Os dias passavam de maneira tranquila para a jovem sacerdotisa, apesar de ela ter de tolerar a inesperada aproximação do youkai mais frio daquela era e todo seu instinto protetor, que naquele momento a tirava do sério.
Cada dia que se passava maior sua barriga se transformava, ela podia sentir seu pequeno bebê cada vez mais forte em seu ventre, podia senti-lo se mexer, podia sentir sua aura, as vezes jurava que podia até mesmo ouvi-lo.
Naquele momento a jovem mãe estava recostada em uma arvore, observando seus filhos adotivos brincando com os filhos de sua melhor amiga, não via a hora de ver o pequeno que carregava correndo junto deles.
- No que tanto pensa, miko?
Kagome revirou os olhos e virou o rosto para encarar o recém-chegado.
- Estava pensando em quando me verei livre de você, youkai.
Sesshoumaru levantou uma sobrancelha.
- Então, respondendo seu pensamento, isto será nunca miko.
Kagome sorriu de canto.
- Nunca diga nunca Sesshoumaru, você irá desaparecer assim que encontrar uma youkai a sua altura.
Kagome voltou seu olhar para as crianças enquanto prendia o ar por conta da dor que lhe tomou. Afinal era assim sempre que ela mencionava uma outra mulher, seu filho liberava quantidades absurdas de youki, causando a ela muita dor.
- Não seja estupida, miko.
Kagome cerrou os punhos e sentiu seu maxilar travar.
- Não me chame de estupida Sesshoumaru e não me chame de miko, eu tenho um nome.
Sua voz saia baixa e arrastada, sua raiva era muito maior do que deveria, ela culpa os malditos hormônios e a sua escassa paciência, que parecia estar se esgotando.
- Kagome você é uma miko e também é estupida... – Kagome o encarou com os olhos repletos de fúria e nas íris azuladas ele pode ver pequenas raias peroladas, mas não pode pensar muito sobre o assunto. – O título de miko é algo realmente importante que este Sesshoumaru respeita e a miko é estupida por dizer coisas que sabe que irão faze-la sentir dor, o filhote não gosta que você cite outras fêmeas na vida deste Sesshoumaru.
Kagome bufou e voltou a olhar para a frente.
- Cuide da sua vida, Sesshoumaru.
O youkai deu um meio sorriso enquanto via miko voltar a olhar para as crianças.
- Este Sesshoumaru está cuidando, Kagome.
A jovem corou profundamente enquanto fingia ignorar o youkai. A dor aos poucos foi cedendo e ela pode enfim respirar normalmente.
Sesshoumaru observava de canto de olhos a miko e notava as mudanças na jovem, sua pele estava claramente mais suave e pálida, seus cabelos possuíam longas mexas platinadas, pequenas linhas em um rosa pálido envolviam seus pulsos e subiam por sua pele em forma de arabescos, os olhos de um azul escuro possuíam raias peroladas, seu aroma permanecia o mesmo, uma mistura de uma tempestade de inverno e menta, tinha o seu próprio misturado ali, uma tempestade de verão e o amadeirado, e lá no fundo o cheiro de uma grama recém cortada e limão, seu corpo estava mais voluptuoso, o quadril mais largo, a cintura mais fina, os seios fartos e cheios de leite, o leve rubor em sua face que dificilmente desaparecia e que se intensificava quando ele dizia algo mais diferente e a cada novo detalhe que ele descobria na miko mais ele queria observa-la, ela o estava atraindo mais do que sua consciência poderia permitir.
Kagome suspirou, sentia que Sesshoumaru a observava e isso a fazia sentir vergonha, afinal, estava enorme, ela estava cada vez mais gorda.
- Sesshoumaru?
O youkai não ia responder, mas sabia que seu silencio apenas a irritaria mais.
- Sim, miko?
- O que você sabe sobre a gestação de um hanyou?
O youkai a encarou por alguns instantes, claramente surpreso.
- Sei que ela é perigosa, tanto para a criança quanto para a mãe, que ela se realiza no tempo de uma gravidez humana e que geralmente a mãe falece no parto, porque miko?
Kagome torcia a barra de seu kimono enquanto encarava as crianças brincando.
- Eu quero que você me prometa algo Sesshoumaru.
- O que quer miko?
Kagome se levantou com certa dificuldade e se virou de frente para o youkai.
- Quero que me prometa que se eu não sobreviver ao parto você irá proteger nosso filho de tudo e de todos enquanto ele não souber se defender sozinho.
Sesshoumaru bufou e cruzou os braços.
- Isso não vai acontecer, miko.
- Por favor Sessoumaru, só me prometa isso.
O youkai suspirou frustrado.
- Se isto lhe acalma miko, eu prometo, quando este filhote nascer eu irei protege-lo com todo o meu poder pelo tempo que for necessário.
Kagome suspirou, aliviada e sorriu tranquila para o youkai, que sentiu que seu coração naquele momento falhou uma batida, porem nada demonstrou em sua face gélida.
- Obrigada, Sesshoumaru, você não faz ideia do peso que tirou dos meus ombros.
- Miko...
- Keh, agora você não desgruda desse desgraçado em Kagome.
Toda a tranquilidade presente na face da jovem sacerdotisa se perdera e o cansaço assumira o lugar, enquanto ela se virava para o jovem hanyou, que não estava nada feliz.
- Acredite Inu, gosto tanto desta situação quanto você.
InuYasha cruzou os braços insatisfeito.
- Não é o que parece, afinal, você parece bem felizinha com esse aí toda hora atrás de você.
Kagome sentia a ira nublar sua visão, mas ao mesmo tempo sua visão ia se apagando enquanto sentia o mundo rodar, em buscade apoio ela deu um passo para trás e acabou encontrando o corpo de Sesshoumaru, que a amparou.
Sesshoumaru também não estava nada feliz com a repentina aparição de seu meio irmão, na verdade não vinha ficando nada feliz a cada vez que um macho se aproximava de Kagome, porem seu irmão hanyou o enfurecia com a sua mera presença nas redondezas ou o simples fato de respirar.
- Bastardo.... – O rosnar do youkai era profundo e totalmente animalesco, surpreendendo Kagome com sua raiva e causando algum efeito na criança que ela carregada, pois está se mexeu no ventre da jovem. – Este Sesshoumaru só está protegendo sua fêmea e sua cria....
InuYasha nem esperou o albino terminar de falar e já cairá na risada, obviamente pedindo para morrer.
- Sua fêmea? A Kagome? Ela no máximo é a progenitora da sua cria, afinal ela é minha e sempre foi, é a mim que ela ama, não um imbecil frio e sem sentimentos como você.
Kagome sentia um bolo na garganta que a impedia de falar, e o desespero bateu quando ela sentiu a mudança no youki de Sesshoumaru e ele estava prestes a larga-la para pular no meio irmão.
- A miko pertence a este Sesshoumaru, afinal este Sesshoumaru fez a única coisa que o bastardo não conseguiu, colocou uma cria em seu ventre a tornando sua desta forma.
A frase do youkai fez o bolo em sua garganta desaparecer instantaneamente, enquanto que a raiva lhe inflamava o peito.
- Parem essa discussão sem sentido, eu não pertenço a nenhum dos dois, eu não sou um maldito objetivo e Sesshoumaru você só conseguiu o que o Inu não conseguiu porque foi manipulado, isso não é uma coisa que você deveria se orgulhar, se eu carrego a sua cria no ventre é porque você foi obrigado a se deitar comigo, você abusou de mim enquanto eu não podia me defender, você deveria ter vergonha de assumir que eu carrego sua cria sob essas circunstancias... – A jovem encarava os olhos ambares com uma raiva sem tamanho, enquanto o albino era atingido com força por suas palavras, vendo que teve o resultado esperado ela se virou para o hanyou, com a mesma raiva nos olhos. – E Inu, não seja ridículo, eu nunca fui e jamais serei sua, eu te amei muito no passado, mas isso ficou lá, pois eu cansei de ser a substituta da Kykyou, eu não vou ser sua segunda opção, não vou substituí-la agora que se foi de vez, não serei o prêmio de consolação, eu voltei porque eu pertenço a essa era, não me adapto mais ao meu próprio mundo, então não seja egocêntrico ao pensar que voltei por você, pois eu voltei por mim!
Tomada pela raiva a jovem deixou os dois irmãos ali, enquanto caminhava furiosa para dentro da cabana de Kaede, onde ela mesma morava desde que voltara.
Se vendo estre quatro paredes e em segurança a miko desabou, totalmente sem forças, a respiração acelerada e desatou a rir, riu desesperadamente, lagrimas escorreram de seus olhos e antes que notasse as risadas se tornaram soluços, as lagrimas continuarem de forma mais pesada, enquanto ela sentia seu coração partir em pequenos pedaços, centenas de milhares pedacinhos.
Analisar aqueles fatos lhe doía mais do que tudo, afinal lhe fazia lembrar de casa, de sua família, que jamais os veria novamente e que depois que retornara seu mundo ruirá, a constatação do fato de não amar mais o hanyou lhe doía, sentia-se agora como um objeto que todos disputavam apesar de já estar avariado, pois era assim que ela se sentia, um objeto usado.
Foi quando assustada erguera seu rosto, ela sentira a presença dele ali perto, sabia que ele iria localiza-la, o medo lhe paralisara, mas aparentemente seu filhote não concordava com o medo de sua mãe, pois ele elevou seu youki, assim atraindo a atenção do pai, que segundos antes de aparecer diante a eles encarava seu meio irmão com um ódio mortal.
- Miko o que aconteceu?
Kagome olhou para o albino sem realmente o enxergar.
