Última Chamada Para O Amor

Cap. 27 - Nós damos graças!

Minha cabeça estava muito pesada, mal consegui manter os olhos abertos, toda aquela claridade é insuportável. Sentia o meu corpo dormente e o meu braço esquerdo formigar. Será que bebemos tanto assim na noite passada, não é algo que fazemos.

Voltei a dormir, eu acho.

A luz voltou e um pouco de energia também, tentei me sentar na cama, mas fui impedida.

- Não, fique deitada. – Falou Thomas com urgência. – Não pode se esforçar, amor.

- Estou cansada de ficar na cama, hoje é domingo. – Minha voz soou fraca e rouca demais. Tentei levantar o braço, Thomas novamente me impediu. – Ficou maluco, Harrison, deixe-me levantar.

Ele olhou para mim e riu.

- Aí está você, meu raio de sol. – Os olhos dele se encheram de lágrimas.

Não compreendi a emoção dele de imediato, até achei estranha, mas finalmente me dei conta. Não estávamos em nosso quarto, na verdade aquele era um leito de hospital. Aquela luz branca e fria, os sons dos aparelhos e todos aqueles fios e outros objetos presos ao meu corpo. O meu coração disparou, fazendo o monitor cardíaco apitar. Em questão de segundos uma enfermeira apareceu, colocando Thomas de lado.

Ela observou a frequência na tela.

- Foi apenas um pico, ela acabou de despertar. Está emocionada. – Falou a enfermeira tranquila. – Darei um remédio irá acalmá-la.

- Não, Julia voltou de um coma. Vá chamar o Dr. Smith – Thomas foi duro demais. – Agora!

A enfermeira assentiu, desaparecendo do meu campo de visão.

- Thomas, por que foi rude com a moça, ela é enfermeira e sabe o que está dizendo. – Ele fez uma careta. – Aliás, o que aconteceu, por que estou no hospital? Eu estava em coma?

- Você não se recorda de nada? – Neguei com um gesto de cabeça.

Ele me contou tudo o que aconteceu, fui atingida por um carro que ultrapassou o farol vermelho, o motorista fugiu da cena. Na confusão ninguém anotou a placa, a polícia abriu uma investigação. Não quebrei nenhum membro, mas desloquei o ombro, torci o joelho e tive escoriações. O pior foi um pequeno edema que se formou em meu cérebro, com a queda bati com a cabeça no chão. Por segurança, os médicos decidiram manter-me em coma induzido, para que a atividade cerebral fosse reduzida e qualquer tipo de dano ao cérebro fosse evitado. Após os exames de ontem, o médico constatou que meu quadro havia evoluído positivamente, reduzindo a quantidade de sedativos e me trazendo de volta. Toda a situação foi muito grave, eu estava no hospital a cerca de uma semana.

Olhando atentamente para Thomas, pude perceber o quanto ele estava abatido e assustado.

- Eu estou bem, amor. – Estendi a mão a ele. – Eu estou bem.

Ele a apanhou, sem conter as lágrimas. Eu quase morri diante de seus olhos.

O médico veio e me levou para uma nova rodada de testes, além de alguns exames físicos. A enfermeira cuidou de minhas escoriações, Thomas se desculpou com ela. Recebi algumas visitas, Beth e Claire vieram juntas. Foi um ótimo sinal, não percebi animosidade entre elas. Os Solloway também apareceram, Verônica, Alisa, Victoria e John enviaram flores. Vicky telefonou e Sofia também. Ela convocou a todos para passar o dia de Ação de Graças em família, no Texas. Thomas apanhou o número do telefone de minha mãe em meu celular e ligou para ela. Eles mantiveram contato a todo instante. Ela conversou com os médicos, e só assim foi convencida a ficar no Brasil. Depois que tirei um cochilo, Thomas ligou para ela, ao ouvir a minha voz mamãe chorou. Outras pessoas enviaram flores e cartões, Inclusive Robert, as inconfundíveis peônias rosa estavam lá. Mas sem cartão. A enfermeira acabou me contando, quando foi me ajudar com o banho, que Thomas não saiu do meu lado. Desde que dei entrada no hospital, ele se manteve presente. Não deixou nem mesmo Beth ou Becca passaram um tempo aqui, para que ele pudesse descansar. Ele esteve ao meu lado durante todo o meu calvário. Era visível o quanto ele estava estafado, mas evitava demonstrar. Felizmente o médico, previu minha alta para daqui dois dias, se os exames apresentarem bom resultado.