Capítulo 19

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Sebastiã Montanari

- Cuidado! Isso, assim! Devagarinho.

Entrei para dentro de casa com a Elisabeth se apoiando em mim. Ela conseguia andar normalmente, mas ainda sim reclamava de dor.

- Pelo menos agora acabou de vez.

- É, e que isso te sirva de lição para nunca mais fazer algo sem antes pensar nas possíveis consequências.

A levei para o quarto e coloquei-a deitada na cama.

- Precisa de alguma coisa, amor?

- Não, obrigada.

- Vou deixar a porta aberta caso você grite.

Caminhei até a saída.

- Meu bem...

Olhei rapidamente para trás.

- Que foi?

Sentei-me na cama e me curvei sobre ela, sentindo seus lábios em um beijo carinhoso.

- Eu não quero mais brigar.

- Está dizendo isso com medo deu colocar algo na sua comida enquanto estiver cuidando de você?

- O que? Não, seu maluco! Estou dizendo isso porque... nós vamos nos casar.

- Será o período das nossas vidas onde mais iremos brigar.

- Tô falando sério.

- Tá, desculpa.

Lhe dei um selinho.

- Também detesto quando discutimos.

- Me promete que essa foi a última vez que brigamos?

- Prometo. E você promete que sempre que tivermos um problema, resolveremos com sexo, sem discussão?

- Qualquer tipo de problema?

- É. Imagina "nossa, nós não pagamos a conta de luz esse mês. Vão cortar. Legal, bora transar? Para não gastar mais, podemos fazer no escuro".

Ela gargalhou.

- Você não vale nada.

- Mas você gosta. Eai, promete ou não.

- Prometo. Em falando isso, eu também prometo te recompensar por tudo com uma noite bem selvagem. Espera só até eu melhorar.

Alisou os meus braços e mordeu o lábio.

- Antes que você vá atrás de outra para se aliviar.

Deu uma risadinha enquanto eu ficava sério. Não teve como eu não me recordar da Drica.

- Descanse.

Lhe-dei um beijo na testa e sai do cômodo. Em seguida, fui direto para o quarto da Cass e passei a procurar pelo seu notebook.

Eu ainda tinha lá minhas dúvidas e desconfianças em relação ao CJ. Por isso estava disposto a fazer de tudo para manter todos daquela casa em segurança. Estava seguindo o velho ditado do meu pai "proteger o que é nosso".

Comecei uma transação online com um amigo meu para negociarmos uma arma. Ninguém podia saber daquilo, eu terei que ser discreto e se tudo desse certo, teria que deixar aquela belezinha bem escondida.

- Sebastiã... não me diga que você é do tipo que vasculha o perfil da sua filha nas redes sociais.

Ah, aquela voz...

- CJ...

Fechei a tampa do notebook.

- Achei que tivesse se mandado.

Me virei pra porta, o vendo encostado no batente.

- Senti saudades e resolvi voltar. Também sentiu minha falta?

Aquele sorriso sarcástico e aquela pose de "eu que sei" já estava começando a me irritar.

- Por que sumiu por tanto tempo?

- Vou levar isso como um sim.

- Onde você estava?

Me aproximei dele.

- Por aí, dando um passeio.

- Eu já saquei a sua, garoto. A Elisabeth até pode ser bobinha por cair nessa sua conversa, mas eu... eu você não engana.

- Sério?

Levantou a sobrancelha.

- A cada dia que se passa, eu vou criando mais e mais ranço de você, moleque.

Continuei chegando perto dele, que parecia não se sentir ameaçado.

- Você tem que parar com essa obsessão comigo... Seba.

- Eu quero que saia daqui. Não sei por onde esteve, o que fez, muito menos porque voltou, mas você vai deixar dessa casa ainda hoje.

- Não pode me expulsar. Eu sou praticamente um órfão.

Disse uma vozinha fina, me olhando com grandes olhos piscando e fazendo beicinho, como se fosse uma criança.

- A Elisabeth me acolheu e eu só vou embora quando ela me mandar embora.

- Escuta aqui...

Peguei ele pelo pescoço e o prensei contra a parede.

- Eu estou no comando agora e você vai embora por bem ou por mal.

- Talvez a... a Elisabeth vá gostar... d-de saber que você... v-voltou a ativa.

- Como é que é?

Fui fechando a mãos aos poucos.

- Eu vi você... fa-fazendo esquemas sujos na internet. C-com... comprando uma arma.

- Acreditaria se eu dissesse que era pra usar em você?

- A-aposto que a Elisabeth não sabe disso... e... e iria te mandar cascar daqui quando descobrisse... q-que você... colocou uma arma dentro da casa, com os filhos dela dentro.

Tentou tirar minhas mãos do seu pescoço.

- Está me ameaçando? Você sabe quem eu sou?

Ele começou a fechar os olhos e a perder as forças. Ai, que vontade que eu tive de continuar a prender sua respiração até ele não saber mais o próprio nome.

- Mas que droga!

O soltei, fazendo com que ele caísse no chão com falta de ar.

- Foi bom fazer negócio com você.

Tossiu, recuperando o fôlego aos poucos.

- Okay, você fica e não conta nada pra Elisabeth sobre o que viu, entendeu bem?

- Sim, senhor.

Se levantou, alisando o pescoço.

- E é melhor ficar bem longe de mim e de todos aqui, ouviu?

Passei por ele, esbarrando em seu ombro propositadamente. Enquanto eu descia as escadas, fiz questão de parar para ouvir.

"- CJ, você voltou! Onde estava?"

"- Desculpa não ter dado notícias, Beth. Eu senti que estava sendo um incômodo aqui e decidi dar um tempo pra vocês."

"- Ah, querido. Imagina. Você sempre será bem-vindo."

"- Não sei o que faria sem você. Obrigada por tudo."

- Hipócrita, nojentinho.

CRISTIAN- MÁFIA MONTANARI [L3]Irmãos Da Máfia 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora