Capítulo 1

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Camila POV

— Dinah, realmente acho que não é uma boa ideia. – Eu tentei argumentar pela milésima vez, enquanto a mais velha passava seu batom vermelho paixão em mim.

— É uma ótima ideia. Bea e eu fazemos isso o tempo todo.

— Não, nós não fazemos. Apenas uma vez pra nunca mais. – Bea reclamou, como sempre, não compartilhava do mesmo entusiasmo da maior.

— Não importa. É sua primeira e última noite de solteira, por favor, Chancho. – Implorou, fazendo biquinho e juntando as mãos. Levantei uma sobrancelha, inquebrantável, portanto, vendo que eu não mudaria de ideia, ela olhou para nossa irmã.

— Bea, não seja uma chata e me ajude aqui! – Exigiu, fazendo Bea bufar ao seu lado.

— Claro! Porque, não? Vamos lá, Camila, estou ansiosa para ver nossos rostos estampados em cada site, revista, jornais e tabloides amanhã. – Ironizou Bea, fazendo Dinah revirar os olhos avelãs, idênticos aos dela.

Nascer princesa não era um mar de rosas, assim como, nem todos os dias têm sol. Na maioria das vezes, era até legal enxergar nosso modo de vida nos filmes e documentários. As pessoas destacavam nossa etnia sem nem saber o que realmente existia por trás das belas tomadas de Hollywood, mostrando uma ficção absurdamente diferente da nossa realidade. Não existia glamour nos nossos dias. Existia a bolha que há dias chora por atenção quando o salto alto aperta no final do dia. Existia o fininho som de desistência de quem está cansado de carregar pesos reais e psicológicos – porque surge a obrigação com uma população agitada presa em cada demanda exigida. Existia o peso das obrigações acumuladas em uma poça de água nos olhos e, então, segurar firme em alguma coisa, ou pessoa, ou barra de ferro para não cair de verdade. Existia a abdicação de suas vontades e sonhos que não conduzia com a realidade do mundo em que nós vivia. Existiam regras que não podiam ser quebradas e instruções de como ser uma princesa perfeita. Assim como, pensar no seu bem-estar e felicidade, não é, e nunca será uma opção.

— Ah, cala a boca, Bea! – Um sorriso brincava em meus lábios, enquanto observava minhas duas belas irmãs fazerem o que elas mais adoravam fazer: discutir. Fosse por muito ou por pouca coisa, às vezes sequer precisavam de um motivo para isso.

— Cheechee, eu tive vinte e dois anos recheados de noites de solteira. Essa não seria mais momentosa que as outras. – Aleguei, fazendo Dinah revirar os olhos e bufar, claramente perdendo a paciência.

— Ah, claro! Lendo livros e comendo sem parar. – Retrucou carrancuda.

— Livros de intelectos excepcionais. – Resmunguei contrariada.

— Intelectos excepcionais, incluindo mastur... – Tampei a boca dela, antes que ela pudesse terminar a frase. – Fala sério, maninha! Acha mesmo que S/N, sendo S/N/C Jauregui, rainha da Espanha e viúva, não iria comemorar a última noite de solteira dela? – Estabeleceu ao tirar minha mão da sua boca. – Se é que será, efetivamente, a última como solteira dela.

— Cala a boca, Dinah! – Bradou Bea que, enquanto minhas irmãs discutiam, minha mente marchou para o que Dinah falou. O pensamento dela estar com alguém momentos antes do casamento, fez com que uma raiva fora do normal me dominasse. Não por ciúmes. Longe disso. Mas pela falta de respeito.

— Ok, ok, Dinah. Você venceu, mas voltaremos antes das onze. – Apesar das pequenas palavras de protesto de Bea no começo, ela sabia que a insistência da maior seria insuportável até que eu cedesse. – Será apenas um passeio noturno com minhas irmãs para eu me distrair antes do meu casamento.

— Ok. Será apenas um passeio inocente. – Expôs Dinah, abrindo um franco sorriso, mas que parecia ainda mais perverso do que antes e assentiu.

CROWN ( Camila/You G!P )Onde histórias criam vida. Descubra agora