Sentimentos

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Kagome sentia-se enorme, mais dois meses se passaram e sua barriga dera um salto astronômico, ela sentia-se pesada e inchada, seus nervos estavam a flor da pele e InuYasha era sempre o alvo de sua irá, afinal o pobre coitado sempre aparecia na hora errada e dizia alguma coisa mais errada ainda.
Naquele dia ela estava realmente entediada dentro da cabana, e quando ela não ficava entediada dentro de casa? Sesshoumaru estava ali a sua frente e como sempre estava mais calado que uma porta, soltando um suspiro exasperado a jovem levantou-se com certa dificuldade e se pôs a ir para fora.
- Onde a miko vai?
Kagome revirou os olhos antes de encarar o albino.
- A miko vai dar uma volta, afinal a miko não aguenta mais ficar trancada entre quatro paredes sem dizer uma única palavra.
Kagome seguiu em frente e o youkai se pôs a segui-la, apesar de não conseguir encarar nada a sua volta, os olhos do albino estavam cravados nos movimentos que o quadril da jovem realizava ao andar, aquilo vinha se tornando muito hipnótico para o youkai. Até ser surpreendido por uma miko que parara de caminhar e o encarava por cima do ombro.
- O que tanto olha Sesshoumaru?
O albino encarou os olhos azuis e corou levemente, quase imperceptível, se Kagome fosse qualquer outra pessoa nem teria notado.
- Estou apenas observando o caminhar da miko.
Ela se virou de frente e cruzou os braços enquanto levantava uma sobrancelha.
- O caminhar? Só isso mesmo?
- Quem a miko pensa que é este Sesshoumaru?
Kagome sorriu de canto e voltou a dar as costas ao lorde.
- Começo a pensar que é um youkai muito do pervertido.
Sesshoumaru sorriu de canto e cruzou os braços, enquanto a miko andava ele lhe seguia, era seu pequeno passatempo acompanha-la alguns passos atrás, afinal sentia a necessidade de protege-la ferozmente e também de observa-la de perto.
O casal passava por alguns aldeões que olhavam para a miko com olhos acusadores e quando a via pelas costas, começavam a fofocar, nestes momentos o youkai adquiria uma face ainda mais fria e cruel do que já carregava e assim fazia com que aquelas bocas parassem de mexer-se para falar mal da jovem.
- Você está assustando os aldeões Sesshoumaru.
- Eles merecem.
Kagome sorriu e se aproximou dele.
- São pessoas com mentes pequenas, que só conhecem isso que tem a sua volta, carregam crendices e seus próprios protocolos, são apenas pessoas de seu tempo.
- Mas assim eles magoam a miko.
Kagome suspirou e inclinou a cabeça para o lado, observando melhor a face do youkai.
- Sesshoumaru eu sou uma miko, era suposto eu não poder me envolver com ninguém, era suposto que eu não pudesse me casar ou ter filhos, eu deveria ser pura, para eles eu cometi o maior crime de todos, estou carregando o filho de um youkai, porem eu sou uma mulher do século vinte e um, na minha época mulheres podem fazer o que bem entendem e por isso não dou a mínima para o que eles pensam, fui criada para ser assim.
- Mesmo assim, ainda magoa a miko.
Kagome sorriu tristemente.
- Sim, magoa, mas não há nada a se fazer, nem mesmo assusta-los, eles não vão mudar de opinião.
Sesshoumaru descruzou os braços e puxou a miko para si, abraçando-a de forma carinhosa.
- Sesshoumaru?
- Shii, só deixe este Sesshoumaru lhe segurar assim por mais alguns instantes, antes que alguém chegue para estragar isso.
Ele afundou seu rosto na curva do pescoço da miko e respirou fundo, adorava o aroma que a miko carregava, nos últimos tempos aquele perfume era um balsamo para os seus nervos.
- Sera que o casalzinho poderia se largar por alguns instantes?
Sesshoumaru suspirou cansado, sabia que isso iria acontecer, como acontecia em todas as vezes que tinha a miko em seus braços.
- O que quer hanyou?
- Com você? Nada. Quero falar com a Kagome.
Sesshoumaru suspirou e sentiu a miko se afastar um pouco de seus braços, porém não o suficiente para sair de seus braços.
- O que quer InuYasha?
- Keh, a velha está lhe chamando, algo sobre ver como essa cria está.
Fora a vez de Kagome bufar, afinal, nos últimos tempos sempre que saia da cabana Kaede inventava uma desculpa para que ela voltasse.
- Diga a Kaede que depois irei, quero andar um pouco mais.
InuYasha bufou irritado.
- E provavelmente se esfregar um pouco mais no bastardo, aí.
Uma veia saltou na tempora da jovem e ela agarrou o tecido da roupa do Sesshoumaru com um pouco mais de força, mas sua face se manteve inalterado e um sorriso doce cortou seus lábios e sua voz soou melodiosa.
- InuYasha?
O hanyou congelou no lugar e começou a tremer involuntariamente.
- S-S-Sim?
- Owsuari.
E lá foi ele de cara no chão, enquanto amaldiçoava a kotodama. Mas aliviada a jovem suspirou e se afastou de vez do albino, voltando a caminhar.
Sesshoumaru encarou a cratera que seu irmão formara com a cabeça e sorriu minimamente, dando-lhe as costas e voltando a seguir a miko, até ela se virar aparentemente nervosa.
- Porque toda vez que estamos juntos, Sesshoumaru, aparece alguém querendo algo?
O youkai apenas deu de ombros e desviou o olhar e a jovem sacerdotisa estreitou os olhos.
- E desde quando você dá de ombros?
Sesshoumaru riu minimamente e se aproximou da miko, a tomando novamente nos braços.
- Este Sesshoumaru tem passado muito tempo com a miko e seus amigos, este Sesshoumaru deve ter pego alguns trejeitos.
Kagome sorriu de canto e passou a observar a face do albino, os cílios pálidos e logos, seu nariz fino, as listras em seu rosto, sua pele pálida, a lua crescente em sua testa, antes que pudesse perceber sua mão subira pelo peito forte, passou pelo pescoço até se encontrar na face do youkai. Seu corpo se movia no automático, pois todo o seu ser se concentrava nos olhos amabares, sua mão desceu da bochecha do albino e foi para sua nuca, o trouxe para mais perto de seu rosto e colou seus lábios nos dele, sem fechar os olhos, quando sua boca se abriu sobre a dele seus olhos se fecharam e um mundo de sensações lhe invadiu, era como se pudesse sentir tudo e nada ao mesmo tempo
Sesshoumaru observou a miko com cuidado e se surpreendeu ao vê-la lhe beijar, primeiro sua única reação fora paralisar, mas ao sentir a língua dela em seus lábios, ele tomou o controle e lhe beijou com vontade.
As coisas começavam a esquentar entre os dois, por isso Kagome decidiu se afastar ainda de olhos fechados e sorriso no rosto.
- Melhor pararmos por aqui Sesshoumaru.
A miko tinha a respiração pesada assim como o Dai-youkai.
- Porque deveríamos?
Kagome riu e o encarou.
- Porque se não daqui a pouco ambos estaremos atrás de alguma arvore sem nossas roupas, correndo o risco de ser pegos em atos muito mais libertinos que essa época nos permite.
- Então a miko tem noção disto.
Kagome inclinou a cabeça e manteve o sorriso na face.
- Não sou cega Sesshoumaru, existe esse magnetismo que nos atrai e se não tomarmos cuidado alguma criança ainda poderá acabar vendo algo que não é apropriado.
O youkai suspirou e se afastou da miko.
- Melhor voltar então.
Kagome concordou e começou a fazer o caminho inverso ao que seguia anteriormente, até ver uma moita se mexendo, o que a fez rir.
- Já pode sair Shippou.
A jovem raposa saiu dos arbustos rubro de vergonha sem saber o que fazer com as mãos.
- Ka-Ka-Kaede-baa-chan está preocupada e me man-man-mandou vir atrás de vocês dois.
Shippou não tirava os olhos do chão, claro que ele tinha presenciado o beijo e a cena em conjunto com a atmosfera o tirara totalmente do prumo o deixando totalmente envergonhado.
- Shippou-chan?
- Hmn?
- Porque você não me olha nos olhos?
Lentametne a jovem raposa tirou os olhos de seus pés e encarou a miko, sem dirigir seu olhar para um ponto mais atrás.
- Porque eu sei que vou levar a maior bronca da minha vida?
Kagome riu e mexeu nas madeixas rubras da raposa.
- Eu não vou brigar com você Shippou, porque tenho certeza que você não veio atrapalhar de proposito como o InuYasha tem feito.
O pequeno youkai apenas concordou com a cabeça e a jovem o pegou no colo, mas antes que pudesse terminar de se endireitar a raposa já não estava mais em seus braços, agora estava-nos de Sesshoumaru.
- A miko não pode se esforçar.
Kagome revirou os olhos e estendeu os braços.
- Me devolva meu filhote Sesshoumaru.
Shippou estava branco encarando o youkai, chegava ao ponto de tremer.
- A miko espera a cria deste Sesshoumaru e não pode se esforçar ao carregar peso ou ao caminhar.
Os olhos da miko assumiram um brilho prateado assim como sua aura começara a fluir para fora do corpo.
- Sesshoumaru Taisho devolva o pequeno kitsune para os meus braços neste instante.
Pela primeira vez e provavelmente não pela última, o youkai engoliu em seco e caminhou até a miko para pôr fim encaixar o pequeno kitsune nos braços dela. Quando sentiu a pequena raposa em sua pele, ela o abraçou e voltou a caminhar, deixando para trás um youkai muito do chocado, por alguns instantes ele pode jurar que a aura que sentira da miko era a de um youkai.

Ao chegar perto da cabana a miko arfava e fervia de febre. Shippou pulou do colo da jovem antes de ela entrar e correu em sua frente.
- Kaede-baa-chan a Kagome não está nada bem.
A senhora levantou o mais rápido que pode e correu para a jovem que cambaleava no caminho para a cabana. Com o apoio da senhora a jovem conseguiu chegar até o seu futon.
- Minha criança o que houve?
Kagome arfava.
- Não sei Kaede-baa-chan, eu estava bem até alguns minutos atrás, mas do nada....
Kagome não terminara de falar uma dor lhe atravessara o corpo e ela se segurou para não gritar.
- Não pode ser o bebe, ele não causaria isso.
Kagome respirava com dificuldade.
- Aqui está muito abafado Kaede....
- Shippou corra até a Sango, diga a ela que preciso de agua fresca urgentemente.
- Hai.
A pequena kitsune se tornou um pequeno borrão vermelho enquanto corria até a casa da exterminadora. Assim que o kistune saiu o albino chegou e franziu o cenho.
- O que está acontecendo com a miko deste Sesshoumaru?
Kaede levantou uma sobrancelha, porem nada disse sobre o sentido de posse da frase do youkai, se limitou a responder à pergunta.
- Não sei Sesshoumaru-sama, ela está ardendo de febre, porém não sei o que poderia causar isso.
- Talvez o bebê?
- Não, hanyous não causam este tipo de reação ao corpo da mãe.
- Mesmo sendo o corpo de uma miko?
Kaede parou e encarou o youkai por alguns instantes, ela havia se esquecido que apesar de tudo Kagome ainda era uma sacerdotisa.
- Talvez, se for o conflito de energias entre a do bebê e o da miko, mas acho pouco provável, Kagome não tem usado seu poder espiritual exatamente por conta disso, ela vem sendo tão cuidadosa.
- A miko acabou de usar energia para me obrigar a lhe entregar o filhote de raposa.
Kaede franziu o cenho e encarou a jovem que respirava com dificuldade, até abanar a cabeça como se espantasse alguns pensamentos.
- Vamos nos concentrar nisso então, primeiro tenho que abaixar a temperatura dela e preparar um chá para estabilizar sua energia espiritual.
Com rapidez a velha começou a preparar um chá com dezenas de ervas diferentes e enquanto fazia isso uma jovem com seu filho no colo entrava correndo enquanto que atrás de si vinha o marido com um balde de agua.
- Kaede trouxemos o que pediu, mas o que está acontecendo?
Kaede levantou os olhos da chaleira e encarou a morena.
- Kagome está queimando de febre e não sabemos o porquê, comece a trabalhar minha jovem, abaixe a temperatura da sua amiga.
Sango empurrou Sesshoumaru para o lado como se ele não fosse um youkai altamente perigoso e sentou-se ao lado da amiga e começou a colocar panos frios em sua testa.
Miroku encarava a amiga deitada do outro lado da cabana, temia se aproximar e ser atacado por Sesshoumaru. Até que um hanyou muito do esbaforiado entrou como tufão na cabana.
- O que está acontecendo com a minha Kagome?
Miroku ficou em alerta e olhou de canto para o youkai ao seu lado, este por sua vez tinha a face escupida em gelo, porem seus punhos estavam cerrados e Miroku podia ver uma veia saltada no pescoço dele.
- Kagome está queimando em febre e não sabemos o motivo.
- Keh, é claro que sabemos, é essa cria que ela carrega, ele a está matando e não estamos fazendo nada para salvar a Kagome.
- Inu-Ya-sha.... – Todos se surpreenderam ao ouvir a miko e o hanyou se aproximou mais dela ao ponto de pegar sua mão. Sesshoumaru não estava gostando nada daquilo, principalmente ao ver os olhos da jovem brilharem ao encarar o hanyou. – Se você falar mais alguma coisa do meu bebê você será um hanyou morto.
Sesshoumaru relaxou e sorriu de canto ao ver o hanyou ficar pálido.
- Mas Kagome....
- Mais.... Nada.... A culpa disso não é dele então pare de culpa-lo.
- É sim, essa criatura está lhe matando aos poucos.
Kagome olhou por cima do ombro do hanyou e encarou Sesshoumaru.
- Tire-o daqui.... Sesshoumaru.
O youkai relaxou a face e sorriu em deleite.
- Como quiser miko.
Sesshoumaru agarrou a gola da roupa de InuYasha e começou a arrasta-lo para fora e o jogou em direção a uma arvore, a qual ele bateu com tudo.
- Maldição Sesshoumaru, você sabe que isso é verdade e se você não fizer nada a Kagome irá morrer.
- A miko é forte e este Sesshoumaru não acredito que a cria irá matá-la.
- Mas ele vai e o culpado de tudo isso será você, maldito.
- A partir de agora hanyou, fique fora da vista da miko, ela não o quer por perto.
E sem mais deu as costas a um InuYasha que segurava suas lagrimas, mas não se sabia se era de tristeza, frustração ou raiva.

Insano PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora