Capítulo-12

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RAVENA

As aulas com o Damian haviam acabado e eu não tinha muita esperança de que ele realmente iria mudar, nem que fosse por algum tempo, para ser aceito pela dona Arella, por outro lado Damian decidiu que se esforçaria o máximo possível, e impossível, para tentar mudar e conseguir namorar oficialmente a Estelar. Talvez, eu devesse acreditar na sua palavra, ou pelo menos tentar dar uma chance para ele, afinal, me comprometi á ajuda-los, ou seja, não posso falhar.

Damian estava do outro lado da biblioteca, lendo o livro que indiquei para ele ler.

Não tenho a carteira da biblioteca.” – disse para mim, com um sorriso no rosto. Eu pensava nisso enquanto arrumava os últimos livros.

– Seu turno já acabou Ravena. – Disse Imra enquanto lia um livro.

Eu não falei nada, pois era algo que eu já sabia, tanto é que eu estava com o último livro na mão pronto para ser guardado, então eu apenas coloco o livro na estante e depois arrumo as minhas coisas, que estavam em cima da mesa.

Rapidamente saio da biblioteca.

Não demora muito para que eu sinta alguém me seguindo, e sentia que era o Damian

– Por que esta me seguindo Damian? – Pergunto enquanto ando.

– Quer carona?

Olho para o lado e vejo que ele havia me alcançado, o que não era algo surpreendente, já que eu nem ao menos estava andando rápido.

Olho para ele de cima para baixo e percebo que ele estava segurando o livro ao qual havia dito não poder levar.

– Achei que não tinha a carteira da biblioteca. – Falo olhando para frente.

Nesse momento posso imaginar o seu meio sorriso, que nem ele mesmo percebeu que havia dado.

– A Imra deixou essa passar. – Seu tom de voz não combinava com seu sorriso. Estava sério. – Vai querer a carona?

Eu paro, fazendo ele parar também.

Não gostei daquele tom de voz, parecia uma ordem, não um convite.

– Prefiro ficar sozinha. – Falo séria.

– Pensei que aceitaria uma carona do seu cunhado.

Reviro meus olhos.

Tão patético.”

– Por que aceitaria? – Falo com deboche. – Não gosto muito da companhia de pessoas.

– Acho que entendi. – Ele fica sério, frio. – Cuidado então.

Dou de ombros e volto a andar.

– Vê se estuda! – Grito enquanto ando e fico surpresa com tal atitude, já que não sou de ficar falando alto ou gritando por ai.

Parece que estou começando a mudar, agora só falta saber se pra melhor ou pior.

– Vê se para de ser tão chata! – Gritou de volta.

Talvez, por alguns segundos, eu dei um sorriso. Aquele tipo de sorriso espontâneo e que nem percebemos ou reparamos, mas ele está lá.

Nossas aulas mal começaram e ele já está me dando trabalho. Mas tem algo nele, algo em seus olhos que me intriga. Sinto que seu passado é muito doloroso e que ele guarda tudo dentro de si.

Na próxima aula farei ele botar tudo para fora. Talvez seja bom.

...

Quando entro no meu quarto me deparo com Estelar mexendo nas minhas fotos e tocando em meus livros. Aquilo me incomodava, não o fato de ser ela mexendo nas minhas coisas, mas sim o fato de alguém ter entrado no meu quarto e ter mexido nas minhas coisas.

Não gosto que mexam nas minhas coisas sem a minha permissão.

- Não mexa nas minhas coisas. – Falo ríspida.

Ela se vira para mim assustada, abre um breve sorriso e fala:

– Você sempre gostou de ler.

Eu já sabia o que ela queria, mesmo não dando muito para perceber, então eu falo:

– Damian foi muito bem no seu primeiro dia de aula. – Jogo minha mochila no chão. – Ele ficou na biblioteca até a hora em que eu saí. – Tiro meu casaco. – Semana que vem continuamos. – Ando até ela. – Não precisa se preocupar. – Toco em seu ombro. – Vai dar tudo certo.

Ouço um suspiro de alívio vindo dela.

Estelar sempre foi uma garota muito insegura consigo mesma. Todos pensam que ela é do tipo que sabe da sua beleza de do seu potencial, mas pelo contrário, sempre foi uma garota insegura e que sempre contava com a opinião dos outros sobre a sua própria vida, talvez por isso tenha virado o que é hoje. O que é triste, pois antes ela era a garota mais doce que eu conhecia e hoje é apenas uma casca vazia. Mas ainda sinto que a aquela doce e meiga Estelar, ainda vive dentro dela.

– Você sempre me ajudando. – Fala sorrindo, mas com uma voz triste. – Gostaria de saber quem é a irmã mais velha. – Ela pega uma foto onde estavam eu e ela na praia. – Nesse dia eu lembro que eu entrei na água e me deu câimbra no pé... – uma lágrima escorre pelo seu rosto e rapidamente ela enxuga – se não fosse por você eu teria morrido afogada.

Eu não sabia o que dizer, e sentia que se não falasse algo poderia me arrepender.

– Você sempre ajuda Estelar. – Pego a sua mão. – Só você que não vê. – Enxugo suas lágrimas.

– Posso dormi aqui essa noite? – Perguntou com uma voz de criança.

Meu quarto não era o melhor lugar para uma garota como a Estelar dormir. Era muito escuro, até mesmo de dia, mas eu sabia que não era o lugar, mas sim a pessoa.

– Claro.

Ela sorri para mim e se deita na cama, logo me deito ao seu lado.

Eu entendo que a nossa mãe está nos preparando para quando ela morrer, já que ela trabalha de dia até a noite, então só resta a Estelar e eu, mas isso não nos faz ficar mais unidas, mas também não nos separa.

Aquela noite era umas da raras ocasiões onde Estelar e eu nos aproximamos e nos unimos como as irmãs que somos.

Em poucos minutos eu fechei meus olhos e dormi. Aquela foi a primeira vez que dormi tão rápido.

SoulmateOnde histórias criam vida. Descubra agora