Sebastiã Montanari
Quando acordei no dia seguinte, percebi que a Elisabeth já tinha se levantado. Arrumei a cama e desci pra tomar café.
— Bom dia, crianças.
As encontrei todas na sala, tomando café e assistindo televisão. Bom, nem todos. Cass, Robert e Stella estavam no celular. Eles me cumprimentaram rapidamente antes de voltarem ao que estavam fazendo.
— Bom dia, meu amor.
Encontrei Elisabeth sentada à mesa, de olhos fechados e massageando as laterais da testa.
— Bom dia.
— Ainda de ressaca?
Peguei um tigela, a caixa de cereal e leite.
— É. Já tomei uns dois comprimidos pra dor de cabeça, mas parece que não está adiantando.
— Já que tocamos no assunto...
Me sentei de frente pra ela.
— Você vai me explicar o que aconteceu ontem?
— Eu não me lembro de nada.
— Faz um esforço.
Ela abriu os olhos e me encarou.
— Tá tentando começar uma briga, por acaso?
— De modo algum, só quero saber o que houve.
— Já disse, eu não me lembro.
— Então deixa eu te contar do que eu lembro. Na tarde de ontem eu sai pra fazer compras e quando voltei, o Gabriel estava sem camisa, encima de você, com a cara dentro do seu decote. Os dois bêbados.
— O Gabriel tinha vindo aqui porque encontrou uma mensagem minha no celular, dizendo que eu estava passando mal e precisava da ajuda dele.
— Por que enviou essa mensagem?
— Eu não enviei, vai ver foi uma das crianças que mandou sem querer pro número errado.
— Já perguntou pra elas?
— As crianças nem se recordam do que comeram ontem, muito menos de uma porcaria de mensagem.
— Daí ele veio e vocês começaram a beber até não poderem mais?
— Não, o CJ quem preparou alguns drinks pra gente.
Bati encima da mesa.
— Eu sabia!
— Eu tô com uma enxaqueca de matar. Se bater nessa mesa de novo, eu bato com ela em você.
— Querida, presta atenção. Desde que esse garoto chegou, essa casa anda um caos.
— Lá vem você de novo... Achei que tivesse parado de pegar no pé dele.
— Você é quem tem que parar de se enganar tanto. Ele pode muito bem ter feito isso de propósito.
— O que? Embebedar a mim e ao Gabriel só pra você nos flagrar juntos?
— É.
— Isso é ridículo!
— Esses dias pra trás as crianças mencionaram sobre ele e um tal de Ritchie. Com certeza devem ter dito mais alguma coisa quando ele as levou pra escola.
— Bota isso na sua cabeça, o CJ é um cara legal e totalmente inofen... Peraí, o que você disse? Sobre ele ter levado as crianças na escola?
— Merda!
Fechei os olhos e os punhos, arrependido.
— Não confia no garoto mas gosta que ele leve as crianças na escola por você!? O que estava fazendo de tão importante que não pôde?
— Eu... eu...
Comecei a procurar por uma resposta. Quando não encontrei nenhuma, resolvi dizer a verdade.
— Fui assistir ao jogo. Pronto, falei.
— Numa coisa eu concordo, que ele é um estranho para nós porque ainda não o conhecemos. Por isso pedi pra você levar as crianças, mas estou vendo que foi um erro porque você também não é lá essas coisas.
— Me desculpa amor. Eu ia, só que... era a final e ele é muito manipulador. Ele soube me convencer direitinho.
Agora que pensei à respeito... chega a ser ridículo! Só sei julgar o garoto e acabei caindo na conversa dele. Nem acredito que me deixei ser enganado. E ainda tem a Elisabeth, que me fez perder completamente a moral. Eu cheguei na cozinha todo cheio de razão e a perdi num piscar de olhos.
— Crianças, vamos. Não quero que se atrasem pra escola.
Beth se levantou da cadeira.
— Amor, olha. Isso não vai se repetir de novo, tá? Se quiser posso levá-las. Você não tá bem.
— Não, obrigado. Vai que... você tem algo mais importante pra fazer.
Assim que a Beth saiu, eu comecei a arrumar a casa. Achei que a deixaria feliz. Nunca vou saber, ficamos sem nos falar o dia inteiro. A não ser quando ela me perguntou se eu iria levá-la até o consultório do Gabriel para a remoção dos pontos. Mas sabe quando a pessoa pergunta se você pode mas sem parecer necessitado, como se dissesse "se você não puder, sem problemas".
No caminho, Cristian acabou me ligando. Coloquei a chamada no meu fone de ouvido multilaser e o atendi.
— Eai cara, já deu início ao seu plano?
— Do que é que você está falando?
— Você não lembra de ontem?
— Quando ficou enrolando tanto pra falar que eu perdi a paciência e te deixei falando sozinho?
— Vai até o consultório do Gabriel e conversa com ele. Descobre o que realmente aconteceu. Ele pode ajudar. Se aliar ao inimigo. Recordou?
— Nossa...
Respondi tedioso.
— Mas pode dar certo. Vou tentar. Valeu.
Encerrei a ligação.
Assim que chegamos, Elisabeth foi se trocar enquanto eu procurava pelo Gabriel.
— Ai...
Ele se assustou ao me ver.
— O-oi. E-eu ia te ligar p-pra agradecer ao seu irmão por me trazer em casa. O p-problema é que... eu estava sem tempo.
Engoli em seco.
— Não vim aqui falar sobre isso.
— Então o que você quer?
Arregalou levemente os olhos e enfiou as mãos no jaleco, pegando o celular discretamente.
— Sei que há muitos casos onde o homem mata o verme que comeu a mulher dele, mas esse não é um desses casos, portanto... larga o telefone.
— Sebastiã, eu juro que não dormi com a Elisabeth.
— Então o que vocês fizeram?
— Eu não me lembro. Só entrei pra dentro para ajudá-la a se sentar depois que ela teve uma leve tontura.
— Daí o CJ começou a embriagar vocês.
Mais afirmei que perguntei.
— Exatamente.
Àquilo era tudo o que os dois se lembravam, então deve ter realmente acontecido só isso. Ambos se acabaram de tanto beber; e seus corpos estavam tão moles que eles caíram um por cima do outro. O resto eu também vou adivinhar : CJ tirou a blusa do Gabriel e fez parecer que os dois estavam se pegando.
Acho que eu nunca vou descobrir a verdade se não chegar no pivete pra perguntar. Não duvido que as coisas possam ter acontecido na minha versão, o que me deixaria bastante aliviado. Mas também não descarto a possibilidade deles terem tido mesmo algo. Eu confio no meu taco e confio na minha mulher, eu só não consigo confiar num cara que é ex namorado dela e a viu bêbada e invulnerável.
VOCÊ ESTÁ LENDO
CRISTIAN- MÁFIA MONTANARI [L3]Irmãos Da Máfia 2018
Romanzi rosa / ChickLit• completo × livro 3 Para entender este livro é necessário ler Sebastiã e Bartolomeu Erros ortográficos como sempre Mas quando concluirmos os 3 livros entraram em Revisão Plágio é crime E blá blá blá Você sabe não copie crie