Kagome tentava regular sua respiração, todo o medo que vinha suprimindo desde que acordara naquela cabana havia voltado com força total, suas mãos tremiam e ela ainda suava frio, por segundos realmente cogitou a hipótese de que Sesshoumaru a mataria naquele instante. Com um respirar fundo ela pode sentir-se mais aliviada, com cuidado se levantara, com medo que uma nova onda de tontura lhe atingisse, com receio ajeitara a yukata do albino em seu corpo e partira de volta para o rio, onde pegara suas coisas e voltara para a cabana de Kaede. Onde a encontrou de braços cruzados e feições fechadas.
- Onde a senhorita estava?
Kagome sentiu vontade de rir, mas apenas levantou o canto dos lábios em um singelo sorriso.
- Fui me banhar e acabei por não perceber que o sol já ia a pino, sinto muito Kaede-baa-chan.
A mulher arregalara os olhos ao ouvir a voz da menina, pensara que ela seria ignorada novamente, que a jovem passaria reto por si e iria se deitar, como fizera inúmeras vezes durante aquelas semanas, fora involuntário o sorriso e não pode evitar que seus olhos marejassem.
- Oh minha criança, você.... Você.... Você finalmente está de volta.
Kagome abraçara a velha sacerdotisa com imenso carinho.
- Sim Kaede-baa-chan, eu estou de volta.
Kaede a afastou de si com delicadeza e a encarou de cima a baixo.
- Sim, mas porque você está novamente com uma yukata do Sesshoumaru?
Kagome sorriu amarelo, afinal ela sabia que vestia outra yukata do youkai, mas não podia negar que gostava de usa-las, por isso não trocara por suas roupas de sacerdotisa.
- Me encontrei com ele, eu estava me banhando, aí ele apareceu, eu passei mal e perdi os sentidos, ele me ajudou e acabou comigo vestida com a yukata dele.
Kaede negou com a cabeça.
- Acho melhor você se trocar, pois se InuYasha lhe ver usando uma peça nova de Sesshoumaru o hanyou irá atrás do irmão mais velho.
Kagome suspirou pesarosamente.
- A senhora está certa, irei me trocar.
Kagome entrou, mas ainda pode sentir os olhos da velha sacerdotisa sobre si. Enquanto se trocava pensava no que adiantaria continuar mantendo aquele segredo, guarda-lo estava lhe desgastando mais do que devia e muitas vezes sentia seu poder instável demais, por isso ao colocar a última peça de roupa liberou uma de suas barreiras, aquela que permitia que os outros sentissem seu cheiro, antes soubessem o que lhe aconteceu do que Hebigon lhe encontrar novamente.
Assim que se virou para a entrada da cabana se apavorou ao ver InuYasha ali parado de braços cruzados e cenho franzido, seus olhos tingidos de raiva.
- Porque você carrega o cheiro do Sesshoumaru, Kagome?
Kagome engoliu em seco.
- Há quanto tempo você está aí?
O hanyou deu um passo para frente e a miko deu um para trás, fazendo com que o albino ficasse mais irritado.
- Keh, eu acabei de chegar, agora me responda Kagome!
A jovem soava frio e o aumento no tom de voz e no youki do hanyou apenas a assustava mais, ela fechou os olhos por alguns segundos, organizando seus pensamentos.
- Antes de eu lhe responder InuYasha quero que reúna a todos, pois o que irei contar o farei uma única vez.
O hanyou descruzou os braços e tinha as mãos em punhos.
- Keh, todos já estão lá fora a sua espera, Kaede-baba correu para nos avisar que você era você novamente.
Ele lhe deu as costas e se juntou ao grupo do lado de fora da cabana. Kagome sentiu um tremor e uma tontura, suas juntas doíam assim como sentia sua pele mais sensível. Com um respirar fundo ela se recompôs, por fim, seguira o jovem hanyou para fora da cabana para logo dar de cara com vários pares de olhares.
- Kagome-chan?
Kagome fechou os olhos e os reabriu rapidamente, decidida.
- InuYasha já deve tê-los dito que eu possuo o aroma do Sesshoumaru em meu corpo.... – Ela olhava para cada rosto presente em busca de uma confirmação, por fim seus olhos caíram no hanyou furioso. – Kaede deve estar achando que é por eu o ter encontrado mais cedo, só que não é, eu ainda passarei dias com o cheiro dele porque durante nosso cativeiro…. Eu.... E .... Ele, bom, aconteceu que.... – Céus era tão difícil para ela dizer aquilo, seus olhos se encheram de lagrimas, porem ela não se entregou a elas, não se permitiria mais chorar por aquilo. – Eu fui violada por ele, seu aroma é mais do que prova do que aconteceu.
A última parte ela falara tão rápida que podia jurar que seus amigos não haviam entendido, porem a face chocada deles lhe dizia o oposto, Sango e Kaede tinham lagrimas nos olhos e suas faces demonstravam uma tristeza profunda, Miroku estava em estava de choque, e Inuyasha estava vermelho de raiva.
- Como ele ousou tocar em você enquanto estavam presos?
Inuyasha falava por meio de um rosnado e a miko sabia que ele estava se segurando para não sair correndo atrás do irmão.
- A culpa não fora dele.
Kagome falara baixo, porem todos a ouviram, ela tinha os braços envoltos em seu próprio corpo, como se tentasse se proteger das lembranças ou das energias a sua volta.
- Como não, Kagome-chan?
Kagome encarou sua amiga e por alguns instantes parecia haver duas dela.
- Ele fora tão vitima quanto eu, Sesshoumaru foi controlado, de alguma forma que eu ainda não sei, mas que irei descobrir, o monstro que nos capturou selou sua consciência e o controlou, apesar de que eu sinto que uma parte dele tenha gostado do que aconteceu, porem isso não vem ao caso. Nunca que o Sesshoumaru em um estado normal faria algo do tipo, principalmente a mim.
Inuyasha já não estava tão nervoso quanto no começo, porém ainda podia-se notar sua irritação, sua mandíbula estava cerrada, seu cenho franzido e os punhos fechados.
- O que lhe dá toda essa certeza? Como pode saber que ele estava mesmo sendo controlado? Como poderia saber que ele não faria o que fez sem ser desta forma? O que te faz confiar tanto assim nele?
Kagome engoliu em seco.
- Sesshoumaru odeia humanos, InuYasha, ele jamais se rebaixaria ao ponto de tocar em uma mera humana como eu. Eu desfiz o selo que o prendia e controlava, então sim eu posso saber que ele estava sendo controlado, EU estava lá quando tudo aconteceu, EU vi como seus olhos estavam opacos!
- Eu irei mata-lo!
Kagome respirou fundo e antes que notasse suas mãos estavam fechadas em punhos ao lado de seu corpo devido a frustração e a raiva que se juntavam em si.
- Você não irá fazer nada, e foi exatamente por conta dessa sua mania de querer resolver tudo na espada que escondi meu cheiro, Sesshoumaru não teve culpa, se quer matar alguém faça isso com quem nos capturou…. Não com..... Alguém .... Que.....
Antes que a miko pudesse terminar sua fala seu mundo girou e ela apagou, só não cairá direto no chão pois InuYasha a segurara.
Novamente acordava enjoada e aquilo estava realmente lhe cansando, seus olhos ainda estavam fechados e ela sabia que estava sozinha na cabana, afinal o silencio ali era absoluto, com cuidado ela abriu os olhos e confirmou o que já sabia, estava realmente sozinha. Um leve aroma chamou sua atenção, era como o cheiro que anunciava o começo de uma chuva de verão, mas ao mesmo tempo tinha uma inclinação ao amadeirado e ao mentolado, ela seguiu seu olfato e chegou até a yukata que usara no dia anterior, a yukata de Sesshoumaru, sem entender o porquê ela se embrulhou nela e a sensação de segurança lhe acalmou os sentidos e fez seu enjoou passar.
E lá estava ela, sentada em seu futon, embrulhada na yukata do Sesshoumaru, absorvendo seu cheiro, seus cabelos bagunçados lhe davam um ar ensandecido, e só kami-sama sabia que era assim que ela se sentia, e fora desta forma que Kaede a encontrou em sua cabana.
- Kagome-chan, minha criança, o que está fazendo?
Kagome levantou seus olhos para a idosa e eles encheram-se de lagrimas.
- Eu não sei...
Um soluço lhe escapou pelos lábios. Kaede respirou fundo, aquele era um momento delicado e sabia disto, por isso teria de ir com cautela.
- Minha querida, já se passaram dois meses desde que você fora capturada. - Kagome maneou a cabeça em concordância e a velha Kaede pode ver que em muitos pontos da cabeça da jovem alguns conjuntos de fios possuíam suas raízes brancas. – E pelo o que você nos contou eu me pergunto se suas regras estão certas.
Kagome arregalou os olhos e olhou para suas próprias mãos para pôr fim engolir em seco.
- Fazem.... Eu.... Eu.... Eu não sei, lembro de ter vindo para mim semanas antes de eu retornar, mas desde que tudo o que aconteceu.... Kaede-baa-chan.... Não.... Isso não pode acontecer comigo.
Kaede deixou de lado todas as ervas que carregava e se pôs a segurar as mãos da jovem, elas estavam geladas e tremiam.
- Eu sei que é difícil querida, Kami-sama sabe o quanto eu gostaria que isso não estivesse acontecendo justamente com você, mas aconteceu e teremos de supervisionar sua saúde de perto, você, minha criança, terá de ser forte não só por você, mas também pela criança que carrega em seu ventre.
Kagome agarrou aquelas mãos, por mais calos, ou cheiro de ervas, ou até mesmo enrugada que fosse, elas lhe transmitiam paz e Kami-sama sabia o quanto ela precisaria daquilo naquele momento.
- Você não entende Kaede, eu estou condenada, fiz parte de um experimento e o desvairado que nos capturou conseguiu o que queria, eu não temo por mim, minha amiga, eu temo pelo meu filho, temo por essa criança que carrego, pois não sei se serei capaz de protege-la.
Kaede tinha o olho arregalado.
- Experimento?
Kagome abriu os olhos que nem sabia ter fechado e afastou as mãos da velha sacerdotisa de seu rosto.
- Sim, nosso algoz queria saber como seria o filho de uma poderosa sacerdotisa com um poderoso youkai e agora ele irá saber, meu filho será tirado de mim Kaede, a minha criança assim que nascer será tirada de mim por esse monstro, será levado para algum lugar e criado por ele, isso se ele não fizer coisa pior.
Kaede gelou, fora a sua vez de sentir-se fraca e buscar apoio nas mãos da jovem miko.
- Céus Kagome, você tem.... Nós temos.... Meu senhor, precisamos esconder vocês dois.
Kagome escondeu o rosto em suas mãos e desabou, não conseguia controlar suas lagrimas e nem seus soluços, sentia o desespero em sua pele. Mas levantara seu rosto rapidamente ao sentir o cheiro de café e nesse exato momento o hanyou entrou pela porta da cabana e a viu chorosa envolta da yukata de Sesshoumaru.
- O que está acontecendo aqui?
Ela empalidecera e sua visão se turvara, por alguma razão ela se agarrou mais a yukata e Kaede se levantou.
- InuYasha, agora não é um bom momento para mais um de seus surtos.
- Keh, então me explique o que está acontecendo.
- Este Sesshoumaru também gostaria de saber o que está acontecendo.
Rapidamente os olhos da jovem miko se dirigiram ao albino que seguia mais atrás do hanyou e sua boca secara e seu estomago gelara.
- O que está fazendo aqui Sesshoumaru?
Os olhos do albino foram atraídos para os da jovem sacerdotisa e ela pode notar que ele estava a se segurar, suas mãos fechadas em punhos e a leve tensão em seu pescoço o denunciavam.
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Insano Pesadelo
RomanceAfinal, sempre quando estava na era feudal alguma coisa de ruim lhe acontecia. Parecia que aquele era seu destino afinal, sentir-se deslocada no tempo e atrair problemas para si. Agora o que faria? Estava presa em algum lugar para ser cobaia de um...