S/N POV
— Esse aqui é muito bom, se vocês quiser algo mais forte, altezas. É todo de cobre, então resiste muito melhor à corrosão. É bem melhor que o de aço e garante um repouso extraordinário aos seus entes queridos. – Os dedos de Enrico, diretor da funerária, alisavam o cavanhaque ao passar a mão pelo outro caixão. – Esse aqui é de ouro, feito de um material que dura muito mais do que qualquer outro caixão. – Assentiu meu pai interessado. – Temos também as opções em madeira. Veja bem, altezas, eles não são tão fortes, mas são resistentes ao impacto, o que também é bom. Temos diferentes tipos de madeira, como cerejeira, carvalho e imbuia. O meu preferido é o de acabamento em cerejeira, mas quando se trata de gosto, cada um tem o seu.
— Ele tem um caixão favorito. – Murmurei irritada. – Dá pra acabar logo com isso? – Exigi ríspida.
— S/N... – Repreendeu meu pai, virando de costas para o diretor da funerária. – Seja educada. – Enrico nos levou até seu escritório, com aquele sorriso estranho que me irritava mais a cada segundo.
— Para as lápides, também oferecemos coroas, vasos e flores para cobrir o corpo...
— Você está de brincadeira comigo porra? – Meu pai segurou minha mão, tentando me impedir de falar daquela maneira, mas já era tarde demais. Eu estava no limite. – Deve ser muito bom pra você, não é, Enrico? – Perguntei, com os punhos cerrados. – Deve ser um trabalho do caralho oferecer uma porra de uma coroa de flores para as pessoas que amamos. Fazer as pessoas gastarem todo seu dinheiro com coisas ridículas, que não mudam merda nenhuma, só porque estão vulneráveis. Flores pra cobrir o corpo? FLORES PRA COBRIR O CORPO? Elas morreram. Elas morreram caralho! – Gritei, levantando da cadeira. – Mortos não precisam de vasos. Eles não precisam de coroas. E não precisam de flores. Para quê? Para que, Enrico? – Berrei, batendo as mãos na mesa e fazendo todos os papéis voarem. Meu pai se levantou e tentou me segurar, mas puxei o braço com força. Meu peito subia e descia rapidamente, e minha respiração ficava cada vez mais curta e difícil de controlar.
Saí correndo do escritório e me apoiei na parede mais próxima, enquanto eu esmurrava a parede. Várias vezes. Meus dedos ficaram vermelhos, e meu coração se tornava mais frio à medida que a ficha começava a cai. Levei a mão à boca e, com um grito, dei vazão à toda minha tristeza.
Elas se foram.
Mamãe se foi.
Pra sempre.
— S/N...
— Eu acordei você. – Sussurrei, virando-me para olhar o lindo rosto de Camila.
— Mais ou menos. – Respondeu Camila. – O que aconteceu?
— Nada. – Menti, irritada demais com o fato de que meus gritos provavelmente a acordavam todas as noites. – Estou bem.
— Foi sua mãe, ou Ariana? – Ela sempre sabia de tudo.
— Minha mãe.
— É difícil? Olhar pra mim usando as joias dela?
— Sim. Mas ao mesmo tempo me dá vontade de te abraçar, não no modo amoroso, mas no modo maternal, porque seria como abraçar ela.
— Isso é estranho. – Camila sorriu, brincando.
— Eu sou estranha. – Quando ela me abraçou, eu derreti. A forma como ela encostou o queixo no topo da minha cabeça e passou a mão pelas minhas costas, bem devagar, me trouxe uma paz que eu não sentia há muito tempo. Não percebi que estava chorando até sentir os dedos dela secando minhas lágrimas.
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CROWN ( Camila/You G!P )
Fanfiction- Que saco! Eu não sou mais criança! - Usei o mesmo tom de voz que ela. - Ah, não? Não foi o que me pareceu, mas escute aqui, Princesa. - Praticamente ela cuspiu as palavras, cheias de desprezo. - Irá morar no meu palácio, cumprirá com suas obrigaçõ...