Uma gordinha em uma escola

Capítulo 》36

Estou completamente sem chão, nunca imaginei que em toda a minha vida esconderam que eu tinha uma irmã, que morreu por um descuido que poderia ser evitado. Sinto repulsa, pelo que fazem comigo, mas agora é um turbilhão de sentimentos, de medo, nojo, as piores coisas que uma pessoa possa sentir.

Nunca passou pela minha cabeça que as pessoas que eu chamo de pais chegariam a esse ponto tão repugnante, de esconder algo tão importante como isso. Tudo que sofro nas mãos deles desde a minha infância até hoje nada se compara com a dor em meu peito que estou sentindo. Meus pensamentos confusos só querem um explicação sensata.

Tomar um banho e esfriar a cabeça, é o melhor a se fazer, ainda muito mexida com tudo que Marta disse, as palavras " Ela é sua irma." martelam constantemente na minha mente, queria desabafar com os meus amigos mas a vida de Marta e dos outros funcionários estão em jogo, se isso cai nós ouvidos de Robert e Kayra, que tenho ciência que sei sobre o segredo que eles escondem de todos, não sei o que ambos são capazes de fazer comigo e com as pessoas em minha volta.

Tudo faz sentindo, o quartinho de bebê era dela, os meus pais ficando nervosos com a pergunta sobre de quem era Ava, agora tudo está quase esclarecido, quase, eu digo, pois sinto que ainda falta algo para ser resolvido, me tremo de medo em pensar que a algo mais horrível do que esse segredo obscuro, não posso guardar isso para mim pra sempre, vou ficar louca com essa merda toda.

É, minha vida é um desastre total, quando penso que nada pior pode acontecer, ai vem uma coisa mais pior que à outra, e eu não mereço isso, ninguém merece viver assim, não quero viver nesta família, se eu pudesse fugir, teria feito isso faz tempo, mas não posso largar as pessoas que eu amo, não conseguiria ir embora sem olhar para trás, em ver aquelas que me ajudam na hora da minha dor.

Lagrimas rolam em meu rosto, não adianta, não consigo segurar, também não as limpo, deixo elas cairem livremente porquê eu sei que se eu limpar novas viram. Contudo, sei que cheguei aqui com a minha força, sou forte para encarar isso, já fiquei cara-cara com as dores que a vida dá, e estou aqui, sei que consigo passar por mais um momento difícil.

Não prestei atenção que estava no banheiro com a água escorrendo sobre o corpo, quentinha caindo e por um certo momento me acalma. Eu preciso sair daqui, desta casa, isso foi a gota d'água. Encarar meus pais agora vai ser tenebroso, ter aquele sentimento vindo atona como um bumerang.

Descubro uma coisa, quando imagino que posso ser só isto, volta de novo com mais problemas.

Desligo o chuveiro pegando minha toalha enrolando nela, encaro o espelho do meu banheiro vendo quão minha aparência está cansada e exausta, minha boca sem cor o que me assusta, uma bolsa embaixo dos olhos, a imensa vontade de chorar é entalada na garganta, chorei demais.

Procuro uma roupa confortável para sair, vou naquela praça que eu amo ler os meus livros de romance clichê. Os livros clichê me faz se sentir melhor, imagino que sou a princesa ou a pessoa principal do livro que sofre por alguns motivos de ódio de alguém, e no final, sempre é resgatada por um cara lindo que leva ela para viver com ele feliz para sempre.

Espero ansiosamente o meu feliz para sempre, todas as pessoas esperam o seu feliz para sempre, algumas já tem a sorte de terem as encontrados, não falo só de um amor de uma pessoa amada, e sim, a paz de se "encontrar", de conseguir ter um pouco de paz interior. Todos nós temos problemas, e sei que os meus podem ser resolvidos, para isso preciso ser forte. A minha fase de aceitação com o meu corpo era um dos meus primeiros problemas, mas isso para mim passou, tem quem gosta ou não, não ligar para o que as pessoas dizem é com um tempo, mas palavras continuam sendo mais doloridas que uma agressão física. Quero mesmo ser feliz, tirar essa maldade que carrego por culpa das pessoas que me tiveram.