Partida

1.8K 127 3
                                    

A noite caiu e a temperatura da jovem não cedia, o chá de ervas não havia funcionado, as compressas frias também não, Kaede já estava preocupada e descaelada. Seshoumaru se manteve ao lado da jovem desde que se livrara de InuYasha e o casal de amigos havia ido embora poucos minutos depois dele chegar.
Kagome ao ver que a noite já caia agarrou a barra do haori de Sesshoumaru, atraindo a atenção do youkai para si.
- O que foi miko?
Kagome arfava.
- Banho.
- Vou falar para a velha preparar....
Kagome negou com a cabeça e o segurou no lugar.
- Rio.
- A miko não pode, o corpo da miko não vai suportar o choque térmico.
Os olhos de Kagome se encheram de lagrimas.
- Onegai.
Sesshoumaru suspirou e a pegou no colo, totalmente vencido, não conseguindo acreditar que era apenas a miko insinuar que iria chorar que ele era vencido, vencido por lagrimas, era o fim da picada.
Com cuidado ele a levou até o riacho me que ela costumava se banhar e de roupa mesmo entrou. Kagome suspirou aliviada ao sentir a agua quente em sua pele, Sesshoumaru a colocou sob as próprias pernas, porem suas mãos mantinham-se em sua cintura, seus longos baelos negros se misturaram aos platinados do youkai, a agua gelada a sua volta pareceu resfriar sua pele, e lentamente ela foi afundando, até estar totalmente submergida. O youkai a viu mergulhar e a observou afundar, suas mãos fechadas em punhos, logo seus olhos se dirigiram para a lua no céu, livre de nuvens, um espetáculo que poucos apreciavam.
Kagome voltou a superfície poucos segundos depois em busca de oxigênio, sua pele se resfriara e tudo o que lhe restava daquele calvário foi pequenas dores em seus músculos. Sesshoumaru ainda estava atrás de si e ela sabia que ele olhava para a lua.
- Desculpe por todo este trabalho Sesshoumaru.
O youkai permaneceu imóvel.
- A culpa não é da miko.
Kagome sorriu de canto, porém não era um sorriso verdadeiro.
- Sim, não é, porem me sinto responsável, afinal, fui eu quem decidiu levar essa gravidez adiante.
Sesshoumaru apssou seus braços pelo corpo da miko em for de um abraço e apoiou sua cabeça no topo do da dela.
- Não havia outra opção.
Kagome acariciou uma das mãos dele e se apoiou no peito do youkai.
- Eu poderia ter abrotado a criança Sesshoumaru, eu tenho conhecimento o suficiente para poder fazer.
Sesshoumaru estreitou o abraço e desceu seus lábios até a orelha da jovem.
- A miko jamais faria isso.
Kagome sorriu levemente.
- O que faz você ter tanta certeza assim?
Sesshoumaru afastou o cabelo grudado da miko do lado esquerdo e voltou a abraçá-la.
- A miko é boa demais para ter coragem de matar uma criatura inocente.
- Às vezes eu penso que não deveria ser tão boa assim.
- Não diga bobagens miko.
Kagome fechou os olhos por alguns instantes, aproveitando a calmaria da noite, o frio da agua e o toque carinhoso de Sesshoumaru.
- Melhor voltarmos Sesshoumaru.
A jovem ia dar um passo para sair dos braços do youkai, porem este novamente a pegou no colo.
- A miko tem razão, melhor voltarmos, antes que ficar aqui fora neste frio acarrete em mais uma febre para a miko.
Kagome revirou os olhos, porem passou os braços por cima dos ombros do youkai e tombou seu rosto no ombro dele e permitiu que ele a carregasse de volta para cabana, onde roupas secas e passadas lhe esperava.
A jovem secou-se e se deitou no futon, não se surpreendeu ao ver o youkai deitar-se ao seu lado em silencio. Estava quase embalando no sono quando sentiu Sesshoumaru se mexer.
- O que houve Sesshoumaru?
O youkai suspirou e puxou a miko para cima de seu peito.
- Miko, este Sesshoumaru terá de voltar ao Oeste por alguns dias.
Kagome suspirou e automaticamente sua mao foi para sua barriga.
- E qual o problema?
Sesshoumaru começou a fazer um leve cafuné na cabeça da jovem.
- Este Sesshoumaru não gostaria de deixar a miko só no estado em que está.
Kagome suspirou extasiada.
- Sesshoumaru, se suas terras estão precisando de você é melhor você ir, eu não estarei totalmente desprotegida, tenho meus amigos.
A jovem sentiu o peito do youkai vibrar em um rosnar.
- Este Sesshoumaru não confia em um hanyou e alguns humanos para proteger sua fêmea.
Kagome revirou os olhos.
- Sesshoumaru você precisa ir e não vai ter outra opção além de confiar em meus amigos.
O youkai a envolveu em seus braços e lhe apertou levemente. Kagome levou aquele gesto como uma concordância e final de papo, por isso permitiu-se embalar em um sono pesado e sem sonhos.

Kagome acordou sozinha na manhã seguinte. Seu corpo estava levemente dolorido e sentia um vazio no peito. Olhou ao seu redor e notou que estava realmente sozinha, não podia sentir a presença dele ali na cabana e nem nas redondezas e a constatação de que Sesshoumaru havia partido a fez suspirar tristemente, mas logo sacudiu a cabeça para afastar aqueles pensamentos, afinal não deveria ter se apegado tanto ao youkai.
Com cuidado ela se pôs a realizar suas atividades diárias, logo ao sair da cabana viu seu filhote brincando com as gêmeas e a Rin.
- Kagome-onee-sama.
A menina assim que a viu saiu em disparada em sua direção, sendo seguida por Shippou e as gêmeas.
- Como está Rin?
- Esta Rin está ótima, principalmente por Sesshoumaru-sama dar uma missão muito importante para ela.
Kagome sorriu enquanto alisava o topo da cabeça da menina.
- E que missão seria está?
A garota abriu o maior sorriso que pode e seus olhos brilharam.
- Ficar de olho na Kagome-onee-sama para que nada possa acontecer com ela e o filhote.
Kagome sorriu ao sentir o orgulho da menina em sua frase, seus olhos voaram para a pequena raposa parada ali ao lado da menina.
- E você Shippou?
A pequena raposa parecia se segurar. Rin ao ver o embaraço do amigo sorriu mais ainda.
- Shippou também foi ordenado a cuidar da miko.
- E porque está tão amuado?
- Sesshoumaru o proibiu de correr para pular em seu colo.
Kagome encarou a menina por alguns instantes e depois encarou seu filhote.
- Isso é verdade Shippou? – A pequena raposa apenas maneou a cabeça em concordância e seus olhos verdes encheram-se de lagrimas, a miko suspirou e pegou a raposa e o levou para o seu colo. – Não ligue para aquele youkai Shippou, eu vou te pegar no colo pelo tempo em que você se manter deste tamanho, nada vai mudar só porque estou gravida.
- Kagomeeeee....
O pequeno caiu nos prantos e a jovem passou a alisar suas costas para consola-lo e Rin apenas podia observar. Kagome desviou os olhos do filhote de raposa para a menina humana.
- O que foi Rin?
- Está Rin só estava pensando que deve ser assim que deve ser ter uma okaa-sama.
Kagome alisou o topo da cabeça dela e lhe sorriu.
- Sim Rin, é e se quiser saber eu não considero apenas o Shippou como o meu filhote, você também é como uma filha para mim.
Os olhos achocolatados da jovem brilharam de felicidade.
- Verdade?
Kagome passou a mão da cabeça para o rosto da menina.
- Sim minha querida, mas agora chega dessa cena, vocês vão brincar com as gêmeas, que por acaso já estão impacientes, enquanto eu irei observa-los.
- Como sempre?
Kagome soltou uma risadinha e desceu Shippou de seu colo.
- Como sempre.
O dia passou vagarosamente, Kagome perdera as contas de quantas vezes se pegara olhando para trás na esperança de ver Sesshoumaru ali parado estoicamente lhe observando e também perdera a conta de quantas vezes a decepção lhe batera ao ver que ele não estava.

Dois dias se passaram desde a partida repentina de Sesshoumaru, Kagome naquela manhã estava sentada em baixo de uma frondosa arvore, o dia estava nublado, porem nenhum sinal de que a chuva realmente cairia e a jovem se sentia cada vez mais melancólica.
- Keh, pare de suspirar Kagome, isto já está me dando nos nervos.
Kagome mordeu o lábio inferior quando as lagrimas embaçaram sua visão.
- Não consigo, é mais forte que eu InuYasha, são esses malditos hormônios.
O hanyou do alto do galho inclinou a cabeça em uma clara dúvida.
- Hormônios?
Kagome bufou irritada.
- É a gravidez, ela mexe com algo no meu organismo que me deixa sensível, é só isso InuYasha.
- Keh, então você está gravida desde sempre, Kagome.
Uma veia saltou na testa da jovem.
- InuYasha.... – As orelhas do hanyou se mexeram e ele estremeceu. – Senta.
O hanyou caiu da arvore com a cara no chão, a força fora tal que criara uma pequena cratera.
- Sua bruxa, porque fez isso?
Kagome o encarou e se olhar matasse, InuYasha naquele instante estaria morto.
- Se você é idiota o suficiente para não perceber não serei a lhe responder, agora vá embora InuYasha, a simples visão da sua cara de paspalho me causa ânsia.
- Você vai se arrepender disto, bruxa.
Mais do que rapidamente o hanyou saiu de perto da jovem, que apenas encarou o horizonte e passou a observar o tempo passar.
O céu aos poucos era tingido pelas cores da alvorada, amarelo, vermelho, laranja, rosa e azul, o céu tomava os aspectos da noite e no horizonte a jovem viu a pequena figura de sua amiga exterminadora, sabia que já era hora de voltar para a cabana, mas só podia sentir a melancolia dentro de si e sabia que o sentimento não era unicamente seu, seu filhote também sentia falta do pai.
- Eu sei pequeno, logo ele retorna, então seja paciente.
Com dificuldades de locomoção devido ao peso da barriga e as dores em suas juntas, a jovem levantou-se e partiu para mais uma noite de insônia na cabana da velha sacerdotisa da vila.
- Kagome-chan, cade o impretavel do inuYasha?
Kagome riu para a amiga.
- Lambendo as feridas em algum canto, o enxotei daqui a algum tempo atrás.
- Você não deveria ficar sozinha.
Kagome suspirou e entrelaçou seu braço no da amiga.
- Eu seu Sango, só é que o InuYasha me irrita, me irrita mais do que deveria, para falar a verdade.
Sango sorriu e negou com a cabeça.
- É a forma dele se manter próximo de você, afinal ele perdeu o pedestal dele em seu coração.
Kagome negou com a cabeça, totalmente divertida.
- Ele precisa arranjar alguém logo ou eu irei perder a cabeça e matar ele.
- Ou o Sesshoumaru vai matar ele, creio que o youkai já esteja a ponto de explodir com o meio irmão.
Kagome riu e olhou para o céu.
- Sesshoumaru não mataria o Inu, querendo ou não eles são irmãos e o Sesshoumaru sabe disso, apenas finge odiar o meio irmão.
Sango franziu o cenho e parou a amiga para poder encara-la.
- Como sabe disso?
Kagome sorriu envergonhada.
- Sesshoumaru é muito mais poderoso que o Inu, ele poderia ter acabado com o nosso amigo em qualquer momento durante a nossa jornada, mas nunca o fez, o que me leva a crer que o laço genético que os une é mais forte do que o próprio Sesshoumaru pensa.
A exterminadora parou para pensar por alguns instantes enquanto retornava a sua caminhada.
- Você está certa, ele realmente poderia ter matado o Inu em qualquer um dos momentos em que eles cruzaram espadas, mas não creio que o fato deles serem irmãos tenha influenciado o youkai a não matar o meio irmão.
Fora a vez de Kagome olhar para a amiga em dúvida.
- E o que teria sido então?
Sango olhou de canto para a amiga e sorriu misteriosamente, sorriu como se finalmente descobrira algo importante e não queria compartilhar, um sorriso que por um lado amedrontou a sacerdotisa no mesmo passo em que a deixou levemente curiosa.
- Vai saber.
Kagome suspirou.
- Me diga Sango, por favor.
A exterminadora negou com um aceno e adentrou a cabana da velha sacerdotisa.
- Eu não preciso te contar Kagome, logo você irá descobrir por si mesma.
Kagome bufou irritada, odiava ficar com uma pulga atrás da orelha, até mesmo quando era o velho Myoga ela odiava.
- Isso não é justo, eu também quero saber.
Kagome seguiu a amiga fazendo birra, igual a criança, com beicinho e braços cruzados.
- Uma hora você descobre Kagome, uma hora.
A jovem sacerdotisa sentou-se perto da panela que exalava um cheiro delicioso, sua boca enchera-se de saliva só de imaginar o gosto daquele manjar dos deuses e decidiu por aquele assunto de lado para poder apreciar aquela maravilha que Kaede chamava de janta.

Insano PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora