Chapter 24

263 16 5
                                    

Segunda-feira, 2 de Setembro de 2013 - Bristol, Inglaterra 

"Percorri os corredores a procura de algo interessante, algum livro que desperta-se o meu interesse, mas não conseguia encontrar o tal. Não sabia a quanto tempo me encontrava naquele lugar, não sabia quantas voltas tinha dado a livraria, mas sabia que não iria escolher algo tão cedo. 

"Difícil não é?" um rapaz com cabelo loiro e olhos azuis sorriu para mim, eu sorri também, acenando com a cabeça. "Não sei qual deles escolher, todos tão bons, gostava de os levar a todos para casa." 

"Eu não consigo escolher um que goste, simplesmente." encolhi os ombros olhando para a estante a minha frente. 

"Que tipo de livro procuras?" 

"Não sei, não sei porque mas não consigo encontrar interesse por nenhum." sentia-me desapontada, vir a livraria era sempre o ponto alto de uma tarde, adorava escolher os livros todos, por vezes, tinha que deixar alguns para trás, pois a minha ame não me podia comprar tudo o que eu queria. Ainda me lembrava como eu sorria a caminhar pelos corredores, com os olhos bem abertos a procura do tal ou dos tais, adorava o cheiro que os livros imanavam quer fossem novos ou velhos. 

"O que costumas ler?" eu encolhi os ombros. Costumo ler de tudo um pouco, não me importava se fosse um livro criminal ou um romance, simplesmente descobrir a historia daquelas personagens fictícias deixava-me cativada. "Que tal um romance?" 

Mexi o nariz "Pode ser, desde que a rapariga não seja desmiolada, quero uma rapariga determinada." 

"Acho que sei o que queres." ele entregou-me um dos livros que estava na sua mão." 

Sentei-me no meu sofá observando o livro que tinha comprado alguns dias atrás, ainda não o tinha lido, ainda nem o tinha aberto. Apetecia-me lê-lo, mas não me sentia com forças para ler, simplesmente queria ficar aqui no meu sofá a observar o sol bater contra o vidro da minha janela. 

"Tive saudades!" ouvi a voz rouca do Harry e sorri de imediato. 

"Eu sabia que não conseguias viver sem mim." olhei para ele. 

"Já te deitaste na tua cama?" olhei-o confusa. 

"Não, porque?" 

"Tenho uma surpresa." ele tirou as mãos dos bolsos e caminhou na minha direção, fechando a janela do meu quarto, ficando este as escuras. 

"Não vejo nada" protestei. 

"É esse o objetivo, anda comigo." senti-o a puxar a minha mão, ele encaminhou-me até a cama, ambos deitamo-nos um ao lado do outro "Preparada?" ele sussurrou. 

"Para o que?" 

"Vou levar isso como um sim." ele riu-se. Não sabia o porque deste mistério, o porque de estarmos as escuras no meu quarto, na minha cama, apenas sabia que me sentia nervosa e não sei o porque de estar assim. De repente a luz ligou-se cegando-me momentaneamente, quando voltei a abrir os olhos observei o teto do meu quarto. Tinha um mapa gigante do mundo. Apenas Portugal, Inglaterra e Espanha estavam marcados com um ponto vermelho. 

"Mas..." não sabia o que dizer. Não conseguia perceber o porque deste mapa no meu teto. 

"Quero que todas as noites antes de adormeceres observes este mapa e imagines o teu próximo país, o que queres fazer lá, o que desejavas descobrir, tudo. Quero que observes este mapa todas as noites e que ele te relembre que nunca podes desistir dos teus sonhos. Do que tu queres." ele virou-se para mim e eu segui o seu exemplo, ficamos cara a cara. "Depois de viajares quero que voltes aqui, a tua casa, ao teu quarto, quero que te deites aqui a observar o quão pequenos eram os teus sonhos em comparação ao que encontraste lá fora. Quero que voltes as tuas origens, quero que no fim voltes aqui, para perto de mim." ele passou a mão na minha bochecha delicadamente "Quero te ver sentada naquele sofá a observar a paisagem e depois a escreveres o que viste, quem conheceste, o que sentiste, todas as tuas memorias. Quero te observar a sorrir enquanto que te lembras das tuas aventuras. Tens que tirar muitas fotos e afixa-las a volta do quarto, eu quero poder vir aqui e lembrar-me do porque de teres partido, do porque de estares melhor lá fora, a viajar, quero observar o teu sorriso sincero e as tuas patetices, quero lembrar-me que estas melhor longe deste sitio. Não quero pensar que nunca mais voltas, não quero pensar que me escapaste por entre os dedos, quero saber que vais voltar mais feliz que nunca." não me tinha apercebido que ele se tinha aproximado de mim, não me tinha apercebido o quanto gostava do calor da sua mão, não me tinha apercebido o quanto ele tinha sido carinhoso e honesto a dizer aquilo. Fechei os olhos por momentos, quando os voltei a abrir os olhos verdes dele ainda me observavam. "Por favor, não desistas de viajar mas também não me abandones." 

Os meus pensamentos estavam confusos, mil e uma perguntas surgiam na minha mente e eu não conseguia concilia-las. Porque é que ele fez isto? Ele quer mesmo que eu volte? Como pode ele pensar que eu o iria abandonar? Que iria escapar da sua amizade? Porque é que ele se deu ao trabalho de colar um mapa no meu quarto? Porque é que ele pensou em tudo isto? Porque é que ele tem receio que eu o abandone? Muitas perguntas surgiam na minha cabeça, não sabia quais escolher, não o queria assustar com tantas perguntas e confusão da minha parte. 

"Porque fizeste isto tudo? Porque queres tanto que eu volte? Porque pensaste que me ia embora?" queria fazer mais perguntas mas ele não me deixou, colocou o dedo sobre os meus lábios, silenciando-me. Parei ali, a olhar para ele, a tentar desvendar tudo o que ele me queria dizer, tudo que isto significava. Ele não falava, eu não falava, apenas permanecíamos ali, em silencio, observando as feições de um do outro, ele olhava-me tão atentamente, como se quisesse desvendar algo, saber  que eu estava a pensar, parecia quase que ele queria dizer algo mas estava receoso, tinha medo da minha reação. Fechei os olhos respirando fundo. "Obrigada." sussurrei e ele sorriu. 

"Faço tudo por ti. Nunca te esqueças disso." 

"Porque fizeste isto tudo?" ele suspirou enquanto  que me olhava atentamente.  

"Ainda é cedo para te contar." enruguei a testa "Não penses nisso, apenas aprecia a minha surpresa." ele voltou a virar-se para o teto mas eu continuei a observa-lo, sentia-me confusa e perdida, não sabia o que pensar, porque é que ainda era cedo? O que tinha ele que me contar? "Então? Onde queres ir primeiro." não falei por alguns segundos, fechei os olhos tentando lembrar-me de algum sitio, tentei pensar em algo menos no mistério em que este rapaz era. Virei-me para o teto e observei o grande mapa, cheio de sítios incríveis por descobrir. Observei-o de uma ponta a outra, ainda vazio, ainda com poucas marcas vermelhas. 

"Não sei, mas sei qual quero que vás. Sei qual quero ir contigo." eu sentia os olhos dele agora em mim, levantei-me tentando chegar ao teto em bicos dos pés "Levanta-te eu quero mostrar-te" sorri, ele obedeceu ao meu pedido. 

"Aonde me queres levar?" ele sorria tão intensamente que mostrava as suas covas, ele estava tão curioso que os seus olhos verdes brilhavam ainda mais enquanto que viajavam do teto para mim. 

"Equador." ele olhou-me desconfiado enquanto que tentava tocar no mapa "Existe uma pequena casa na arvore num penhasco, apenas subir  aquela montanha vale a pena, mas eu quero ir além disso, presa a arvore existe um baloiço, eu quero andar nele. Não tens segurança nenhuma e se as cordas romperem-se é morte certa, mas eu não tenho medo. Eu quero andar no tal baloiço, quero arriscar a minha vida, quero que venhas comigo e arrisques também. Vens?" olhei para ele esperançosa. Seria fantástico se ele me acompanha-se nesta aventura, quero o ver a andar naquele baloiço, quero-o ver a sorrir como uma criança enquanto que se baloiça num penhasco com mais de dois mil metros de profundidade. 

"Sim." não consegui conter a minha alegria e abracei-o, apertei-o bem contra mim enquanto que o ouvia a soltar algumas gargalhadas e me retribuía o abraço. Não sabia porque é que ele me tinha feito esta surpresa, mas sabia que ele era meu amigo, que nunca tinha encontrado alguém que arrisca-se a sua vida só para ter uma aventura comigo, nunca ninguém me tinha feito uma surpresa destas. Apertei-o não o querendo deixar partir, agora era eu que não queria que ele me escapa-se por entre os dedos.

____

Please vote and comment... thanks (:

Este baloiço é real, ao lado existe uma foto e se quiserem tambem podem pesquisar (:

Made of iceOnde histórias criam vida. Descubra agora