Chapter 31

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Segunda-feira, 30 de setembro de 2013 - Bristol, Inglaterra 

As pessoas estão sempre em constante mudança, sempre a mudar de ideias, formas de ver o mundo e principalmente na forma de sentir. O Harry iria mudar de ideias mais cedo ou mais tarde, ele iria parar de olhar para mim de forma estranha, parar de sorrir para mim como se soubesse de algo que eu não sei e parar de corar sempre que eu falava. Mas no fundo eu não queria que ele para-se com estes comportamentos, eu queria ter estes comportamentos, eu queria que ele fica-se aqui comigo e me ajuda-se a descongelar este coração de gelo, mas por outro lado eu sabia que não o podia prender, não podia prender esta bela criatura a um desastre iminente, prende-lo a mim. Mas será que alguma vez irei mudar? Será que irei olhar para alguém como se fosse a melhor coisa que me aconteceu na vida? Será que irei amar ou irei cair num posso fundo e escuro? Não quero ficar maluca com isto, não quero pensar no amor que destrói as pessoas, mas se nunca amar irei ser sempre fria, irei afastar as pessoas que me rodeiam. Será que alguma vez irei afastar os meus pais? Não os quero afastar, não quero afastar ninguém mas não sei como mantê-los junto a mim, não sei nada sobre a vida mas ao mesmo tempo sei tudo o que a para saber. Que irei fazer se me deixar levar pelo que me disseram no passado? E se me tornar no que disseram que me ia tornar? Será que já sou um monstro, uma aberração, não o quero ser. No entanto, talvez esse seja o meu destino, ser a aberração que conta a verdade, que afasta tudo e todos, ser aquilo que todos desejavam ser e ao mesmo tempo não gostavam. Ainda me lembro quando a Caroline me disse a algumas semanas que gostava de ser como eu, gostava de ser fria, de não sentir, mas eu sinto, sou um ser humano, apenas não sinto aquilo que ela sente, sinto a frieza das coisas, não sinto o amor e o carinho, provavelmente apenas sinto a escuridão. Talvez esteja errada, talvez isto não passe de uma ilusão ou um sonho. Talvez esta não seja a minha verdadeira vida. Mas não é, a ilusão é pensar que estamos a viver uma vida irreal, é tentador pensar nisso, pensar que se largarmos tudo nada de mal vira, que apenas iremos acordar para a verdadeira vida e que não iremos ter consequências.  

"O que tens?" 

"Não sei bem." o Richard enrugou a testa. 

"Como assim?" 

"Quero uma coisa mas por outro lado não a quero, é complicado de explicar." 

"É por causa do Harry não é?" 

"Sim e não." suspirei "Como sabes?" olhei-o atentamente. 

"Ele as vezes desabafa de uma maneira estranha comigo." ele sorriu "praticamente sei da historia toda." 

"Acho que nunca vou ser capaz de o amar" a testa do Richard enrugou ainda mais. 

"Estas maluca? Não precisas de o amar, eu sei de onde vem o dilema, tu simplesmente queres amar alguém, pode ser qualquer um, não precisa de ser ele" ele sorriu "Tu pensas demais na vida, mantém-te simples." 

"Como assim?" 

"Aproveita cada momento que tens, só aproveitando a vida é que es capaz de ama-la, é ai que tudo vai começar a girar." 

"E eu é que sou a complicada" revirei os olhos. 

"E es." ele sorriu "Então, ele já começou a conquistar-te?" ele piscou-me o olho. 

"Não, ele mal me falou a semana toda, apenas sorri para mim ou pisca-me o olho. É suposto isso ser o seu método de conquista? É que sinceramente não esta a resultar." o Richard soltou uma gargalhada. 

"Talvez ele ainda não saiba como te decifrar." 

"Talvez." suspirei. 

Se eu não sei quem sou, como saberá ele? Como poderá ele abrir o meu coração se não me conhece, se eu própria não sei quem sou? Não sei porque continuo a nadar em perguntas, a navegar com estes mistérios da vida, a vaguear com estes pensamentos. Não quero continuar por ai sem destino, sem saber o que quero ou saber demais, quero fazer parte da multidão e não quero, quero colorir mas não sei como. Parece fácil para os outros, parece que já sabem o que querem desde o momento em que nasceram, já eu tenho 17 anos e nem sei o que fazer da minha vida, posso ser nova mas já devia ter uma ideia, no entanto apenas visualizo a vida dos outros a passar enquanto que eu estou presa ao chão sem saber o que fazer com a minha vida, não sei que caminho percorrer. Penso demais, mas é difícil não o pensar quando temos tantas perguntas e tão poucas respostas certas, é difícil quando apenas sentimos a destruição e não o amor, é difícil não pensarmos no futuro quando é a única coisa de que nos falam. 

"Estou perdida, não sei o que fazer." respirei fundo. 

"Tudo tem o seu tempo, sem pressões." ele sorriu "Na hora certa tu vais saber o que queres." 

"E se não chegar? E se ficar aqui?"  

"Se ficares ficas bem, estamos todos aqui" ele piscou-me o olho "Sabes, hoje estas muito negativa, precisas de um bolo." 

"Eu preciso é de respostas." 

"Podes esperar mais uma hora por elas, agora vamos comer um bolo cheio de chocolate e arrependermo-nos no fim" ele sorriu e começou a andar "Vens ou vais ficar ai presa?"

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Finalmente consegui publicar... espero que gostem (:

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