- Ele está perto Sesshy, está muito perto, ele vai me encontrar e me levar, ele vai me tirar o nosso bebê.
As lagrimas escorriam dos olhos azuis da miko, fazendo com que o peito do youkai doesse, com rapidez ele tomou a miko nos braços, a abraçou enquanto a alinhava em seu peito.
- Ninguém vai tirar você ou a cria deste Sesshoumaru, este Sesshoumaru irá proteger aos dois a qualquer custo e seus amigos humanos mais o bastardo, eles irão fazer o mesmo pela miko.
Seus olhos tornaram-se rubros ao sentir o cheiro pútrido de terra e na entrada ele pode ver uma silhueta se formando, longos cabelos negros e ensebados, pele pálida, olhos amarelos, lábios finos curvados em um sorriso cínico que aumentara a raiva do youkai.
- Ora, ora, então fora aqui que minhas cobaias favoritas se enfiaram.
Kagome tremia assustada e instintivamente Sesshoumaru se pôs a sua frente.
- Hebigon....
O nome daquele desgraçado nada mais sairá que um rosnar da boca de Sesshoumaru o que fizera o sorriso daquela cobra aumentar.
- Para que tanta hostilidade Sesshoumaru?
- Você irá pagar por ter feito este Sesshoumaru de idiota.
- Feito de idiota? Eu te fiz o youkai mais sortudo desse lugar, lhe dei a fêmea mais bela e poderosa, te dei uma cria além da imaginação, e é assim que me agradece? Me ameaçando?
Hebigon possuía uma sobrancelha arqueada.
- Você é um psicopata.
Hebigon dirigiu seu olhar para a jovem e pareceu realmente ultrajado.
- Psicopata? Eu? Sou um mero cientista curioso, mas como posso ver, tudo está correndo perfeitamente bem com sua gestação, voltarei quando a cria nascer, quero ver os resultados deste experimento, então, até logo.
E junto a brisa ele desapareceu, Sesshoumaru até tentou segui-lo porem aquele fedor começava e terminava em frente a cabana e ele não conseguia sentir a presença daquele ser.
Dentro da cabana a jovem miko se abraçava, sentia frio, sentia medo. O youkai se aproximou da miko e trouxe o corpo delicado para perto do seu, lhe transmitindo uma segurança sem igual.
- Esse pesadelo nunca vai acabar?
Sesshoumaru suspirou pesadamente.
- Ira acabar quando este Sesshoumaru transformar aquele hanyou em picadinho.
Os olhos do youkai ainda estavam vermelhos, a raiva ainda corria em suas veias, porem a segurança da fêmea e da cria eram mais importantes naquele momento. Ele podia sentir os soluços da miko em seu peito e a apertou mais em seus braços.
- Eu quero ir embora, quero ir para minha casa, quero minha família, quero que esse pesadelo chegue ao fim.
Sesshoumaru travou e olhou para o rosto da miko, manchado de lagrimas e os olhos fechados fortemente.
- Sua casa agora é aqui, miko.
Kagome soluçou mais alto.
- Não, não é, não me sinto em casa aqui e não me sinto em casa lá, eu não tenho um lugar em nenhuma das duas eras, Sesshoumaru, sou um erro ambulante que só atrai problemas.
Sesshoumaru levou sua mão até a nuca da jovem, acariciando as madeixas e elevou o rosto da menina e o aproximou do seu.
- A miko pertence a este lugar agora, não é um erro e a miko não tem culpa se coisas ruins sempre acontecem a pessoas boas.
Kagome abriu os olhos e se deparou com duas orbes ambares muito próxima dos seus, estava surpresa com a conotação de Sesshoumaru.
- Eu não pertenço a está era Sesshoumaru.
Sesshoumaru fez uma caricia de leve com seu nariz no da miko, um leve roçar que a arrepiou dos pés à cabeça.
- Este Sesshoumaru não se referia a esta era.
Kagome arfou ao senti-lo passar por sua bochecha, ir por baixo de sua orelha e se encaminhar para a pele delicada ali perto de sua nuca e por fim descer até a curva de seu pescoço. Ele respirava suavemente, mas sua respiração causava pequenos espasmos em sua pele e a fazia arfar, esquecendo-se do pavor que a tomava segundos atrás.
- Eu não pertenço a esta vila, Sesshoumaru.
Sesshoumaru riu na curva do pescoço da jovem e encostou seus lábios ali, em um beijo suave.
- Este Sesshoumaru também não se referia a vila.
O frio se estalara na barriga da jovem enquanto sua respiração se tornava cada vez mais irregular.
- Então ao que você se referia, Sesshoumaru?
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Insano Pesadelo
RomanceAfinal, sempre quando estava na era feudal alguma coisa de ruim lhe acontecia. Parecia que aquele era seu destino afinal, sentir-se deslocada no tempo e atrair problemas para si. Agora o que faria? Estava presa em algum lugar para ser cobaia de um...