi?
- A bolsa.... A bolsa estourou.
O olho da velha sacerdotisa se arregalou.
- Mas ainda é cedo.
Kagome rosnou quando outra onda de dor lhe transpassou.
- Diga isso para o bebê e não para mim.
- Onde está o Sesshoumaru.
Kagome arfou antes de poder responder.
- No Oeste, parece que anda tendo problemas que requerem muito a atenção dele....
Kagome gemeu novamente de dor.
- Maldito youkai, insensível.
Kaede se pôs a trabalhar na jovem, que parecia sentir dores terríveis, suas marcas brilhavam levemente e estas chamaram a atenção da velha sacerdotisa, que teve de ignorar a pergunta e correr para porta e gritar a plenos pulmões.
- INU-YASHA!
Em questão de segundos o hanyou estava na frente da senhora, arfando e completamente ensopado.
- Keh, o que foi Kaede-baba?
Kaede o encarou furiosa.
- Vá o mais rápido possível para o Oeste e avise ao Sesshoumaru que Kagome entrou em trabalho de parto.
InuYasha perdera a cor e olhou para a jovem que se contorcia no futon e gemia de dor.
- Mas isso irá demorar horar se eu correr sem parar para nada.
- Aqui também irá demorar, trazer uma criança humana ao mundo não é algo fácil, um hanyou então nem se fala, agora vá e não perca mais tempo.
Kagome mal conseguia respirar por conta das dores, seus ossos pareciam a ponto de quebrar, todos juntos, sua cabeça explodia e ela mal conseguia enxergar. Seu corpo era coberto de suor enquanto que as lagrimas escorriam de seus olhos, aquela voz baixa e infantil invadira sua mente, mas ela mal podia escuta-la, sua dor era maior e seus gritos mais altos.
A chuva torrencial não parecia passar e Kaede se preocupava cada vez mais com o estado da jovem, ela não tinha dilatações o suficiente, a criança já estava na posição correta e ela perdia sangue.
- Kagome, minha criança, eu não sei o que fazer para te ajudar.
Kagome arfava e olhou de esguelha para a velha senhora.
- Faça um pequeno corte entre a vagina e o ânus Kaede, isso vai ajudar.
- Mas...
- Kaede o bebeê irá começar a sufocar, ele quer sair, então vamos tira-lo.
- Mas a dor....
Kagome não aguentou mais e gritou.
- Dane-se a dor, faça o que eu disse logo Kaede!
A mulher pegou uma pequena faca e a esterilizou e logo fez o que a jovem pediu e quando ela ia começar a fazer força um raio cortou o céu e revelou uma figura parado em frente a porta.
- Ora, ora, vejam só, eu cheguei na hora certa.
Kagome arregalou os olhos, como não o sentira antes?
Kaede se levantou pronta para defender a menina, porem seu corpo fora jogado contra uma parede por uma força desconhecida, Kagome queria poder se defender, porém, não tinha forças, ela viu a velha sacerdotisa cair desacordada e se condoeu sobre o ocorrido. Ela viu o hanyou se aproximar e lhe injetar algo na veia do pescoço e antes de notar apagava.
Hebigon observou a jovem perdeu a consciência e sorriu, deveria assumir que a jovem era bela, muito mais bela que muitas youkais e era apenas uma humana, quem sabe ele não produziria seu próprio herdeiro nela. Com rapidez o hanyou a pegou no colo e partiu antes que qualquer um pudesse percebe-lo.


InuYasha corria a toda velocidade, fazia umas duas horas que saira do vilarejo e rezava para que Kagome estivesse bem, não se perdoaria se algo acontecesse a ela, ao avistar um enorme palácio fortemente guardado ele quase vacilara, porem passara pelos guardas do portão feito um raio vermelho e seguira até onde sentia o cheiro mais forte de Sesshoumaru, invadira o escritório e pouco se importou com a expressão furiosa de Sesshoumaru e ignorou os lordes presentes no recinto.
- O que pensa que está fazendo, hanyou?
InuYasha não tinha tempo para poder recuperar o folego.
- Kagome entrou em trabalho de parto, sua cria irá nascer.
Todos os presentes se interessaram pela notícia, afinal não sabiam que Sesshoumaru havia tomado uma fêmea para si e nem que ele iria ter uma cria.
- O que disse?
InuYasha revirou os olhos.
- Ficou surdo agora Sesshoumaru? Eu disse que Kagome entrou em trabalho de parto, ela precisa de você agora, você sabe como as fêmeas ficam vulneráveis nesse momento.
Sem pensar por mais nem um milésimo de segundo o youkai saiu correndo sem se importar com os lordes com quem tinha uma reunião, estava preocupado com a fêmea e sua fera rugia lhe dizendo que algo ia de errado.
InuYasha revirou os olhos e sairá correndo seguindo o irmão, por mais exausto que estivesse jamais permitiria que Sesshoumaru levasse a gloria de chegar primeiro no vilarejo e encontrar Kagome.
A chuva molhava aos dois que corriam quase sem ver nada a frente, apesar disso ambos conseguiam desviar de tudo sem nenhum problema. A cada segundo a mais que se passava Sesshoumaru aumentava a sua velocidade, sua fera rugia que sua fêmea estava em perigo e precisava dele.
InuYsha tentava alcançar o irmão, porem estava cansado demais e sua velocidade jamais poderia ser comparada ao de um youkai completo, mas isso não queria dizer que ele não daria o seu melhor para acompanhar a velocidade do mais velho, seu orgulho jamais permitiria que ele fizesse isso.
Sesshoumaru fora o primerio a chegar, segundos depois veio um InuYasha que nem ao menos conseguia respirar direito, mas assim que seus olhos correram pelo locar percebeu que algo não ia bem.
- Mas o que....
- Ajude a velha, InuYasha.
InuYasha arregalou os olhos ao ver Kaede caída no chão e fez o que o youkai mandou, deitou a velha em seu futon e encarou o irmão, Kagome não estava ali e isso certamente não era coisa boa.
- E agora?
Sesshoumaru tinha as mãos em punhos e o cenho franzido, fúria era pouco para o que ele estava sentindo.
- Onde ela está hanyou?
InuYasha tremeu na base, suas pernas fraquejavam.
- Era para estar aqui.
- Você foi o ultimo a estar aqui InuYasha, agora me diga o que fez a minha fêmea?
Os olhos de InuYasha se arregalaram.
- Quando eu sai ela estava gritando de dor e Kaede me mandou busca-lo, eu não sei o que pode ter acontecido neste meio tempo.
O youkai estava prestes a partir para cima do meio irmão, quando viu a velha sacerdotisa recobrar a consciência.
- Miko?
A voz fria de sesshoumaru fez a velha arregalar os olhos e se sentar o mais rápido que seu velho corpo lhe permitia, o que não era muito, sua cabeça ainda latejava.
- Graças a Deus vocês chegaram.
Sesshoumaru não se compadeceu da velha sacerdotisa e a encarava com fúria escarlate em seus olhos.
- Onde está a minha fêmea, sacerdotisa?
Kaede sentia a dor lhe consumir, porém não deixou que a controlasse.
- Ele apareceu aqui, me jogou contra a parede e provavelmente levou a menina Kagome.
- Ele quem?
Sesshoumaru rosnou baixo, seus olhos foram tomados pelo escarlate, suas presas ficaram sobressalentes assim como suas marcas se tornaram mais fortes, suas mãos sangravam devido as garras terem perfurado a pele da palma.
- Eu vou transformar aquela cobra em picadinho e servir para os porcos, não haverá um único pedaço que sobre.
InuYasha estremeceu de medo e viu seu meio irmão se afastar e encarou a velha sacerdotisa.
- De quem ele está falando?
Kaede revirou os olhos e voltou a se deitar.
- Ele está falando de Hebigon, InuYasha.
O hanyou arregalou os olhos e encarou a porta.
- Tenho dó desse lunático que ousou cruzar o caminho do Sesshoumaru.
Kaede abriu de leve seu olho e sorriu de canto.
- Senti uma ponta de orgulho nessa frase InuYasha, ou foi só impressão?
O brilho orgulhoso nos olhos do hanyou se apagaram e ele encarou a velha sacerdotisa.
- Não diga asneiras velha, deite e descanse, pois, a batida deve ter sido forte para alucinar desta forma.

Insano PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora