meant to be | fillie [✔]

29. hey, i'm millie

MILLIE POV

As últimas duas semanas tinham se tornado muito difíceis pra mim. Era foda demais ter que me segurar pra não chorar toda vez que eu via Finn todos os dias. E tinham se tornado pior ainda quando ele apareceu com Iris naquelas semanas.

Toda vez que estávamos todos juntos, ele levava Apatow para perto e os dois ficavam trocando carícias o tempo todo, me fazendo quase vomitar.

Minha vontade era de puxar os dois pelos cabelos, mandar ela pro carro da ambulância, ele pro da funerária e eu para o da polícia. Mas não podia fazer isso. Eu não tinha nada com ele.

Naquele dia, quando eu ouvi o “eu te amo” de Iris para Finn e o mesmo a encarou sorrindo, eu soube que ele também gostava dela. Senti meu coração bater mais rápido e fui rapidamente para uma cafetaria, logo depois da escola.

Passei o olhar pela velha casa adorável que parecia mais uma cafeteria estilo retrô. Sorri para mim mesma e adentrei o lugar, sentindo como se tivesse no passado. Era lindo. As cores eram divididas entre rosa claro, azul claro e branco. As mesas eram grudadas nas paredes com bancos almofadados, e tinham vários quadros de época também.

Entrei com cuidado, tentando vislumbrar tudo a minha volta e me sentei na bancada, pegando o cardápio.

— Milkshake de morango por favor. — Eu sorri para a mulher a loira a minha frente, ela concordou com a cabeça e virou-se para o meu lado 

— O mesmo que a moça, por favor. — Ouvi uma voz masculina dizer, me fazendo corar e olhá-lo de canto. — O que uma senhorita tão bonita faz sozinha?

— Talvez a senhorita tão bonita goste de ficar sozinha. — Falei com um tom debochado, e me virei para encará-lo.

Ele ergueu a sobrancelha e então sorriu de canto, provavelmente achando que eu iria cair nos seus encantos rapidamente. Ele me olhou de cima a baixo e estendeu a mão, sorrindo amigavelmente.

— Romeo.

Estendi a mão de volta e sorri receosa.

— Millie. — A moça serviu nossas bebidas e eu coloquei um canudo, e bebi. — Muito acostumado a dar em cima de garotas sozinhas?

— Só aquelas que realmente me interessam.

Dei uma gargalhada forçada e então me virei para ele. Seria legal ter alguém para conversar.

(...)

Eu e Romeo saímos durante toda aquela semana e eu realmente gostava de conversar com ele. Era legal ter alguém que me fizesse fugir dos meus pensamentos, antes que eles me fizessem fugir.

— Livro favorito? — Falou Romeo de cabeça baixa encarando os pés a cada passo que dava pela areia quente e fofinha. Era a quarta pergunta que ele fazia rapidamente e eu tinha que responder a primeira coisa que me vinha a mente.

— Maldição do tigre? — Falei como se tivesse em dúvida e então o fiz rir. — E o seu?

— Por lugares incríveis. — Ele respondeu, me fazendo sorrir. Aquele livro era incrível! Eu havia pensando muito após lê-lo.

Sentamos em uma parte solitária da praia e ficamos encarando o mar que parecia mais calmo do que nunca estivera.

Eu estava me sentindo feliz. Por poucas horas, havia me esquecido de Finn. Ah, quem estou querendo enganar? É óbvio que não esqueci. Só estou tentando me distrair.

Me distrair? Eu deveria fazer isso com Romeo? Deveria utilizá-lo como ferramente de escape? Deveria fugir dos meus sentimentos e quando quisesse, voltar para Finn? Ele não estava mais me esperando. Ele tinha seguido sua vida. Eu deveria fazer o mesmo? Eu conseguiria fazer o mesmo?

— Millie. — Romeo falou após uns minutos de silêncio que foram suficientes para trazer Finn de volta para minha mente. — Eu gosto de você.

Arregalei os olhos e então me virei de volta para encarar o mar

Ele puxou meu queixo fraquinho, e me beijou delicadamente. Foi um beijo estranho. Não foi ruim, claro. Mas eu me sentia diferente. Estava tudo certo. O lugar certo, o clima certo, horário certo. E o garoto errado.
Desviei o rosto e ele me encarou triste.

— É tão difícil gostar de mim assim, Millie?

— Não é difícil. Mas é cedo demais.

....

Voltei para casa me sentindo derrotada. Tinha acabado de destruir os sonhos de um garoto. Eu sou um monstro, pensei enquanto me deitava na cama.

Listei mentalmente as coisas legais de Romeo.

Ele era bonito, ele era carinhoso, ele era inteligente e beijava bem, ele tinha um papo bom e me respeitava. Mas tinha um só problema.

Deitei minha cabeça no travesseiro e então deixei uma lágrima escapar. Ele não era Finn Wolfhard.