Última Chamada Para O Amor

Cap. 21 - RESPIRE, EXPIRE E FORÇA!

Minha sessão de terapia deixou-me cheia de pensamentos, a terapeuta apertou todos os meus botões sem misericórdia. É muito difícil ver os nossos defeitos expostos desta maneira. Colocar tudo sobre a mesa e separar cada um deles foi complicado, mas depois que damos início a limpeza tudo fica mais leve. Situações que achava serem relevantes perderam a importância. Aquela constante tentativa de controlar tudo não faz mais sentido. Descobri que para ter controle sobre si mesmo é preciso se libertar, especialmente dos velhos paradigmas. Livre dos arquétipos que acabamos considerando o nosso Norte, podemos abrir os olhos e descobrir que o horizonte é infinito. Que as possibilidades de crescimento e a constante evolução, são as forças que nos movem. Às vezes é preciso perder, descartar sentimentos e comportamentos que não nos fazem bem, para ganhar novas experiências e oportunidades. Eu tenho uma nova oportunidade nas mãos, uma chance de alcançar outros patamares, evoluir e fazer a diferença de outra forma em minha carreira. Também possuo uma chance de descobrir como é ser a parceira de alguém, um alguém que está disposto a caminhar ao meu lado. Decidir por elas cabe a mim, eu controlo a minha vida, sem amarras. Santa terapia, uma grande aliada da mulher moderna.

Telefonei para os meus antigos assistentes, da Clark & Price, ambos estavam sem emprego fixo. Sônia incluiu Kate em uma lista de cortes, para contenção de despesas, a pobre jovem foi demitida duas semanas após à minha saída. Nós encontramos em um café, próximo ao Central Park.

- Srta. Carter, aquela editora virou um pesadelo, Maddie está praticamente fazendo uma lobotomia em todos. – Falou Kate.

- É muito triste, mas ninguém pode fazer nada, ela é a acionista majoritária. – A família Clark detém 51% das ações, enquanto o restante foi dividido entre os outros sócios. – O legado do Sr. Clark será destruído. Mas estamos aqui por outro motivo, já pensaram em viver em Washington?

Eles arregalaram os olhos.

- Não, mas dizem que é uma cidade incrível. – Comentou Paul.

- Estou terminando o meu curso, seria uma experiência e tanto. – Sonhou Kate.

- Vocês gostariam? – Ambos afirmaram efusivamente. – Bem, que tal voltarmos a trabalhar juntos, mas agora em Washington, a alguns minutos do Capitólio?

- Quando faço as minhas? – Kate animada.

- Srta. Carter, você só pode ser um anjo. – Paul com sorriso alegre.

Consegui dois jogadores para o meu time, agora preciso melhorar a estratégia de jogo e finalmente entrar em campo. Aqui vai a treinadora Carter!

Mas nem tudo estava bem, acordei no meio da noite, tateando o outro lado da cama, vazio. Ficar sozinha nunca foi um problema, dormir no meio de uma cama de casal também não. Mas agora tudo se tornou estranho, fora de ordem. O silêncio fere os ouvidos, quando se tem um coração para ouvir bater. O espaço sufoca quando não podemos dividi-lo. O calor queima se não vier do corpo, a ausência dos braços alentadores é quase um martírio. O pior tipo de solidão é a que sentimos mesmo quando temos alguém. Aprendi com a distância que não quero ficar longe dele, e não é errado admitir isso. Não se trata de carência afetiva, como já senti muitas vezes e me levaram a aceitar migalhas, mas com Thomas eu tenho um relacionamento estável e crescente. Somos um casal, sentir a falta de quem amamos é um sinal de que o amor é real. Posso dizer, sem medos que eu não sei como viver sem ouvir sua voz maravilhosa. Sentir a maciez dos sedosos cabelos castanhos e o perfume daquela pele tão branca, que fica corada com facilidade. Desfrutar de seus beijos e toques quase mágicos, que me fazem derreter como uma casquinha de chocolate deixada ao sol, em pleno o verão. Tive um sonho vivido e quente, que me fez despertar com um largo sorriso nos lábios, o Sr. Harrison é capaz de maravilhas até mesmo em sonhos. NY ficou pela janela, um voo de última hora e a bagagem feita com pressa, fizeram-me companhia.