Prólogo

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11 anos depois...

Elisabeth Morelli

— "Oi, eu sou Elisabeth Morelli, mãe da aluna Cass Morelli e estou fazendo esse vídeo para um trabalho da escola dela chamado Um Dia No Trabalho Da Mamãe, onde irei contar um pouco sobre a minha vida e minha profissão. Então, eu tenho... 30 anos e minha casa é meu escritório. Sou dona de um orfanato. Meu pai morreu quando minha filha tinha cinco anos de idade e minha mãe quando ela completou treze. Graças a Deus ambos vieram a falecer por causas naturais. Eu fiquei com a residência, vendi algumas coisas deles, com o dinheiro dei uma boa reformada e hoje ela está cheia de crianças. Antigamente elas eram cuidadas pela minha cunhada Nina, mas até o momento estão comigo. Minha mãe teve muitos filhos, por isso a casa é tão espaçosa. Meus irmãos deram uma mãozinha e me apoiaram demais nessa coisa deu construir um negócio próprio. Muitas escolhas passadas que eu fiz já afetaram bastante minha vida e finalmente me encontro feliz e realizada, pois tenho orgulho de tudo o que eu batalhei pra conseguir. Nada veio de graça, nada veio fácil, nada veio sem esforço, mas tudo valeu a pena."

— Mãe, a senhora teve tempo de terminar meu trabalho? Preciso entregar ele ainda hoje.

Desceu as escadas com a mochila nas costas, mexendo no celular.

— Tá na mão.

Desliguei a câmera e entreguei à ela.

— Já tomou café?

— Já, só desci aqui embaixo mesmo pra pegar o vídeo.

— Então vai pro carro que daqui a pouco nós estaremos de saída. Kaya, Marvin, Stella e Robert, desçam já. Vocês não podem se atrasar pra escola.

Me virei para o balcão e peguei os lanches de três deles.

Primeiro desceram a Kaya e o Marvin, um segurando na mão do outro. Àquilo era tão bonitinho, porque eles nunca se desgrudavam. Lhe entreguei seus saquinhos e eles foram lá pra fora. Ela tinha dez anos e ele sete. Eram irmãos de sangue e me lembravam tanto da época dos gêmeos –que a propósito estão no último ano da faculdade, os dois na faixa dos 22. É, o tempo passa rápido–. A mãe os abandonou quando os dois ainda eram bebezinhos.

Em seguida veio a Stella, de 14 anos. Não liguem para a pouca idade, ela era bem gótica trevosa. Adorava a cor preta, tinha um piercing na altura da sobrancelha e sempre fazia algo diferente no cabelo que envolvesse alguma cor bem viva.

Eu gostava de pensar que era só uma fase, que ela se fazia de durona como um mecanismo de defesa, que por dentro era só uma menininha amedrontada; até porque a pobrezinha teve uma infância muito difícil e traumática. Ela perdeu sua mãe logo no parto e seu pai só sabia beber e fumar o dia inteiro.

Voltei a me virar pro balcão para pegar o último saquinho e quando me virei novamente, dei de cara com o Robert, que ficou perigosamente perto de mim.

— Ai meu Deus!

Engoli em seco e abaixei a cabeça, desviando meu rosto do dele.

— Foi mal.

Deu um sorriso antes de pegar o saquinho da minha mão e ir para o carro.

O Robert tinha 16, menos um ano e teria a mesma idade que a da Cass. Rapaz simples, gente boa. Não tinha problemas e nem dava trabalho. Era um cara amadurecido e muito bonito. Eu o conheci há um ano atrás quando sua mãe morreu de câncer e o seu pai trabalhava como caminhoneiro.

O garoto ficava sozinho em casa e só ia de vez em quando à escola. O concelho tutelar levou àquilo como maus tratos à criança e meio que tirou ele dos braços do pai, o dando para mim. Agora ele fica aqui sempre que o pai viaja e ficará até fazer 18, que será quando ele poderá ir pra qualquer lugar, fazer qualquer coisa sem intromissão de ninguém.

Pode haver várias razões pelas quais eu comecei com essa coisa de orfanato : porque sou ótima com crianças, já que quando eu morava com os pais, sempre cuidava dos gêmeos; porque gosto; porque sei o quanto deve ser duro ser órfão e/ou simplesmente não ter alguém da família ao seu lado.

Via a tristeza no olhar da Cass quando ela era mais nova. Chegava o dia dos pais e ela não sabia mais pra quem dar cartões a não ser pra mim. Hoje ela não liga muito, apenas ignora a data e age como se fosse um dia qualquer.

Enfim, vou continuar com o negócio enquanto estiver dando certo e ajudando essas crianças.

Peguei as chaves da minivan e fechei toda a casa. Adentrei o "carro" e liguei o motor, pisando no acelerador.


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11 anos é o suficiente pra muitas coisas mudarem ... então

Comentem bastante que agora e o fim da trilogia,😂😂😂😂🤗

Próximos capítulos vão ser de arrancar o cabelo da cabeça 😂😂😂😂

CRISTIAN- MÁFIA MONTANARI [L3]Irmãos Da Máfia 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora