Cap. 14 - Extraviada

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O fim da primavera oficialmente chegou, o verão se fazia presente em NY. Caminhar pelos parques, com toda aquela luz natural de beleza, completa o momento da minha vida. As paisagens de cartão postal estavam espalhadas por toda a cidade, me sentia dentro de um filme.

Thomas me enviou hoje pela manhã um convite, com direito a flores.

- Um baile de gala em Washington, Julia isso parece importante. – Argumentou Beth.

- É muito importante, é o baile anual de arrecadação de fundos, da fundação beneficente que Thomas criou. – Algo maravilhoso. – Eu pesquisei sobre isso, senadores e outros figurões estarão presentes.

- Bem, ele faz parte de outro círculo da sociedade. – Disse ela.

- Eu sei, será o nosso primeiro evento diante das pessoas do convívio dele. – Eu estava com receio. – Beth, eu serei o par do anfitrião da noite, todos os olhares estarão em nós.

Engoli metade do creme do bolo.

- Você se sairá bem. – Ela colocou outra fatia de bolo no prato. – O convite diz black-tie, o que irá vestir?

- O vestido amarelo? – Falei sem certeza, não tenho roupas para esse tipo de evento.

- Nem pensar, não pode repetir roupa, além de que aquele vestido é sensual demais. Você pode causar um infarto em algum senador babão. – Ela gargalhou. – Amanhã, depois que você sair do trabalho, nós vamos revirar a 5th avenida e lhe comprar algo apropriado.

Tenho sorte de ter uma amiga disposta.

O meu trabalho não estava fácil, recebi uma ligação de Verônica, dizendo que sua turnê de divulgação foi reduzida e a tiragem dos livros também. O novo agente dela estava furioso, alegando quebra do acordo, tudo isso foge do contrato. Ela encaminhou o e-mail onde às novas determinações estavam especificadas, para minha surpresa quem assina é Sônia, da contabilidade. Peguei o elevador até o andar dela em questão de segundos. Mais uma batalha se aproxima.

- Sônia. – Disse ao lado dela.

- Você. – Ela levantou os olhos.

- Precisamos conversar. – Disse irritada.

- Se quiser aprovar algum orçamento faça como os outros e envie sua solicitação por e-mail, junto com toda a documentação necessária. – Ela continuou digitando. – Não concedo privilégios aqui, ao contrário de alguns.

Mais outra pessoa com essas insinuações cretinas.

- Eu não quero e nem preciso de privilégios. – Fui ríspida, ela finalmente olhou para mim. – Minha única razão para procurar você, é que quebrou um contrato milionário ao reduzir a tiragem e a turnê de A Liberdade.

- Você não é advogada, não entende de contratos. – Falou com desdém.

- Sou a editora responsável, ajudei a redigir este contrato, e sei muito bem onde estão nossas seguranças e brechas nele. – Ela revirou os olhos. – Agora, revogue sua decisão se não quiser arcar com uma multa de três dígitos.

Ela voltou a encarar o computador.

- Você não é a minha superior, agora volte para o mundo de faz de conta de onde saiu. – O sorriso na voz dela foi de enlouquecer.

Mas não fiz escândalo, voltei até minha sala e imprimi uma cópia do contrato. Relendo cada cláusula, frisei aquelas nas quais o agente de Verônica se baseou. Com tudo organizado, subi até o setor jurídico. O advogado da empresa me aguardava. Foi uma rápida reunião, não precisou mais que duas cláusulas para ele enxergar a quebra contratual de nossa parte. Ele apanhou o telefone e ligou para Sônia, ela tentou argumentar, mas estava errada. Não levou nem dez minutos para que eu fosse notificada, o projeto A Liberdade seguirá como planejado. Ela cortou o meu projeto para fazer economia nos gastos da empresa, foi uma jogada desleal. Não gosto de atirar ninguém sob o ônibus, mas, ela agiu de má fé. Sabia que aquele projeto era importante para mim e tentou sabota-lo. Sônia não tinha ideia da burrada que fez, ela deveria me agradecer, pois a salvei de ser a responsável pela empresa perder milhões.

Última Chamada Para O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora