Última Chamada Para O Amor

Cap. 20 - Lemonade

Voltei para casa, tinha assuntos para cuidar e o projeto para começar a desenvolver. Precisava dos meus livros e dados. Senti falta do meu apartamento, minhas plantas estavam tristonhas. Beth cuidou bem delas, mas não é a mesma coisa. Abri as janelas, para deixar a brisa do verão entrar, a casa precisava respirar. Foram dias turbulentos, muitas revelações e uma certeza, já sentia a ausência de Thomas.

Trabalhava no desenvolvimento do projeto diariamente, fazendo pausas para o almoço e café. Mesmo quando trabalhamos em casa é necessário manter uma rotina. Dylan, o jovem que encontrei na feira literária, enviou-me seus textos de aplicação para as universidades, encontrei uma brecha na agenda para analisá-los com cuidado. O conteúdo é maravilhoso, mas correções foram necessárias. Para que ele fosse instigado a sair da zona de conforto e colocar todo empenho naquelas linhas. Conversamos por vídeo conferência, considero que ver com quem falamos ajuda na compreensão da mensagem. Ao finalizar nossa pequena reunião, tive a ideia de incluir aulas virtuais e seminários por vídeo conferência no esboço do projeto. Assim pessoas como Dylan, que vivem em regiões distantes poderão ser inclusas. Estava tão compenetrada diante da tela do computador que não percebi Beth entrando, tinha esquecido do nosso jantar.

- Você esqueceu. – Falou ela triste. – Claire está viajando, está seria a nossa noite de amigas.

- Desculpe. – Salvei o texto na pasta, com encriptação. – Posso me arrumar em dois minutos.

Desliguei o computador, abaixando a tela. Saltando da cadeira disparei para o quarto. Levei mais que dois minutos para me arrumar, mas conseguimos chegar a tempo de pegar à nossa mesa preferida no bar. O lugar estava cheio, sábado à noite NY pulsa acelerada. Pedi uma cerveja artesanal, gelada, estava muito calor. Beth optou por uma bebida preparada com tequila.

- Como andam as coisas entre vocês, Claire já aceitou conversar sobre o assunto? – Beth está querendo filhos, mas Claire desistiu da ideia ao ser promovida.

- Não, ela saiu aborrecida e mal responde as minhas mensagens. – Ela tomou um gole da bebida. – Claire nunca agiu assim, sempre fomos muito maduras em nossas discussões.

- Quem sabe ela só precise de espaço, para refletir sem interferência. – Como eu precisei, dormindo no quarto de hóspedes.

- Eu não sei, tudo isso me deixou muito magoada. – Disse triste.

- Eu pensei que ela estava de acordo, o que mudou foi mesmo a promoção?

- Talvez, eu não tenho certeza. Quando começamos a discutir o assunto ela parecia empolgada, mas de repente tudo mudou. Filhos se tornaram um assunto proibido.

Provei a cerveja, apesar do tom alaranjado, é saborosa. Um grupo de pessoas começou a cantar parabéns para um amigo.

- Você merece uma conversa sincera, não é um assunto que pode ser deixado para depois. A decisão de querer filhos influência na relação. – Disse eu.

- Sim, será nossa conversa mais complicada. – Ela fitou-me intrigada. – E você, já conversou com Thomas sobre filhos?

Quase engasguei com a bebida, lá vem ela com esse papo outra vez.

- Não, claro que não. Filhos estão no final da minha lista, você sabe.

- Então tenha cuidado, afinal vocês dois são bastante fogosos. – Ela riu.

- Lisbeth! – Senti minha pele arder. – Como ousa, não sabe de nada.

- Julia, não sou cega, já cansei de ver como vocês se olham. – Ela tomou outro gole do drink. – Aliás, pensa que não vi vocês dando uns amassos aquele dia, na saída do bar.