Coração De Ferro (COMPLETO)

Capítulo 23

Despertei de um sono profundo,sentindo a claridade penetrar por uma fresta da minha janela. A primeira coisa que pensei quando abri os olhos foi: “Ontem foi a melhor noite da minha vida!” Lembranças e mais lembranças começaram a bombardear a minha mente e tudo o que eu via era como um filme em preto e branco,em que os protagonistas eram Jasmine e eu. Ainda sentia o gosto da sua boca na minha,suas mão delicadas tocando todo o meu corpo e seu cheiro inebriante me alterando todos os sentidos.

Como podia um sentimento tão forte,tão avassalador estar tomando conta de mim? Eu ainda não entendia como aquilo tinha acontecido comigo,como me deixei ser pego por tamanha emoção. A verdade é que,os sentimentos vão muito além da razão,nós não precisamos entendê-los,precisamos apenas senti-los. Só que eu,com toda a raiva e fúria que senti ao longo dos anos,tinha dificuldade em aceitar tão facilmente a felicidade.

Virei-me para o lado e encarei-a,deitada como um anjo ela dormia profundamente. O relógio de cabeceira marcava para mais de 12:00 horas. Caramba,como havíamos dormido! Certamente Jasmine estava muito cansada. Me preocupei que pudesse ter excedido o limite do corpo dela,exigindo sexo durante toda a noite. Eu realmente esperava que ela e minha flor estivessem bem.

Aconcheguei-me junto a ela,abraçando-a carinhosamente por trás. Coloquei minhas mãos em sua barriga desnuda e passei a acariciar a pele rígida. A nossa filha também parecia estar cansada,pois estava quietinha,não se mexeu por um longo tempo. Devia estar dormindo.

Com Jasmine colada à mim daquela maneira,meus pensamentos vinham feito enxurrada,me deixando confuso e até mesmo abalado. Era incrível como apenas tocar nela,estar perto,me desestabilizava por completo,eu virava um menino,fraco e emocionalmente abalado. Jasmine era o meu vicio,eu sofria por estar longe e quando estava perto,sofria por não ter forças suficiente para parar. Um verdadeiro martírio.

A verdade é que eu havia me tornado,um fraco. Como muitas e muitas vezes jurei para mim mesmo e para a memória do meu pai,que não me tornaria. Eu jurei que jamais entregaria o meu coração à uma mulher,para não correr o risco de morrer aos poucos,como aconteceu à pessoa que eu mais amava. Prometi a todos os Deuses,todos os astros do universo que eu não levaria uma vida de desgraça como meu pai levou. Ele entregou tudo para uma mulher,o seu amor,sua dedicação,seu dinheiro,tudo,tudo o que possuía. E qual foi a sua recompensa? Várias traições,uma vida de mentiras e uma doença terminal. Por isso,eu fazia tudo o que achava certo,fodia com várias mulheres diferentes,não tinha respeito por nenhuma delas e as amaldiçoava por minha mãe ter me abandonado. Eu as culpava pela vida miserável que sempre levei.

Meu pensamento voltou há décadas atrás,quando eu tinha seis anos de idade. A mulher,a qual me deu a vida,já tinha ido embora há um ano,mas eu,sonhava em um dia vê-la entrando pela sala e estendendo os braços para me abraçar. Certo dia,fiz um desenho,me lembro pouco dessa situação, porém esse pouco me marca até os dias atuais.  Na folha de um caderno desenhei minha mãe comigo nos braços e meu pai ao nosso lado. Assim que ele chegou ao meu quarto e me viu no chão pintando,ele falou:

-“Filho,é para quem esse desenho?”

E eu,em toda a minha inocência,respondi que era para a minha mãe,que eu estava esperando que ela voltasse da viagem,para que eu pudesse entrega-lo. Ainda disse que ela se sentiria orgulhosa de mim. Pobre coitado.

Meu pai se abaixou e olhando nos meus olhos,disse-me as palavras que jamais sairiam da minha mente:

“Meu filhinho,sua mãe não vai voltar,ela se foi. Para sempre. Não podemos mais esperá-la,agora somos apenas você e eu.”