Capítulo 26

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Camila POV

Assim que a ouço gritar, eu me levanto na hora.

A parte superior de seu corpo não está coberta. Um braço está jogado acima da sua cabeça, o outro está esticado ao lado do corpo. Seus dedos se agarram ao lençol. Eu me movo devagar e pego sua mão, sentando na cama. Devo acordá-la? Por que suponho que foi o que fiz da última vez, e ela pirou? E que as coisas não terminou muito bem pro meu orgulho? Mas deixar que fique presa ao pesadelo me parece cruel. Ouço um gemido baixo. Dane-se essa suposição! Minha esposa precisa de mim.

— S/N. – Ela se contorce. – S/N. – Repito, mas alto dessa vez. Ela fica quieta, mas com o corpo ainda rígido. Com delicadeza, coloco a mão em seu ombro. – Acorda. – Digo baixinho. Ela para de gritar agora, mas sua respiração continua forte e entrecortada. – S/N! – Eu a sacudo. Seus olhos se arregalam, e seu corpo fica imóvel. Fico parada também, deixando que ela acorde. Espero a tensão em seu corpo diminuir e sua respiração ficar mais regular. Seus olhos encontram os meus. Não falo nada, com medo de que, se falar, vou estragar o momento. Daí, ela vai pirar como da última vez e vai começar a distribuir beijos quentes como uma forma de punição? Deus! Isso não me parece muito com uma suposição. Será que é uma lembrança? Eu não sei! Mas estou muito sobressaltada quanto a isso. Uma preocupação passa por seu rosto e ela estica os braços em minha direção, mas me mantenho afastada dela. Meu coração aperta ao notar que ela interpretou errado meu gesto. Ela acha que é uma rejeição. Cristo! Não é isso! Eu só estou tão... confusa. – Não! – Digo, pegando a mão dela e esperando que me encare. – Não é o que você está pensando. Sou eu, tá bom? Eu sou o problema, não você. – Ela fica em silêncio por alguns segundos, estudando meu rosto.

— Bom. – S/N diz, com uma voz divertida. – Isso é verdade. Você tem mesmo algum problema. Seu cabelo parece um ninho de passarinho e tenho quase certeza de que sua camisola está do avesso. – Lanço um olhar incrédulo para ela, então confiro minha camisola. Pra mim parece estar do lado certo, mas está um pouco escuro para confirmar. S/N passa as mãos por cima dela. Ergo as sobrancelhas.

— Dá próxima vez que eu decidir salvar você da terra dos pesadelos, prometo colocar um vestido de festa e pentear o cabelo antes, Majestade. – Ela solta uma risadinha divertida. Eu a olho séria dessa vez. – S/N...

— Não. – Ela responde. – Já sei que não vai me contar a história real do por que ficou tão sobressaltada, então deixa pra lá. – Respiro fundo.

— Você já contou para alguém? – Ela se joga de costas na cama, e eu suspiro, reconhecendo os sinais de S/N se fechando. Mas, então, sou surpreendida:

— Não. – Ela diz, baixinho. – Nunca contei pra ninguém.

— Você ia se sentir melhor se contasse. – Ela vira a cabeça pra mim.

Eu ia me sentir bem falando das minhas merdas, mas você pode manter seus segredos só pra você? – Fico em silêncio. Ela bufa. Me mexo na cama, pegando os lençóis na beirada da cama, que estão enrolados em seus pés, dando batidinhas em seu joelho para que levante a perna e eu possa puxar as cobertas, mas meus olhos se voltam para sua perna. – Você devia ter visto a perna do meu antigo segurança. Ficou bem pior... – Ela diz, calma. Ela está falando a respeito. E, embora, eu esteja louca para pressioná-la mais sobre o que aconteceu naquele dia, sinto que é melhor desistir, então mudo de assunto:

— Escuta, Majestade, se começar a gritar durante o sono, a oferta para dormir de conchinha vai por água abaixo.

— Não me lembro de ter feito uma oferta, princesa. – Falou com desdém e eu sorri.

CROWN ( Camila/You G!P )Onde histórias criam vida. Descubra agora