Perdida

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Kagome não fora muito longe, correra até o poço come ossos e lá se sentara no chão. Ela queria muito poder pular no poço, voltar para a sua era, correr para os braços de sua mãe e chorar, queria sua ajuda para superar aquilo, mas sabia que não poderia, o poço a deixou voltar para o período feudal, porem ela jamais retornaria para sua própria era, fizera uma escolha sem volta.
Ela estava a observar o voo tranquilo de uma borboleta quando sentira a energia de Sesshoumaru e o medo a assolara.
- Miko...
Kagome revirou os olhos, mas não moveu um musculo para se levantar.
- Youkai...
Sesshoumaru se aproximou e a encarou, porém não se sentou de frente a ela.
- Explique a este Sesshoumaru o que houve dentro daquela cabana.
Kagome revirou os olhos e cruzou os braços.
- Eu tenho certeza de ter sido bem clara lá dentro Sesshoumaru.
Sentindo-se ridícula por permanecer sentada a jovem do futuro levantou-se, o encararia de frente e não como uma criança, apesar de não poder ser cara a cara, afinal o youkai era bem mais alto que ela.
- A miko está realmente prenha?
Kagome encarou o youkai embasbacada.
- Não Sesshoumaru, eu inventei essa história porque quero um pouco mais de atenção... – Das palavras da miko escorria sarcasmo, assim como de seu meio sorriso e os olhos duros de raiva, vendo que não retirara reação nenhuma do albino jogou os braços para o ar enquanto bufava. – É claro que eu disse a verdade, se não acredita ... – A jovem pegou a mão do youkai e a levou para o seu ventre. – Veja por si mesmo.
Primeiro o youkai ficou a encarar os olhos safira sem fazer nada, como se buscasse algo ali dentro, que não encontrara, por fim baixou seus olhos para o local onde sua mão fora pousada e se concentrara ali, por alguns segundos não sentira absolutamente nada, até que sentiu o aroma da miko, nela havia um terceiro aroma, leve e fraco, mas definitivamente estava ali e também de onde sua mão pousara pode sentir um leve e fraco youki. Sesshoumaru afastara sua mão como quem fora queimado e encarara a miko com raiva.
- A miko só pode estar brincando com este Sesshoumaru.
Kagome encarou o youkai de forma fria, já esperava aquela reação dele, mas mesmo assim não pode evitar a pequena dor em seu coração.
- Quem dera fosse uma brincadeira Sesshoumaru, quem dera…. Mas não é, meu filho também é seu, quer queira, quer não.
Pequenos pontos vermelhos sobressaíram-se na íris âmbar.
- Este Sesshoumaru não terá um hanyou como filhote e herdeiro.
Kagome bagunçou os cabelos exasperada, céus aquele youkai a tirava do sério.
- Não estou pedindo para você assumir, não estou te pedindo para se casar comigo, não estou pedindo nem ao menos para você ser presente na vida dele Sesshoumaru, só estou pedindo que nos proteja enquanto eu não posso fazer nada sobre, afinal essa criança não tem culpa de ter sido concebida, ela não tem culpa de nada e eu não vou deixar que Hebigon a leve para fazer sei lá o que com ela e muito menos que saia ganhando.
Sesshoumaru respirou fundo, tentando se acalmar e passou a mão pelas madeixas platinadas.
- Este Sesshoumaru precisa pensar.
Kagome o fuzilava com os olhos e sua aura estava levemente descontrolada, furiosa ela apontou um dedo para o youkai e o cultura no ombro diversas vezes enquanto falava.
- Pense youkai, pense o quanto quiser, mas eu só lhe darei este aviso, se algo acontecer a minha cria por negligência sua, pode acreditar, eu irei atrás de você, lhe purificarei até não restar absolutamente nada e depois caçarei, nem que for sozinha, Hebigon, e a ele eu dedicarei todo e qualquer resquícios de meu ódio.
Por fim a miko saiu de perto do youkai e caminhou floresta a dentro deixando para trás uma cena inusitada, ela conseguira deixar Sesshoumaru paralisado e completamente embasbacado com a coragem e ousadia da miko, sem contar de sua fera que tinha pequenos espasmos de medo da jovem sacerdotisa.

Kagome caminhou para o rio, mas antes de chegar lá sua visão se turvara e ela fora obrigada a se recostar em uma arvore, onde deixou suas costas escorregarem pelo tronco e sentou-se, tentou regular sua respiração para que assim não perdesse seus sentidos, suas mãos tremiam e ela as fechou em punhos, para logo levá-los aos olhos. Queria gritar, queria destruir tudo ao seu redor, queria voltar para sua era, ela queria tanta coisa e nada lhe era permitido, por fim respirou fundo e se abraçou.
Seus olhos pesaram e ela os fechou, sua respiração se suavizou e antes que percebesse adormecera.
Ela estava em um enorme descampado, a grama balançava suavemente e ela sentia-se em paz, sem confusões mentais, sem sentimentos contraditórios, sem seu medo, sem suas feridas. O ar puro entrou por suas narinas e pareceu purificar seu espirito, com cuido ela levantou os braços e rodopiou, surpreendeu-se ao ouvir a gostosa gargalhada que sairá de sua garganta, sentia-se livre. Cansada ela se jogara no chão com um enorme sorriso nos lábios e se pôs a observar as nuvens, passos atraíram sua atenção e ela sentou-se. No horizonte ela pode ver uma pequena figura se aproximar, no começo era apenas como uma sombra, uma sombra que tomava traços femininos, um porte pequeno, curvas, pele delicada, cabelos longos e negros com pequenas mexas platinadas, como raios da lua em uma noite escura, a jovem parara em determinado momento, longe o suficiente para que seu rosto não fosse visto e reconhecido, ela também não falara nada, apenas ficara a observar.
O céu antes claro se tornara escuro de repente, as nuvens brancas se tornaram cinzentas, um raio cortara o céu e o estrondo de um trovão fora ouvido, para logo uma ventania tomasse a clareira. Quando a chuva começou ela não pode ver mais a nada a sua volta, nada da bela paisagem e nem da estranha. Sentia a chuva gelada tocando seu corpo quente e toda aquela paz desapareceu, um raio caia em sua direção quando ela acordara de supetão novamente no meio da floresta com a realidade jogada em sua face, seu coração se despedaçara, ela recostara a cabeça no tronco e fechou seus olhos, grossas lagrimas escaparam enquanto ela alisava seu ventre.
- Céus, o que será da gente de agora em diante, querido? - A paz momentânea de seu sonho se esvairá, o medo voltava a assolar sua alma, ela queria voltar para sua casa, seja lá onde está fosse, queria sentir-se segura novamente e a única imagem que vinha a sua cabeça era a do youkai que claramente não a queria, nem a ela e nem a seu filho.  - Porque comigo? Porque sempre comigo? O que foi que eu fiz para merecer isso? Isso não é justo.
Suas mãos pousaram em seu colo enquanto ela observava a luminosidade por entre as folhas, suas lagrimas ainda caiam e turvavam sua visão, sentia-se pesada, cansada, faminta, sozinha, com medo, tudo o que mais queria era o colo de sua mãe, sentia-se perdida e queria uma direção para seguir.
A claridade lentamente diminuía e logo a escuridão se fazia presente e ela podia sentir que aos poucos recuperava suas forças, com cuidado se levantara e caminhara em direção ao rio, lá ela pode ver a lua cheia, como ela brilhava lindamente em meio as inúmeras estrelas, ela nunca se cansaria daquela vista, tão diferente da Tóquio moderna. Kagome levantou a mão em direção a lua, como se quisesse pega-la ou até mesmo absorver um pouco de seu brilho, mesmo sabendo que este não era propriamente dela e sim do reflexo do sol, foi quando olhou para sua mão e sentiu-a mais delicada, a pele parecia mais pálida e suas unhas muito bem-feitas, nem mesmo a melhor manicure de sua época poderia realizar aquele milagre.
Ainda observando o misterioso brilho lunar ela se livrou das roupas e calmamente se dirigiu para o centro do rio, onde a lua tinha seu reflexo formado, seus cabelos formavam uma cortina negra a suas costas, misturando-se ao negrume da agua calma, Kagome manteve o rosto levantado, absorvendo os raios lunares e deixou que seu poder fluísse livremente a sua volta, com calma e delicadeza, o brilho róseo se misturou ao brilho prateado da lua.
Nuvens escuras começaram a surgir, as primeiras a desaparecer foram as estrelas, e logo a lua era obscurecida pelas nuvens, uma fina garoa começara a cair, seus olhos automaticamente se fecharam e a jovem deixara as gotas caírem por seu rosto e escorrerem por seu corpo, era hora de seguir em frente e voltar a ser a Kagome que sempre fora, chega de chorar, chega de sofrer à toa, esqueça as memorias ruins, cure as feridas e lembre-se das cicatrizes como uma marca de sobrevivência.
Ao reabrir os olhos lá estava a lua novamente, brilhando por meio as nuvens, mostrando a todos sua força e delicadeza e assim a miko seria, seria forte por ela e por seu filho, se queria ser protegida, protegeria a si mesma, sem necessidade de um terceiro.
Ao sair do riacho ela pegara sua roupa e ao pegar a yukata de Sesshoumaru usou seu poder para queima-la, uma leve chama lilás tomara o tecido que em segundo não restava nem cinzas.

Insano PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora