Capítulo 10

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No dia seguinte...

Elisabeth Morelli

Eram oito da manhã de uma sexta-feira e as crianças não tinham aula por causa de uma paralisação. Eu costumava deixá-las nas casas de parentes nos finais de semana para passarem um tempinho com algum familiar. Não é porque elas moravam em um orfanato que precisavam cortar totalmente os laços com a família. Já a Cass posava na casa de amigos.

Estava pensando seriamente em, no final de semana, sair com o Sebastiã e a Cass, para termos um momento só nosso. Poderia ser estranho, principalmente pra Cass e pro Sebastiã, já que eles nunca tiveram convivência nenhuma, mas não custava tentar.

— CADÊ A MINHA ESCOVA DE CABELO?

Cass procurava pela casa.

— Tá no meu quarto.

Stella respondeu enquanto tentava furar o nariz após ver um tutorial se como fazer na internet.

— Por que?

— Eu precisei usar, ué.

— Sua esquisita! Pelo menos devolvesse no lugar.

Foi em direção ao quarto da menor.

— Alguém viu minha boneca?

Kaya vasculhava embaixo do sofá e das almofadas.

— Marvin, devolve o meu cinto agora!

Robert balbuciou, autoritário.

— Por que acha que fui eu quem peguei?

— Porque você vive fazendo ele de balanço para os seus brinquedos.

— Acho que da última vez que eu o vi, ele estava lá no varal.

Desci as escadas, segurando a mochila do Marvin.

— Não põe mais a mão, pirralho!

— Não fale assim com ele, Robert.

A casa estava uma loucura! Ontem as crianças chegaram do cinema e se reuniram na sala para falarem do filme. Acabaram se enchendo de besteira no meio da noite e no fim, pegaram no sono na sala mesmo. Estavam despreocupados pois sabiam que não teria aula no dia seguinte. O que eles não contavam era com essa minha mudança de planos. Os acordei sete e meia em ponto para começarem a se aprontar; e agora estão aí, todos eufóricos.

— Sebastiã, pega a bombinha de ar do Marvin pra mim, fazendo favor?

— Calma aí, amor. Eu acabei de levantar, nem tomei café ainda. Tô morrendo de fome, mal sei o que está acontecendo.

Caminhou até a cozinha, descalço e começando a vasculhar os armários.

— Eu também não comi nada até agora e já estou no maior pique. Ele está aí, ó.

Apontei de longe.

— Aonde? Não tem nada aqui, nem remédio e nem comida.

— Você tá praticamente tocando nele. No lado esquerdo.

— É melhor você vir ver qual é.

Saiu da frente, caminhando até a sala. Bufei, revirando os olhos e indo eu mesma procurar pela bombinha.

— Sabe no que eu estava pensando? Que a gente poderia fazer alguma coisa amanhã, em família. O que você acha?

Olhei pra trás.

— Sebastiã?

Fui encontrá-lo na porta, já girando a maçaneta.

— Vou comprar merenda pra tomar café-da-manhã. Já volto.

Saiu pela porta.

— Ah claro, e enquanto isso eu fico aqui, cuidando de cinco crianças sozinhas, sem nenhuma ajuda.

Balancei a cabeça em um não.

Tava na cara que o Sebastiã ficou... acomodado desde que parou com as suas tramóias. Ele não queria saber de fazer nada, o que já estava começando a me estressar, pois vez ou outra eu iria precisar de sua ajuda e ele com certeza iria me deixar na mão.

***

Eram quase uma da manhã quando eu fui me deitar. Levei as crianças para suas respectivas casas, a Cass na casa da colega e dei uma geral em tudo. Realmente o lugar precisava de uma faxina. Quis deixar tudo limpo para amanhã não precisar me preocupar com nada a não ser com o que iria levar na cesta para um piquenique com a família.

— Nossa, hoje dentro do carro, no caminho pra casa da tia avó da Stella, a pobrezinha me perguntou de novo se podia ir ver o pai.

Me sentei na cama e puxei as cobertas.

— Aham...

Balbuciou, trocando de canal várias e várias vezes.

— Toda vez ela me pergunta a mesma coisa, eu tô ficando sem ter o que dizer. Não posso falar que o pai é uma péssima influência por beber e usar drogas o tempo todo.

— Tem razão, não pode dizer isso, até porque a garota já é perturbada.

Riu, debochado.

— Tadinha, ela é só uma traumatizada e demonstra isso usando um estilo de roupas diferentes.

Ainda mudando de canal constantemente, Sebastiã acabou deixando ligado em um pornô que estava sendo transmitido e me encarou de um jeito malicioso.

— Será que você só pensa nisso?

— Tem coisa melhor?

Mordeu o lábio e veio pra cima de mim, mas eu o impedi na mesma hora.

— Eu tô aqui tentando falar sobre algo sério contigo, enquanto isso você só sabe pensar em sexo.

— O que você quer que eu faça? Eu mal conheço essa menina.

— Fingir interesse já seria bom. Quer saber?

Tomei o controle dele e desliguei a televisão.

— Boa noite.

Afofei meu travesseiro e deitei a cabeça nele.

— Qual o problema? Você quer conversar? Tá bom. Vamos conversar. Sou todo ouvidos. Elisabeth? Elisabeth?

Cutucou meu ombro e eu continuei quieta.

— Okay, né. Então boa noite.


*****

Aquela briga de casal ......

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CRISTIAN- MÁFIA MONTANARI [L3]Irmãos Da Máfia 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora