S/N POV
— Graças à Deus! Você voltou, kamis. – Aproximei-me da cama quando o médico se afastou com um sorriso contido, quase tenso. Acariciei o rosto ainda pálido dela. Deus! Senti tanto medo de nunca mais poder ver esses lindos olhos castanhos dela. Camila não desviou os olhos e franziu o cenho, me examinando em silêncio. Aquela expressão estranha e vazia nos olhos dela, alheia de qualquer emoção me assustava outra vez.
— Isso é algum tipo de piadinha idiota? – Disse num fio de voz. – Por qual motivo a rainha da Espanha estaria aqui e preocupada comigo se não fosse isso? – Soltou uma risadinha sem humor.
— O que? – Interroguei dessa vez desviando o olhar para o médico. O Dr. Tomlinson parecia um tanto apreensivo. Um pressentimento horrível tomou conta de mim.
— Vejo que ainda não está a par do real estado de saúde da princesa, Majestade. – O médico falou nervoso.
— Então me coloque a par, agora, Dr. Tomlinson. – Pedi em tom seco, relançando o olhar para Camila que tinha uma expressão distante nos olhos.
— A paciente esteve em coma por oito meses, Majestade...
— Conte-me algo que não saiba doutor? – Falei sarcástica. Não estava gostando nada da expressão no rosto dele.
— A pancada na cabeça foi muito forte...
— Vá direto ao ponto, Tomlinson! O que há com a minha esposa? – Eu quase gritei e Camila arregalou os olhos.
— O-o quê? – Camila murmurou, uma expressão de medo tomando conta do seu rosto. – Doutor, o que essa mulher está dizendo? – Oh! Deus! Ela não está se lembrando do nosso casamento?
— Oh, não... Ela... – Gemi mais afirmando do que perguntando e o médico deu um longo suspiro, confirmando com um gesto de cabeça.
— Pelos exames que fizemos podemos trabalhar com duas hipóteses: pode ser um caso de perda da memória curta, ou perda de memória seletiva. – Explicou o Dr. Tomlinson.
— E o que exatamente isso quer dizer, doutor? – Voltei os olhos para Camila, que me encarava como se eu fosse um E.T.
— Ela não se lembra dos acontecimentos dos últimos cinco anos da sua vida. – Revelou o médico com expressão de pesar. – Pode ser consequência do trauma físico ou pode ter sofrido um trauma de natureza psicológica, emocional e o cérebro bloqueou inconscientemente tais memórias. – Eu fiquei tensa com sua explicação detalhada.
— Será que dá para vocês pararem de falar de mim, como se eu não estivesse aqui? – Bufou irritada. – Isso é verdade, doutor? Digo, sou mesmo hum... Esposa dessa mulher? – Sua voz soou rouca, fraca.
— É claro que é! – Gritei passando as mãos pelos cabelos. Isso era um pesadelo! Só podia ser. Camila finalmente acordou, como havia pedido desesperadamente todos os dias desde aquele maldito acidente, mas agora... Cristo! Isso é uma espécie de castigo? Porque se for é muito cruel.
— Sugiro que se acalme, Majestade. – O doutor encarou Camila e continuou: – Sim, ela é sua esposa. – Seus olhos se alargaram-se e ela riu sem o menor humor.
— Isso é loucura! Eu não tenho esposa nenhuma, nem tenho idade para casar ainda. Só tenho dezessete anos, doutor. Nem terminei meu último ano de colegial ainda. Sem falar que ela já é casada com outra princesa. – Mas que maravilha! Pensei ironicamente, querendo socar algo.
— Não é loucura Camila. Você é minha esposa. A princesa da Espanha. Minha princesa. – Os olhos dela se arregalaram de novo. Seu rosto ruborizando. Acho que ela não percebe, mas seus olhos me dizem tudo. Sempre me disseram. Então, sim, sei que ela sente isso aí dentro. Sente que é a minha princesa. Sempre foi. Sempre será. Assim como, eu sempre serei dela.
— Vou deixá-las a sós para conversarem. Se precisarem é só chamar. – Disse o Dr. Tomlinson rumando para a porta.
— Doutor, responda-me uma coisa antes de ir. – Pedi preocupada. – Isso é temporário, não é?
— Os exames apontam que não há mais lesão no cérebro, o que nos deixa otimistas. As lembranças podem voltar a qualquer hora, uma semana, um mês, talvez mais... Deve ser paciente, Majestade. – Esclareceu antes de se retirar do quarto.
Camila tentou se inclinar mais nos travesseiros. Corri ajudando-a a acomodar-se numa posição quase sentada. Apesar da expressão abatida e dos cabelos curtos, pois precisara cortá-los devido a uma delicada cirurgia na cabeça, ainda me parecia esplêndida... Tentei tocá-la, mas ela afastou o rosto. Abaixei a cabeça para esconder meu desapontamento. Por que sua rejeição doeu pra caralho.
— Desculpa, S/N. Eu não consigo. – Meneou a cabeça, seus olhos confusos. – Eu não te amo. – Suas palavras afundaram meu coração.
Dio!
Isso dói malditamente muito.
Como dói...
Talvez seja esse o meu castigo. Tê-la tão perto fisicamente, mas muito longe emocionalmente.
— Você... Você me ama? – Camila quis saber.
— Si, eu te amo, Camila. – Admitir isso finalmente foi como se um peso enorme saísse de cima de mim. – Eu a amo muito, amor. – Concluí e seus olhos dilataram ainda presos aos meus.
— E-eu não sei o que dizer sobre isso. Desculpe, S/N. – Camila ficou me observando e seus olhos suavizaram como se sentisse minha dor devido as suas palavras, e eu vi um rubor atingir suas bochechas. Eu ainda a afetava como mulher apesar de tudo. Mas era apenas isso. E dói muito saber disso.
Trouxe Camila para a palácio duas semanas depois que se recuperou. Bea, Dinah e Sinuhe passou as duas últimas semanas ao lado dela no hospital antes de voltarem para a Inglaterra novamente. Camila ainda não conseguia se lembrar de nada do que aconteceu nos últimos cinco anos, tanto quanto também estava cada vez mais confusa e relutante em aceitar que aquela era a sua nova vida.
— Oi... – Virei-me, imediatamente, para Camila, ao ouvir sua voz baixa e tímida. Ela usava apenas um baby doll preto de alças finas que dava uma boa visão do seus seios. Tive que sufocar um gemido, ao levantar o olhar para o seu rosto, seus cabelos estavam soltos e molhados caindo sobre os ombros. Minha boca secou. Puta merda! – Você... Você vai dormir aqui? – Sussurrou, apontando para a nossa cama.
— Sim? – Seus olhos se arregalaram incrédulos.
— Hum... Não tem outro quarto nesse palácio? – Ela quis saber, seus olhos adquirindo uma expressão apreensiva.
— Está me expulsando do nosso quarto? – Camila franziu o cenho, mas logo manejou a cabeça em afirmativo. – Por quê?
— Porque eu não quero dormir ao seu lado. – Soltei um "oh" quase sem som e abaixei a cabeça. O gosto de sangue surgiu em minha boca quando pressionei meus dentes com uma força absurda contra a pele do meu lábio inferior, ao sentir meus olhos arderem. – Não me sentirei à vontade dividindo a cama com você, S/N. – Sussurrou e levantou meu rosto, ela desceu a mão para o meu pescoço numa carícia suave. – Meu cérebro não se recorda de você, mas meu corpo não lhe esqueceu. – Abaixou a cabeça em minha direção, roçando seus lábios levemente nos meus. – Meu corpo sente..., mas preciso de um tempo. Por favor, me conceda isso.
— Queria tanto dormir com você em meus braços. Sonhei tanto com isso, kamis... – Confessei. – Mas, tudo bem. Esperarei que venha até mim quando estiver pronta. – Depositei um suave beijo em seu rosto. – Boa noite, kamis. – Então eu sorri pela primeira vez em muito, muito tempo. Ela corou lindamente de novo. Ampliei meu sorriso. Eu devia estar com um enorme sorriso bobo congelado no rosto. Eu simplesmente não conseguia parar. Dio! Eu a amo tanto.
— Boa noite, S/N.
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CROWN ( Camila/You G!P )
Fanfic- Que saco! Eu não sou mais criança! - Usei o mesmo tom de voz que ela. - Ah, não? Não foi o que me pareceu, mas escute aqui, Princesa. - Praticamente ela cuspiu as palavras, cheias de desprezo. - Irá morar no meu palácio, cumprirá com suas obrigaçõ...