Uma gordinha em uma escola

Capítulo 》39

Desconhecidos. É a palavra que queria definir quando Jack Froys se virou para ir embora. É como se eu e ele não tivéssemos tido interações, e que o irmão dele não fosse um melhor amigo para mim. O jeito que foi caminhando pelo corredor, ignorando seu nome sendo chamado tanto por meninas e garotos, foi estranho. Ele está estranho.

O sangue que saiu de sua boca, sua mão machucada, sinais de se envolvendo em briga. E estaria mentindo se dissesse que não estou curiosa para saber o motivo. Além do técnico Orlando o intimidando, irritado e com raiva, entretanto, não chega perto do quanto Jack demonstrava estar naquele momento enquanto encurralado.

Tento adivinhar que pode ser devido os jogos de futebol americano, que ouvir dizer que acontecem todo ano. Começa no início do ano letivo, com simples amistosos, e vai até o final do ano. Um mata-mata o ano todo. Vários times de várias escolas competem, tanto as públicas e particulares. Deve ser incrível a escola que ganhar o campeonato, um prestígio de reconhecimento, a recompensa sendo um prêmio de 500 mil dólares, além de conhecer o melhor time de futebol americano, o Dallas Cowboys. Uma pressão extrema nos jogadores, como pude ver, é isso mesmo. Jack é o capitão do time, e com certeza, a responsabilidade deve cair em cima dele.

O assunto do Daniel e Nick era sobre isso, jogos escolares, e obviamente não liguei muito, apenas para parte que o grande técnico Fox Pablo vai fazer uma palestra no auditório sobre os campeonatos, no caso, o pai de Parker. Para mim não é "Grande Fox Pablo". Expulsou o próprio filho de casa porque se assumiu, não teve empatia e afeto. O bom que ele tem toda ajuda de Gus para qualquer coisa.

Parker mesmo sendo popular, não esconde nada essa "Amizade" entre ele e Augusto, é o que todos pensam na escola. Fico impressionada em ver como o povo é besta, não enxerga o óbvio na sua frente, da para notar de longe como os dois se gostam, entre os olhares que lançam um para o outro.

E entendo porque Parker escondi sua orientação sexual, o preconceito é tão forte, ninguém merece ter que aguentar insultos preconceitosos ou agressão física.

As pessoas que estudam aqui nessa escola acham que são Deus, para julgar. E ainda entrei iludida esperando algo diferente, mas à gente maldosa em todo canto, não tem como fugir. Meu erro foi achar que em uma escola muito concorrida e prestigiada, onde mais ricos estão metidos, seria um lugar confortável.

Somos divididos por classes sócias. Não sou popular porque não tenho o padrão de beleza designado, mesmo sendo rica e bem sucedida. Muito mais que Jenniffer, por ela ser bonita e ter um corpo daquelas meninas de Instagram, junto com suas seguidoras, isso é o que vale mais. Não é somente o estato social, tem que ter "boa aparecia". O mesmo vale para Jack, é bonito e capitão do time de futebol americano, e ainda tem que agir como tal. Parker, é muito diferente disso, mas aí, estamos falando de caráter, e tem pessoas que nascem sem.

E mal sabem todos, que à um milionário estudando na escola, mil vezes mais rico, se juntar todo mundo, ainda não chega perto do seu patrimônio. Nick não liga pra status, odeio esse tipo de coisa, quer se meter longe disso. E ninguém deve saber, gosta de ter sua vida privada, e está mais que certo. Imagino o tanto de inchação de saco ele teria que aguentar.

Parece até que ele odeia pessoas, pelo jeito que se comporta na frente delas, e eu não julgo.

Encho minha garrafa térmica de água, bebo um pouco dela hidratando a garganta seca. Vou pelo mesmo caminho que Jack passou, e rodas de amigos se juntam para fofocar. Um clima de incredulidade, na face dos alunos enquanto comentam sobre algum assunto. Duas meninas andam do meu lado com os braços entre-lançados, cochichando esse algo aparentemente bombástico. Finjo que não estou ligando olhando para a minha garrafa de água, me concentrando para escutar.