Capítulo 3

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Camila POV

— Você está linda, querida. – Mama olhou em meus olhos através da minha imagem refletida no espelho e sorriu amavelmente.

— Obrigada, mama. – Sorri fracamente pra ela, enquanto ela se aproximava para segurar a minha mão.

Ficamos em silêncio por alguns minutos. Ela girava o anel em meu dedo, ali quieto, apenas me deixando saber que estaria ali por mim.

— Eu estou com medo, mama. – Ela me encarou por alguns segundos, antes de puxar-me para seus maternos braços logo depois. – Eu queria não sentir medo o tempo todo. Mas eu sinto.

— Sentir medo é tão humano, quanto sentir amor, querida. – Sorriu, olhando em meus olhos. – Nós tendemos a ter medo do desconhecido, e é por isso que muitas vezes, a felicidade passa por nós despercebida.

— Então por que tenho tanto medo dele? – Sussurrei. Estava ansiosa, sentindo um frio na barriga fora do normal, a sensação de que desmaiaria a qualquer momento, não me abandonava.

— Quando a escuridão do medo tomar conta de você, lembre-se: na luz do dia há estrelas no céu, mas é somente na escuridão da noite que você poderá notá-las. Às vezes o inexplorado caminho pode não estar tão óbvio assim e, você possa ter medo de seguir em frente. Sentir medo é normal, mas não se deixe ser consumido por ele. Só porque você não vê a luz do desconhecido, não significa que ela não existe, às vezes a luz mais pequena brilha nos lugares mais escuros. E não importa se agora você não é capaz de enxergá-la. Podemos ter medo do presente ou podemos ir em frente, para o desconhecido, e então acreditar que ele será brilhante. – Os cantos de sua boca se contorcem de um jeito simpático.

— Obrigada, mama. – Sorri afável. – Eu te amo.

— Eu também te amo, querida. – Ela diz me apertando de maneira acolhedora, antes de afastar-se e colocar uma tiara azul turquesa, que usará em seu casamento sobre minha cabeça e entregar-me um lindo buquê de rosas azuis. – Está linda como uma princesa e rainha deve ser.

Não contivemos a emoção e choramos, antes de nos recompormos e refazer nossa maquiagem periodicamente.

— Você é a noiva mais linda que eu já vi em toda minha vida. – Papa me elogiou, ao adentrar o cômodo subitamente.

— Eu pensei que mamãe tinha sido a noiva mais linda. – Falei divertida.

— Bem, não fala pra ela, mas você a superou. – Sussurrou, mas o suficiente para mama ouvi-lo.

— Eu estou aqui, sabia, Alejandro Cabello! – Fingiu-se irritada, fazendo-o sorrir.

— Como você está, querida? – Indagou papa, havia preocupação em sua voz, mas sorri suavemente, procurando tranquilizá-lo.

— Apenas um pouco nervosa. – Confessei.

— É compreensível. – Apertou levemente meu ombro em um gesto de carinho. – Eu te amo e espero que possa me perdoar por isso um dia. – Beijou minha testa e me ofereceu um abraço, antes de se afastar e começarmos a caminhar para fora do quarto, rumo a cerimônia do meu casamento.

— Eu te perdoou, papa. Porque sei que não é sua culpa. – Esclareci amável, mas, de repente, fiquei muda com a visão diante de mim.

A decoração branca, dourada e alvacento, as flores penduradas no teto e exibida sobre as mesas e adornos. Mama fez tudo como eu disse que queria, enquanto no fundo tocava A Thousand Years de Christina Perri, eu quis chorar, porque amava aquela música, e sempre que a ouvia em outras cerimônias, dizia que seria conduzida até o altar também com ela.

Os sorrisos forçados de algumas não me passavam despercebidas, assim como, os olhares mal-intencionados de outras. Mas apenas sorri, como a esposa de uma rainha faria.

Caminhei tão, lentamente, quanto podia, mas, dessa vez, mantendo a cabeça baixa e os olhos presos em meus pés para ter a certeza de que não tropeçaria a qualquer momento. Mas quando papa parou de andar e levantou meu véu, tudo que senti ao esticar o braço, foi o toque firme e quente da mão da minha noiva segurando a minha.

S/N estava simplesmente linda.

O vestido incrivelmente branco, os olhos tão castanhos, quanto safiras, a face rígida e séria. Apesar da prepotência e superioridade dela, eu ainda acreditava que, sim, existia algo bom dentro dela, só precisava fazê-la confiar em mim para que dividisse essa parte da sua vida tão desconhecida comigo.

Viramos de frente uma para a outra, enquanto esperávamos o padre começar a cerimônia. Mas, então, ela sorriu. Não era um sorriso amoroso. Longe disso. Era um sorriso sarcástico, os olhos castanhos mostrando um desprezo sem fim, enquanto mais de 500 pares de olhos estavam fixos em nós.

— Estamos aqui hoje para testemunhar a celebração conjúgio de S/N/C Jauregui e Karla Camila Cabello Estrabão... – O padre continuou falando, mas eu não ouvia mais nenhuma palavra, estava antenada demais naquele cínico sorriso em seu rosto. Mas mesmo quando ela citou seus votos e sabendo que eles era tudo uma medíocre encenação, percebi o quanto eu gostava de ouvi-la dizer frases bonitas.

— Eu, Karla Camila Cabello Estrabão, recebo S/N/C Jauregui como minha esposa, e prometo ser fiel, te amar e te respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe.

O padre alcançou nossas alianças, abençoando-as rapidamente, e nos entregou.

— Camila, está aliança representa minha fidelidade e meu amor, a receba em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. – Então ela sorriu mais uma vez e... Maldita sea!

Rapidamente me recompus e repeti as palavras, colocando no dedo dela, uma aliança idêntica à minha.

— Pelo poder concedido a mim, eu as abençoo e as declaro esposa e esposa. Podem se beijar. – Antes que S/N me beijasse, ela pegou minha outra mão, colocando a direita dela sobre meu coração e a minha direita sobre o coração dela. Então, declarou:

— Pela coroa e pela honra. – A sensação de seu toque em minha bronzeada pele nua sob o decote e os batimentos de seu coração debaixo dos meus dedos me deixaram muda por um momento.

— Pela coroa e pela honra. – Finalmente declarei, antes dela puxar-me em sua direção, selando enfim nossos lábios.

De repente eu não era mais Karla Camila Cabello Estrabão, a esposa em colapso, e ela, o meu medo desconhecido. Com seus lábios sobre os meus, nós éramos apenas... Nós.

Mas o beijo terminou tão rápido, quanto começou.

S/N afastou-se somente para roçar seus lábios sobre a bronzeada e macia pele do meu pescoço e beijar suavemente. – Seja bem-vinda ao seu inferno particular, esposa. – Sussurrou contra meu ouvido, antes de depositar uma breve mordida no meu lóbulo e afastar-se para o salão onde aconteceria a recepção e a festa.

Maldita sea!

CROWN ( Camila/You G!P )Onde histórias criam vida. Descubra agora