Capítulo 25

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S/N POV

— Sério, o que estamos fazendo aqui, Camila? – Questionei quando o carro parou em uma estrada abandonada, fiquei ainda mais confusa. – Você vai me matar?

— Não seja boba, S/N. – Ela abriu aquele riso lindo e travesso de menina. – Vem. – Camila saiu do carro e começou a caminhar pela estrada. Fui atrás dela, pois, quanto mais Camila se afastava, mais eu me perguntava aonde estava indo. Sorri segurando sua cintura firme e puxando-a para mim. Subi uma mão para os seios e desci a outra pela barriguinha reta, chegando à sua intimidade. Ela grunhiu abrindo mais as pernas.

— Vamos namorar, não é isso? – Sussurrei por cima do seu ombro.

— Você é tão pervertida, amor.

— Você pode ficar por cima, anjo. – Sussurrei em sua orelha. – Eu deixo. – Ela gemeu quando lambi o seu ponto fraco.

— S/N... Assim não vale, você joga sujo. – Seus olhos flamejaram e ela sorriu com uma expressão safada no rosto. – Porém, dois podem jogar esse jogo, Majestade. Vou fazer você me implorar mais tarde. – Eu gargalhei e dei um tapa na sua bunda quando ela se afastou de mim. Logo, Camila se deteve diante de uma escada que conduzia a um letreiro. – Tchã-rã! – Camila exclamou com uma entusiasmada empolgação.

— Humm?

— Sei que faz mais de algumas semanas desde a festa do seu aniversário, S/N, mas esse é o seu segundo presente de aniversário! – Franzi a testa com desdém.

— Meu segundo presente é... uma escada e um letreiro? – Ela revirou os olhos e suspirou de modo dramático.

— Siga-me, Majestade. – Disse ela, subindo a escada. Fiz o que ela pediu. Subimos a escada mais alta que eu já tinha visto. Camila devia ter um pouco de medo de altura, pois tentava ao máximo não olhar para baixo. Havia um parapeito no letreiro abandonado, mas, ainda assim, parecia alto demais para o gosto dela. Ela caminhou lentamente até a lateral do painel e trouxe de lá uma cesta de piquenique e alguns embrulhos de presente. – Aqui. Abra os presentes primeiro. – Quase tive um treco quando vi o que eram. – Eu não sabia ao certo qual você viu com Ariana, então comprei todos os DVDs que consegui encontrar. – Observei os mais de doze DVDs com documentários sobre a galáxia, contendo as lágrimas. E o DVD que assisti com Ariana estava entre eles. – E este foi o melhor lugar que encontrei para ver as estrelas à noite. Dirigi pela cidade durante vários dias com Lauren para encontrá-lo. Sei que é meio bobo, mas pensei que você ia gostar... Eu...

Segurei a mão dela.

Camila ficou em silêncio.

— Obrigada. – Sussurrei, passando a mão livre pelos olhos para limpar as lágrimas. A abracei bem apertada e ficamos assim sentindo a brisa do anoitecer nos envolver. 

— Você gostou? – Camila levantou a cabeça do meu peito e me olhou. Fiquei olhando-a por alguns momentos. Levantei minha mão e acariciei seu rosto. Conte! Conte agora sua idiota! Uma voz martelava em minha cabeça. Suspirei e me acovardei mais uma vez. Eu não vou suportar perdê-la. Eu só não consigo.

Eu amei, anjo. – Disse e voltei a olhar o céu estrelado. – Ela costumava a dizer que Deus as fez para os dias sem esperança, para aquelas pessoas sem um rumo. Que não importa o quanto o céu apareça escuro, elas vão estar sempre ali, elas sempre vão brilhar para alguém. Por que a vida não é sobre as lágrimas que você derrama a noite toda, é sobre como você arranja forças do além para levantar no dia seguinte. A vida não é sobre conseguir, é sobre tentar. A vida não é sobre os tombos, é sobre conseguir levantar. A vida não é sobre corações partidos, é sobre como você cata os pedaços do chão e os junta novamente.

— Eu queria tê-la conhecido. Ela parecia ter sido uma boa garota.

— Foi, sim. – Sussurrei, olhando para ela, para o céu. – Você iria amá-la.

— Eu amo isso também. – Disse Camila.

— O quê?

Ela continuava admirando as estrelas.

— O modo como você olha para mim quando acha que não estou vendo. – Meu coração teve um sobressalto.

— Você sempre percebe quando eu estou te olhando? – Ela assentiu lentamente.

E eu amo isso. – Sussurrou corando. – Ah! Também preparei um jantar para nós. – Anunciou Camila, pegando a cesta de piquenique. – Não quero que você se sinta ofendida por minha comida ser incrível, mas acho que te superei, Majestade. – Ela enfiou a mão na cesta e tirou um pote com sanduíches de manteiga de amendoim e geleia. Eu ri.

— Não acredito! Você fez isso?

— Com as minhas próprias mãos. Exceto pela manteiga de amendoim, a geleia e o pão. Eles vieram prontos. – Eu ri e dei uma mordida no sanduíche.

— Geleia de frutas vermelhas?

— É, sim.

— Nossa, que extravagância, princesa. – Ela gargalhou. E eu me derreti por dentro.

— Para a sobremesa, eu trouxe Nutella e isso. – Ela pegou um pacote de Oreo. – Eu me esforcei muito, viu? Aqui. – Camila pegou um biscoito, separou as duas partes, colocou Nutella em uma delas e as juntou novamente. Então começou a fazer o som de um aviãozinho. Eu abri a boca e o avião aterrissou, então mastiguei.

— Humm... – Camila ergueu a sobrancelha.

— Você está gemendo por causa do meu biscoito?

— Com certeza, princesa.

— Se eu ganhasse um dólar toda vez que ouço isso...

— Você teria um dólar e zero centavos. – Camila me deu um empurrão, derretendo-se em sorrisos para mim. Ficamos ali por um tempo, sem falar nada, apenas olhando para o céu. Era tão tranquilo ali... Logo ouvimos o que cada uma tinha de mais sombrio. Dei Nutella a Camila e, em troca, ela me deu seus medos e suas boas lembranças. Ela colocou Nutella em minha boca, e, em troca, eu depositei meus medos em suas mãos. 

— Conte uma bela lembrança de sua mãe. – Camila pediu.

— Sabe o toca-discos no nosso quarto?

— Sei.

— Ela me deu aquilo quando eu completei meus dez anos de idade, e começamos uma tradição: todas as noites ouvíamos e cantávamos uma música antes de eu ir para a cama. De manhã, assim que acordávamos, fazíamos a mesma coisa. Música contemporânea, clássicos, qualquer coisa. Às vezes, meus irmãos vinha até o quarto e cantava com a gente, mas aquilo era uma coisa só nossa.

— Então, é, por isso que, antes de dormir você sempre está ouvindo música...

— É. E é engraçado como eu ouço as mesmas músicas, mas agora todas as letras parecem diferentes. – Nunca tinha revelado a ninguém o quanto sentia falta da minha mãe, mas Camila sabia e me entendia. 

— S/N? 

— Sim?

Eu amo você.

— Camila?

— Sim?

Eu também amo você. – Nossas mãos se entrelaçaram. – E obrigada por esta noite. Você não tem ideia do quanto eu precisava disso. – Apertei sua mão de leve. – Do quanto eu preciso de você.

— S/N?

— Sim?

Você também não faz ideia do quanto eu preciso de você. – Abriu um sorriso e olhou o céu noturno. Eu sorri. Eu vou trabalhar para ver esse sorriso sempre no seu rosto de agora em diante. – S/N?

— Sim?

Houve uma pausa.

— Você está prestando atenção? No céu?

— Ahã. – Camila riu, o que me fez perceber que ela estava plenamente consciente de que eu estava a encarando.

— Ótimo. Não iria querer que perdesse nada.

E não estava. 

Eu não estava perdendo nadinha.

CROWN ( Camila/You G!P )Onde histórias criam vida. Descubra agora