Capítulo 11

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09:06

Elisabeth Morelli

Eu estava de frente pra mesa, preparando meu café da manhã, cortando sanduíches em triângulos. Não era de fazer muito àquilo, mas já havia virado rotina porque eu sempre fazia pras crianças.

— Bom dia, paixão.

Sebastiã se aproximou do meu lado, me agarrando pela cintura e beijando uma das minhas bochechas. Como eu fiquei imóvel e sem reação, ele já soube na hora o motivo.

— Ainda tá brava comigo?

Não o respondi, confirmando sua hipótese.

— Poxa amor, eu tava cansado.

— De que? Me fala. Você não faz nada.

— Você acordou todo mundo cedo ontem. Me desculpa se eu não queria conversar naquela hora.

Se sentou na cadeira, pegando um dos meus sanduíches.

— É né, mas pra fazer sexo você não estava indisposto.

O peguei de volta antes que ele desse a primeira mordida.

— Não pode culpar um homem de pensar em sexo na maior parte do tempo.

— Como reagiria se eu dissesse que estou grávida?

Fui direta, vendo sua expressão de perplexidade por mandar aquela na lata.

— Que só pode ser de outra pessoa, porque transamos há dois dias atrás e eu sei que essas coisas não acontecem tão rápido.

Fiquei literalmente de boca aberta, incrédula.

— Como pôde dizer uma coisas dessas? Eu só estou com você.

— Não tá grávida, tá?

Ele parecia temer um sim.

— É claro que não, seu imbecil. Agora eu vou ficar tendo filhos e não contando ao pai?

Peguei meu prato e fui pra sala, me sentando no sofá.

— Então pra que essa discussão?

Me seguiu.

— Desde ontem que quero saber a sua opinião sobre eu, você e a Cass passarmos um momento juntos, em família. Então comecei a pensar "será que ele quer ter mais filhos? Porque eu adoraria."

— Só descobri que tinha uma filha não tem nem uma semana! Não pode exigir que eu seja O Paizão nesse meio tempo.

— Não estou exigindo nada de você, foi só um pensamento.

— Acho que essa coisa de ser dona de um orfanato não está dando certo. Você cuida de meia dúzia de crianças e logo já pensa em montar sua própria creche.

— Olha, esquece tudo o que eu disse, tá?

Liguei a televisão. Ele ficou lá, parado, em silêncio, por mais alguns segundos antes de retornar a cozinha.

Tá na cara que o Sebastiã não tinha sido feito pra àquilo. Sabe, morar em uma casa grande, ter filhos e esposa. Ele não foi totalmente claro, mas eu já tinha percebido que ele não queria ser pai de novo –mal se comunicava com a única filha– só queria saber da parte de botar e tirar.

***

Lá pelas duas da tarde eu estava andando pela casa com um cesto debaixo do braço, recolhendo as roupas pelos quartos. De repente o telefone começou a tocar.

— Sebastiã, atende pra mim por favor?

Ele estava do lado do gancho e simplesmente ignorava o toque.

— Sebastiã?

Só aí que eu fui ver que ele não tirava os olhos do jogo que passava na televisão. Fui batendo os pés até chegar a mesinha do telefone, o pegando para atender.

— Alô?

O telefone era fixo, porém não tinha fio, o que me facilitava bastante ir andando pela casa e falando ao mesmo tempo.

— Beth?

Era a voz que eu clamava para ouvir novamente.

— Giovana, oi!

Era tão bom falar com ela, principalmente depois de tudo o que aconteceu.

— O Sebastiã tá aí?

— Tá, ele está assistindo a um jogo na TV. Quer falar com ele?

— Não, tudo bem. Eu só liguei pra... ver se ele estava por aí mesmo. Nós tivemos uma conversinha esses dias pra trás aqui em casa, depois que sairmos da delegacia, e ele simplesmente disse "eu vou atrás da minha garota" antes de ir embora e me deixar falando sozinha.

— Encomenda recebida.

— Então era só isso. Tenha um bom d...

— Gi...

A interrompi, querendo me perguntar uma coisa.

— Oi.

— Você me perdoa?

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, parecia estar pensando.

— É claro, Beth! Eu estava morrendo de saudades suas.

— Eu também. Estava com medo de ter estragado tudo entre a gente e eu acabar tendo só o seu irmão pra desabafar.

— Como assim?

— O Sebastiã. Ele não me ajuda em casa, não interage com nenhuma das crianças e só pensa em comer, dormir e transar.

— Meus irmãos são assim mesmo, um bando de animais.

— Tô pensando em marcar uma consulta pra ligar as trompas.

— E não poder ter mais filhos?

— É. Acho que já está mais do que na hora. Só a Cass é o suficiente.

— Mas essa decisão foi tomada pelos dois, né?

— Não, eu decidi isso sozinha.

— Beth, também não é assim. Vocês tinham que ter conversado direitinho. E se o Sebastiã quiser mais filhos?

— Algo me diz que ele não quer. E se quiser, que vá arrumar em outro lugar, porque desse mato não sai mais coelhos. Mal está dando conta de uma...

— Bom, você quem sabe. Espero que esteja fazendo a coisa certa. A propósito, avisa a Cass que ela foi uma das ganhadoras do estágio. Começa na segunda.

Contanto que ela não fizesse nada ilegal, por mim estava tudo bem. Era bom que a Cass se aproximasse desse outro lado da família e visse como é o mundo dos negócios já que ela pretende ser uma administradora. Ela saberia quem são os Montanari se o Sebastiã passasse mais tempo sendo um pai presente. O bom é que agora ela estaria sob vigia da pessoa mais confiável e sensata daquela família.

*****

Problemas.... Problemas

CRISTIAN- MÁFIA MONTANARI [L3]Irmãos Da Máfia 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora