Protecionismo

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Kagome respirou fundo e olhou para o chão, podia sentir a presença de Sesshoumaru imponente a suas costas, podia sentir novamente a segurança de seus braços, mas céus onde estava seu orgulho quando precisava dele? Porque sentia-se tão fraca por aceitar a presença dele ali? Sentia-se fraca e isso era a última coisa que gostaria se sentir naquele momento.
- Eu sugiro que você se afaste agora Sesshoumaru.
Sesshoumaru sorriu de canto e aproximou seus lábios da curva do pescoço dela.
- Porque este Sesshoumaru deveria?
A miko fechou os olhou e se segurou para não se desmanchar ali, render-se ao que sentia nos braços dele seria tão fácil, mas tão errado também, seus olhos encheram-se de lagrimas, que ela não se permitiria derramar, ela fechou as mãos em punhos e recusou-se a abrir os olhos.
- Porque se ele não se afastar nesse exato momento o irei purificar até não restar nem ao menos poeira.
Sesshoumaru sorriu mais ainda de canto, afastou o cabelo da miko e a se aproximou na área sensível do pescoço que ficava próxima do ouvido, passando de leve seu nariz ali, afinal era o local em que mais podia sentir o aroma dela junto ao seu e ainda de leve sentir o da pequena cria que ela carregava, em seu interior sua fera se regozijava naquele aroma.
- A miko não teria coragem.
Kagome vinha suprimindo seu poder desde o momento que a dor começara, sabia que pequenas quantidades não machucariam seu filho, por isso ao ouvir que ele não acreditava que ela não teria coragem, ela se encheu de determinação e liberou boa parte de sua energia de maneira eletroestática, sabia que daquela forma seu pequeno estaria a salvo, assustando o youkai, que a soltou e se colocara do outro lado do cômodo em instantes.
- Nunca duvide da minha palavra Sesshoumaru, pois na próxima não será apenas energia eletroestática, na próxima será toda a extensão de meu poder e aí você deixará de existir.
Passado o susto o youkai se recompôs e com ele veio a máscara de frieza.
- Se continuar com isso miko, nossa cria não irá sobreviver.
Kagome levantou-se e cruzou os braços.
- Como se você se importasse se ele vive ou morre.
Sesshoumaru semicerrou os olhos, estes possuíam pequenas raias rubras e sua voz não saiu em meio a um rosnado.
- É claro que este Sesshoumaru se preocupa, este filhote é meu também.
- Você mesmo disse que não quer um hanyou como filho.
Sesshoumaru soltara um longo suspiro cansado e dera um passo à frente, topando com uma barreira que lhe queimou levemente.
- Kagome... Entenda este Sesshoumaru, este Sesshoumaru não pode ter um hanyou como herdeiro, este Sesshoumaru é um lorde, mas isto não quer dizer que não queira este filhote.
Kagome transpirava exausta.
- Em momento algum eu pedi para que você o transformasse em seu herdeiro, eu não pedi para me casar com você Sesshoumaru, eu pedi para você ficar e proteger a mim e ao bebe., você pode encontrar a youkai perfeita para você mais tarde e com ela ter seu herdeiro, eu não me importo, afinal sou só a humana mais poderosa escolhida para carregar a cria do youkai mais poderoso, sou só um maldito experimento.
Kagome arfou, a dor voltara com força e sua barreira oscilara, assim como seu corpo. Sesshoumaru arregalou os olhos ao sentir o forte youki de sua cria, aquilo definitivamente não pertencia a um mero hanyou, nenhum hanyou seria tão forte assim e antes de pensar em mais alguma coisa ele correu até a miko, atravessando sua barreira e a pegou antes de tocar no chão.
- Se acalme miko.
Kagome fechou os olhos e tentou se recompor, mas a dor continuava, seu maxilar fechado duramente para que da sua boca não passassem nenhum grito, seus olhos encheram-se de lagrimas, a dor começava a se espalhar para cada membro, para cada musculo, para cada ficra de seu corpo. Vendo que a miko sofria o youkai a abraçou e poucou suas mãos em seu ventre e afundara seu rosto na curva do pescoço da jovem, que lutava para manter o compasso de sua respiração.
Lentamente a dor fora passando e ela pode finalmente relaxar, nem se dera conta que recostara seu corpo ao de Sesshoumaru ou a forma em que se ajustava perfeitamente ao youkai, ela simplesmente estava cansada demais para poder perceber qualquer coisa e antes mesmo que pudesse se dar conta adormecera.
O youkai percebera quando a miko rendera-se ao cansaço, mas todo o seu ser se recusava a se mover para longe daquele frágil corpo. Sua fera sentia que havia algo de diferente naquela gestação e estava preocupada com sua fêmea e seu filhote.
Levantou seu rosto a tempo de ver a velha sacerdotisa entrar na cabana com dezenas de ervas em seu cesto.
- Vejo que resolvera ficar.
- Para que são essas ervas?
Kaede olhou para o cesto e suspirou.
- As dores da menina estão cada vez piores, o youki da criança a está modificando e causando cada vez mais dores, não sei se ela sobrevivera ao parto.
Sesshoumaru rosnou.
- Isso não deveria acontecer.
Kaede abandonou o cesto em um canto qualquer e sentou-se de modo a poder continuar a encarar o youkai de uma forma mais confortável.
- Sim, não deveria, mas não sei dizer se tudo isso é devido ela ser uma sacerdotisa ou se é sobre qualquer outro fato.
- A cria é poderosa demais para que o corpo da miko possa suportar.
- Sim, Sesshoumaru-sama, esse bebê será extremamente poderoso e por isso ele irá precisar de uma proteção mais forte do que nunca.
- Ninguem tocara em minha cria.
Kaede se levantou e se dirigiu a porta, pronta para sair e dar mais privacidade ao youkai.
- Espero que ninguém toque na menina Kagome também, youkai, ou você e o maldito que elaborou esse circo, terão que se preocupar com muita gente lhes caçando querendo seu coro.

Kagome sentia frio, tudo a sua volta era escuridão, mas ela podia ouvir o som de agua pingando, sentia grades a suas gostas e deduziu que estava engaiolada em algum lugar sem saber direito onde era. Involuntariamente sua mão fora direto para seu abdômen dilatado e se aliviou ao sentir que seu pequeno ainda estava ali.
Tentou levantar-se, mas seus pulsos e tornozelos estavam acorrentados, tentou gritar, porem sua voz não saia, não sentia seus poderes, sentia-se indefesa novamente, inútil e o pavor lhe tomou ao sentir que não poderia proteger seu bebe.
Lagrimas grossas corriam por seu rosto, uma dor aguda se erguia em seu peito, tudo o que sentia juntou-se até ela não aguentar e gritar com toda a potência de suas cordas vocais e tudo ao seu redor explodiu.

Sesshoumaru segurava a miko quando ela acordou em meio ao seu próprio grito, isto o assustara, em um segundo a miko dormia tranquilamente em meio aos seus braços e no segundo seguinte lá estava ela se debatendo e gritando.
- Miko, se acalme, está tudo bem, este Sesshoumaru está aqui.
Kagome o encarou por alguns segundos, seus olhos transbordaram lagrimas e ela se alinhou ao corpo do youkai, chorando, enquanto ele a segurava como se ela fosse virar poeira a qualquer segundo.
InuYasha escolhera aquele exato momento para invadir a cabana.
- Eu ouvi um grito, o que aconteceu? - Sesshoumaru levantou os olhos para o irmão, para logo o ignorar e puxar a miko para mais perto de si. A jovem nem notara o hanyou apenas escondeu seu rosto na curva do pescoço do youkai e o abraçou mais forte, sendo logo retribuída. - Keh, vão me ignorar agora?
Sesshoumaru olhou para o hanyou mais uma vez e agora suas íris estavam totalmente rubras.
- Fora!
InuYasha não saberia se fora o grito, o tom, a raiva ou o a voz de um alfa, mas algo dentro dele o fizera obedecer aquele comando em uma velocidade fora do normal. Ao estar do lado de fora da cabana toda a cor de seu rosto desaparecera e seu corpo tremia, pela primeira vez o irmão mais velho provocara nele um pavor primitivo.
Kaede, Sango, Miroku e Shippou apareceram correndo e se assustaram ao ver o estado do hanyou.
- InuYasha o que acontece?
O hanyou encarou seu amigo pervertido.
- Se prezam por suas vidas não entrem naquela cabana.
Sango pegou o albino pelos ombros.
- O que aconteceu a Kagome-chan, InuYasha?
Kaede observava tudo em silencio, mas resolver se expressar naquele instante.
- A menina deve estar bem, o InuYasha deve estar assim por causa do irmão.
InuYasha apenas abanou a cabeça em concordância, seu corpo ainda tremia e ele nem ao menos conseguia pensar direito.
- O que está acontecendo Kaede-baa-chan?
- Algo deve realmente ter acontecido a menina Kagome, algo o suficiente para despertar os instintos protetores dele e o nosso querido e nada inteligente InuYasha apareceu bem neste momento dentro da cabana e sofreu as consequências.
Miroku olhou para o amigo com diversão no olhar.
- E como você ainda está vivo InuYasha?
- Nesse momento ele está mais preocupado com o bem-estar dela do que com a minha presença, por isso simplesmente sair.
- E só por isso você está tremendo mais que vara verde?
InuYasha fuzilou o amigo com os olhos.
- Você não estava lá para ver o que eu vi.
Por fim, todos se calaram e encararam a porta da cabana em completo silêncio.

Kagome continuava naquela mesma posição absorvendo o aroma de Sesshoumaru, acalmando seu coração e sua mente. Ela podia sentir as mãos dele acariciando suas costas, a respiração dele em sua nuca e o sentimento de pertencimento a invadira, expulsando o medo com o protecionismo e novamente ela dormia calmamente.
Sesshoumaru a sentiu relaxar, sentiu quando ela adormecera e fora quando não sentira mais que a miko estava amedrontada que sua fera se recolhera e deixara sua parte racional tomar novamente o controle e a parte racional deitara a miko do futon e se deitara ao seu lado, observando cada traço no rosto da pequena miko.
A jovem não voltara a ter pesadelos durante aquele dia, mas também não tivera um único momento em que ficara sozinha, seja quando estivesse a dormir ou quando estava acordada junto das crianças. Sesshoumaru permanecia ali como um cão de guarda e mesmo em silencio ele conseguia tirar a miko do sério.
Naquela noite, quando o youkai tivera de sair para resolver algo a jovem juntara suas coisas e partira para a cachoeira, precisava de um banho e com Sesshoumaru lhe seguindo por toda a parte ela sentia que não conseguiria fazer aquilo paz.
Suas roupas deslizaram com facilidade e ela sorriu ao olhar para sua pequena barriga. A agua gelada de encontro a sua pele quente lhe causara um delicioso arrepio e um gemido escapara de seus lábios.
Sabendo que não teria muito tempo a jovem se banhara rapidamente, mas não pode evitar em parar e observar a lua. Suas longas madeixas negras flutuavam a sua volta, quase a metade dele possuía minúsculas mexas platinadas que refletiam o brilho lunas, seu rosto estava elevado enquanto admirava a paisagem noturna.
E como em um déjà vu o barulho de um galho se quebrando atraiu sua atenção e das sombras novamente ela viu Sesshoumaru surgindo.
- O que pensas que está fazendo miko?
Kagome suspirou, seu braço cobriu o busco inchado e por estar de lado sabia que o youkai não poderia ver nada além da sua sobressalente barriga.
- Tentando me banhar sem alguém ficar me espiando.
Ele cruzou os braços, mas não pode deixar de observar o corpo da jovem, mesmo com a gravidez o youkai devia assumir que a jovem tinha um corpo estonteante. Kagome corou ao sentir o olhar do albino sob seu corpo e o odiou por sua visão noturna.
- Ninguem vira te espiar, termine logo e vamos.
Kagome o encarou chocada.
- E você não considera o que está fazendo neste instante como espiar?
O youkai sorriu presunçoso e cruzou os braços.
- Já vi o que tinha de ver no seu corpo miko, não tenho motivos para considerar minha guarda como uma mera espionagem.
Kagome inflou o peito e escondendo os seios com os braços se virou de frente para o youkai.
- E por acaso você se lembra de tudo o que viu? Ou do que fez? Porque eu acredito que não, pois se você recordasse não estaria aqui, estaria mortificado em algum canto enquanto caçava o desgraçado do Hebigon.
Algo na postura do albino a fizera se retesar, sabia que tinha dito demais e sabia que jamais esqueceria a sombra que tomou o olhar do albino.
- Apenas termine logo o que veio fazer e vamos embora.
O youkai lhe deu as costas e partiu, ela sabia que ele não iria muito longe, mas seu coração doeu ao vê-lo se afastar.

Insano PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora